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No Dia dos Povos Indígenas, conheça o acervo digital dos Tikuna no site do MAST
Com uma população de aproximadamente 56 mil pessoas que se espalha na fronteira tríplice entre Peru, Brasil e Colômbia, os índios Tikuna mantêm sua língua materna e suas tradições. Um pouco da história desse povo pode ser vista através do acervo digital de fotos, hospedado no site do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Atualmente, a coleção conta com 386 itens.
A coleção de fotos que faz parte do acervo foi dividida em, basicamente, indumentárias e instrumentos cerimoniais. “São itens usados na festa da moça nova (realizada após a primeira menstruação da chamada moça nova, mas o tempo de preparação da festa é muito variável, dependendo de diferentes fatores como secas, enchentes, quantidade de alimentos para oferecer aos convidados). Para eles essa celebração é muito importante porque eles são reconhecidos e se reconhecem como diferenciados por praticarem esse ritual”, explica a coordenadora do projeto e antropóloga Priscila Faulhaber. Entre os objetos acessíveis pelo site, estão máscaras, bastões e instrumentos musicais.
O site também está sendo reformulado para que seja mais interativo e valorize a perspectiva dos Tikuna. “Apenas as imagens estão disponíveis no site, queremos incluir áudios dos índios que não falam português, além de deixar as informações mais interligadas”, explica Júlia Botelho Pereira, que é bolsista do projeto, museóloga e mestre em divulgação científica. A ideia, assim, é reconhecer o protagonismo dos Tikuna, mostrando sua interpretação sobre os objetos.
Sobre o acervo:
A coleção que hoje está disponível em http://www.mast.br/ticuna/ conta com imagens de objetos dos seguintes museus: Magüta (primeiro museu indígena do Brasil, dedicado aos Tikuna), Museus Nacional, Museu Paraense Emílio Goeldi, Museu do Estado de Pernambuco, Museu Etnográfico do Banco da República da Colômbia, Museu de Etnologia de Berlim e Museu de Etnologia de Viena.
Sobre os objetos que estão em Viena, Priscila Faulhauber contextualiza historicamente esse processo. “Eles foram apropriados em expedições realizadas no começo do século XX pelo viajante Johann Natterer. A autorização para que ele pudesse realizar as expedições está no acervo do Arquivo do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil (CFE), abrigados no acervo do MAST”, finaliza.