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As muitas histórias que os livros contam
Quando Magna Farias começou a trabalhar com a Coleção Especial da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Biblioteca Henrique Morize, em 2016, a ideia era que os 14 mil itens - entre livros, folhetos, mapas, periódicos e anais de eventos - fossem catalogados para que pudessem ser acessíveis à sociedade. Mas foram tantas as “preciosidades” que a equipe encontrou nas obras, que o trabalho foi revisto e a Coleção ABC se tornou objeto de pesquisa de uma bolsa PCI para recuperar a trajetória histórica da formação deste acervo .
As Marcas de Proveniência - termo utilizado para os itens inesperados que foram encontrados, como cartas dentro das obras, carimbos, assinaturas na primeira página de um livro ou mesmo uma dedicatória - são informações que ajudam a entender a história por trás dos livros. “A partir das marcas de proveniência conseguimos traçar os mais de 100 anos dessa biblioteca”, conta Magna Farias, que é bibliotecária e bolsista PCI nesse projeto desde 2017.
Com a estruturação da pesquisa, foi preciso criar uma metodologia própria para avaliar se havia condições físicas de manuseio das obras e também para registrar as marcas de proveniência encontradas. Nesse sentido, a publicação de artigos sobre a metodologia empregada também permitiu que o modelo usado se tornasse referência par a as demais coleções especiais da BHM e para outras bibliotecas com coleções especiais. A própria conservação e manuseio dessa coleção já foi um desafio, que teve a consultoria do Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos em Papel (Lapel).
Na avaliação da bibliotecária, preservar um acervo como esse é importante pela própria relevância da ABC. “A Academia é uma instituição científica criada em 1916, e seu acervo representa uma das primeiras bibliotecas científicas a serem formadas no R io de Janeiro. Descobrimos por meio da pesquisa, a partir das Marcas de Proveniência, que a coleção foi formada principalmente por meio da doação de bibliotecas pessoais dos acadêmicos. Há doações de grandes nomes, como Arthur Moses, Alberto Childe, Joaquim Sampaio Ferraz, e do próprio Henrique Morize. A partir dessas informações conseguimos entender um pouquinho da própria formação da ciência no Brasil e do pensame nto dos nossos cientistas”, analisa ela.
Magna aproveita o Dia do Bibliotecário para refletir sobre a importância da área na divulgação científica. “A partir da intervenção de um bibliotecário, que é o profissional com conhecimento especializado para tratar a informação, classificar, catalogar e indexar os assuntos presentes, o conjunto de livros toma outro significado e se torna acessível como fonte de pes quisa”, conclui.