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No dia do historiador, conheça a trajetória de Maria Amélia Dantes
A área da História da Ciência é uma das principais linhas de pesquisa do MAST, mas é ainda pouco conhecida, sobretudo pelo público em geral. Para que ela ganhasse relevância, no entanto, nomes como o de Maria Amélia Dantes foram fundamentais. Professora do departamento de física da USP nos anos 1980, ela foi uma das pesquisadoras que migrou para a história e lá inaugurou uma pós-graduação em História da Ciência.
Foi orientadora de inúmeras teses e dissertações na área, inclusive de pesquisadoras do MAST como Christina Barbosa, Marta de Almeida e Heloisa Bertol. Nesse Dia do Historiador, elas falam sobre a contribuição da Maria Amélia para o campo e também para o desenvolvimento dos seus trabalhos.
Heloisa Bertol
Maria Amélia deu ênfase à história social das ciências, deixando uma marca na própria organização da História das Ciências no Brasil. A história que era a dos grandes fatos científicos, passou a ser, na visão que ela adotou, a do processo de produção dos conhecimentos. Essa outra visão que ela trouxe viria valorizar os documentos, tanto aqueles produzidos dentro da área científica, como os que implicam o contexto da produção científica: a política, as relações interinstitucionais, as próprias instituições. Cedo ela se engajou na Sociedade Latinoamericana de História da Ciência e na União Internacional de História das Ciências. Então, nesse movimento da História da Ciência no Brasil, ela foi e é uma personagem marcante. Maria Amélia é uma pessoa muito encantadora também no sentido de deixar os orientandos à vontade, de estimulá-los a produzirem. Eu, por exemplo, o primeiro congresso internacional que participei, foi por causa dela.
Christina Barbosa
Pouco depois que o MAST foi criado, num período em que ela viajava frequentemente ao Rio de Janeiro, inclusive para consultar os ricos - e na época ainda desconhecidos - acervos de ciência e tecnologia da cidade, ela sempre nos visitava, frequentemente acompanhada de algum(a) pesquisador(a), e era uma oportunidade para trocarmos ideias em uma época em que ainda não havia Internet ou redes sociais. Através dessas visitas, Maria Amélia colocou-nos em contato com diversos(as) pesquisadores. Seja como orientadora ou como interlocutora, veio dela o impulso decisivo para o desenvolvimento de pesquisas sobre a história das instituições científicas brasileiras, principalmente no século XIX, o que acabou constituindo uma linha de pesquisas importante na Coordenação de História das Ciências e da Tecnologia do MAST.
Marta de Almeida
Uma dimensão que sempre perpassou nossa relação orientanda - orientadora foi a parceria no desenvolvimento das pesquisas, desde a iniciação científica. O respeito pelas diferenças no grupo heterogêneo que ela coordenava também foi marcante. Muitas temáticas e abordagens metodológicas foram desenvolvidas por estudantes de pós-graduação que hoje se encontram em diversas instituições de pesquisa e ensino, espalhadas pelo país. A perspectiva de valorização das fontes na área de história da ciência (muitas delas inéditas do ponto de vista da análise histórica) e a ênfase nas práticas científicas desenvolvidas sobretudo em nosso país são marcantes nas pesquisas no MAST e vejo isso como um grande legado de Maria Amélia Dantes.