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Reflexões do Bicentenário: revisitando o Modernismo
Em fevereiro comemoramos 100 anos da Semana de Arte Moderna, que ocorreu em São Paulo e deu início ao movimento modernista no Brasil. É fundamental lembrar que aquele grupo de artistas fazia parte da elite nacional e o grupo foi financiado pelos lucros da cafeicultura paulista.
Este movimento ultrapassou os limites da literatura, música e artes plásticas e consolidou uma visão do que seria o Brasil e, principalmente, quem seriam os “verdadeiros” brasileiros. Muito de nossa concepção de patrimônio, o que devemos preservar ou descartar vem deste grupo, que com o tempo, foi ocupando cargos decisivos da nossa cultura, como Mario de Andrade no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, atual IPHAN.
Nas ciências sociais a interpretação deles também se fez presente. Os méritos literários de Macunaíma são imensos. Na cultura popular o modernismo foi consagrado enredo de escola de samba e campeão do carnaval carioca. No entanto, o problema é quando tomamos para nós a imagem de país do jeitinho, da preguiça e sem ciência!
Precisamos considerar o esforço de toda uma geração de historiadores da ciência em mostrar que em nosso país havia a prática científica desde a colônia. Logo, esta interpretação que foi se consolidando a partir do modernismo oferece um obstáculo para quem deseja mostrar que a ciência fez e faz parte da formação da nação brasileira.
A razão do Museu de Astronomia e Ciências Afins estar fazendo uma reflexão sobre o modernismo é no intuito de perceber as razões da falta de entendimento de que a ciência também faz parte de nossa história e de que o modernismo trouxe muitos ganhos, mas também problemas para nós que desejamos avançar a cultura científica do Brasil.