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Identidade Nacional, Território, Ciência e Nação
Você já se perguntou o que lhe faz se sentir brasileiro ou até mesmo qual o sentimento que lhe remete em ter uma identidade nacional? Podemos atrelar algumas respostas à cultura e ao esporte, mas, já imaginou se, por exemplo, vendessem a Amazônia para outro país? Pensando assim, a reflexão se volta à sua terra de origem, a identificação do brasileiro com o seu território, espaço e fronteiras, voltando essa questão ao sentimento de pertencimento. E as estrelas foram fundamentais para que esta imensa terra fosse desenhada, traçada e criada para se tornar a nossa pátria. Mas, se falamos em estrelas, devemos sempre lembrar da ciência que se dedica ao estudo dos corpos celestes: a astronomia.
Fundamental para o estabelecimento das fronteiras do Brasil, a astronomia teve um papel importante na elaboração da cartografia do nosso território. Buscando reunir um conteúdo interativo para contar um pouco mais sobre essa história, a pesquisadora do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), Moema Vergara , idealizou o projeto Território, Ciência e Nação e disponibilizou todos os resultados de seus estudos na internet. O site, disponível por meio do endereço http://portaltcn.com.br , reúne um rico material sobre as viagens de astrônomos pelo território nacional. O conteúdo aborda a relação da cartografia no processo de formação do país e análises sobre como determinados símbolos, a exemplo do mapa nacional, mobilizaram conhecimentos científicos, como a cartografia e a geodesia. Além disso, traz também toda produção científica entre os anos de 1870-1930, tais como a descrição da natureza e os estudos sobre recursos naturais.
“O resultado do nosso projeto está na Exposição Olhar o Céu, Medir a Terra , em artigos publicados em revistas científicas e na consolidação de um campo ainda pouco explorado pelos historiadores brasileiros, voltada para a prática da astronomia ligada, não só aos grandes descobrimentos, mas para uma atividade cotidiana e fundamental de configuração que nós brasileiros valorizamos tanto, o território nacional. Outro aspecto importante é estabelecer um diálogo com a história da cartografia, pois não se faz mapa sem astronomia”, destacou a pesquisadora.
O site do Território, Ciência e Nação disponibiliza um conteúdo de forma interativa, onde é possível navegar por um mapa de conteúdos para conhecer, por exemplo, a viagem de Franz Keller à Amazônia, a constituição do território baiano citando a Caatinga, além de arquivos contando a história do semiárido e sertão, do processo de delimitação das fronteiras entre Brasil e Argentina, e dos sistemas de fusos horários para a Hora Legal Brasileira. A página também ensina, de maneira criativa, os elementos necessários para se produzir um mapa. E pensando em disseminar ainda mais os resultados pesquisados, o projeto criou sua página no Facebook e também seu canal no Youtube , onde mantém entrevistas e palestras realizadas pela Coordenação de História da Ciência e Tecnologia do MAST.
“No Brasil, quem financia a ciência é o Estado. Em outras palavras: o povo brasileiro. É nossa obrigação mostrarmos para a sociedade o que fazemos com este recurso. O site é para isso e, também, para saber o que o público pensa de nossa produção. Por isso a importância das redes sociais, pois além de falarmos para os especialistas, nossos pares, também precisamos levar o conteúdo para toda a sociedade”, destacou Moema, que também afirmou que está investindo na criação de games e convidando outros pesquisadores para publicar no Portal.
A pesquisadora reforça ainda que é preciso refletir o que é a nossa Nação, pensando no que foi feito até agora e o que se deseja para o futuro: “O lugar do MAST neste debate é fundamental, pois tanto no passado como no presente, não há cultura brasileira sem ciência, o que nem sempre fica claro para o público. Pensamos que somos o país do samba, carnaval e futebol, mas somos muito mais do que isso.”, concluiu.
Alguns instrumentos científicos utilizados nos trabalhos de demarcação e que são destacados pelo projeto, fazem parte do acervo do MAST e estão disponíveis para apreciação do público na
Exposição Olhar o Céu, Medir a Terra
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