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Diversidade Entre os Povos Indígenas
Para a maioria das pessoas, quando se fala em índios sempre vêm à memória danças, artesanato, pescaria, caça, ervas e viver nu, entre outras coisas. Na realidade, não fazemos ideia da enorme diversidade que existe entre os povos indígenas, em sua maneira de viver e lidar com o mundo.
Não é incomum, no dia 19 de abril, depararmo-nos com crianças nas ruas das cidades com o rosto pintado, roupas de franjas e levando a palma da mão à boca para arrancar o famoso som “indígena” ôaôaôaa em evidente alusão a etnias norte-americanas. Clara demonstração de desconhecimento sobre os povos indígenas que habitam o nosso território.
As informações que chegam à sociedade sobre esses povos, provenientes da mídia, desenhos, filmes e livros escolares, não raro, são displicentes e carregadas de significados errôneos e preconceituosos.
A categoria "índio" abrange populações muito diferentes, seja do ponto de vista linguístico, seja do ponto de vista dos costumes. Claro que essas diferenças se refletem em seu saber, em sua cosmologia e Astronomia.
Com foco específico no povo Guarani Mbya, vamos aprender a reconhecer uma de suas constelações que está visível nas noites de outono.
Fonte: As fotos, os mitos e as lendas foram retirados da obra multimídia Arqueoastronomia Brasileira,
confeccionado pelo Professor Doutor Germano B. Afonso, da Universidade do Paraná, especializado
em Astronomia, cultura e mitologia indígena. (Afonso, 2000).
A Constelação do Veado ou Guaxu (fig I) representa o outono para os Guarani. A constelação situa-se em uma área que abrange as seguintes constelações ocidentais: Cruzeiro do Sul, Vela, Mosca e Carina (fig I.a).
Assim que escurece é relativamente fácil achar o Cruzeiro do Sul, que será a referência, olhando o mapa não será difícil de identificar o Guaxu no céu, principalmente se estiver em uma região com pouca iluminação.
I - A Região do céu com a constelação do Veado ou Guaxu para os Guarani Mbya
I.a - A mesma região do céu com as constelações ocidentais.
As constelações dos Guarani Mbya diferem das constelações ocidentais, principalmente, em dois aspectos: o primeiro é que as constelações mais importantes para os ocidentais são aquelas situadas próximas à eclíptica ou zodíaco e aos pólos celestes.
Já para os Guarani Mbya, as constelações mais significativas estão situadas na Via-Láctea.
O segundo é que os desenhos das constelações ocidentais são feitos pela união de estrelas, como naquela brincadeira de ligar os pontos. Para os Guarani Mbya, o que forma os desenhos são as manchas escuras, as manchas claras e a união das estrelas.
Texto:
Omar Martins
Chefe de Serviço de Projetos Educacionais/ COEDU