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Um dia de homenagens a Ronaldo Mourão
Na manhã desta segunda-feira (25), o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) realizou a formalização da Doação de Acervo de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão e a Nomeação do Prédio Ronaldo Mourão , astrônomo fundador do MAST. Antes da assinatura do termo de doação, feita pela filha do homenageado, Camila Mourão, no Auditório Emmanuel Liais do Observatório Nacional, houve uma breve cerimônia com as presenças de Cesar Augusto Rodrigues do Carmo , Coordenador-Geral das Unidades de Pesquisa do MCTIC – representando o Ministro Marcos Pontes –; de Anelise Pacheco , Diretora do MAST; de João dos Anjos , Diretor do Observatório Nacional, de Rundsthen Vasques de Nader , Vice-Diretor Astrônomo do Observatório do Valongo; de Júlia Mourão , neta do homenageado, e de Maria Celina de Melo e Silva , arquivista da Coordenação de Documentação e Arquivo do MAST, que teve atuação fundamental para que a doação fosse realizada. Também prestigiaram a cerimônia, Vívian Beatriz Lopes Pires , Coordenadora de Gestão de Unidades de Pesquisa do MCTIC; Marcelo Viana , Diretor-Geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA); Fernando Antonio Freitas Lins , Diretor do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), além de servidores do MAST e de Alexandre Soares ex-genro de Ronaldo e marido de Camila Mourão.
O pronunciamento inicial foi de Maria Celina, que desde 2006 realizou a catalogação das primeiras peças da coleção (correspondências com outros cientistas), também constituída de artigos científicos, livros e artigos sobre astronomia publicados no Jornal do Brasil e em O Globo, entre outros documentos. "O Mourão tinha uma sensibilidade muito forte para a preservação de acervos e da história da ciência. E o MAST tem uma ligação umbilical com o Mourão, que fundou o Museu. Infelizmente, ele faleceu antes de assinar o termo de doação. Agradeço à família pelo gesto generoso", disse ela.
Maria Celina e Júlia Mourão
Na sequência, a palavra passou para Júlia Mourão, neta do homenageado. Em um depoimento afetivo e emocionante, ela contou que o interesse de Ronaldo pela Astronomia foi despertado pela mãe dele e sua bisavó, Dolores Machado Mourão, que descrevia para ele a experiência de ter visto o cometa Halley em 1910. Segundo Júlia, o avó já tinha decidido a ser astrônomo desde os 7 anos de idade. "É no intuito de passar para os jovens cientistas o conhecimento do Mourão, que fazemos a doação da coleção dele; para que novos Ronaldos Mourões apareçam", afirmou ela, lembrando da morte do avô, em julho de 2014, com uma analogia ao surgimento de uma supernova (corpo celeste originado depois da explosão de uma estrela gigante vermelha e com brilho ultra intenso): "Quando ele morreu, tudo dele se espalhou".
A fala seguinte foi do professor Rundsthen de Nader, do Observatório do Valongo, contando que Mourão já publicava artigos científicos com 17 anos de idade, na revista Ciência Popular , em 1952. "A essência do Mourão era a divulgação da ciência e ele difundia isso entre nós. Nunca foi fácil. Esta atividade sofria muito preconceito e dizia-se, antigamente, que 'quem não servia para fazer pesquisa, fazia divulgação científica '", recordou Rundsthen, que também ficou comovido e exibiu aos presentes uma carta de Mourão, escrita em 1974, em que o cientista o incentivou a criar um clube de astronomia com outros dois amigos.
Professores Rundsthen e João dos Anjos
O professor João dos Anjos, Diretor do Observatório Nacional, contou que conheceu Mourão por intermédio do ex-diretor do ON Jacques Danon no começo dos anos 1980, quando ele morava numa casa dentro do Campus ON/MAST. "Mourão foi o maior divulgador da ciência no Brasil, com mais de 90 livros publicados", enfatizou. João emocionou a todos ao compartilhar, ao microfone, o trecho de um depoimento de Mourão, para justificar o porquê do interesse dele em fundar o MAST. "Eu percebi que os arquivos dos cientistas eram relegados ao segundo plano. Eu encontrava somente nos sebos (de livrarias) cadernos com observações e artigos de cientistas de várias áreas, não só de Astronomia. Foi depois de uma visita à Casa de Ruy Barbosa que constatei a necessidade de preservar os arquivos científicos. Sem ciência e tecnologia, não tem como haver desenvolvimento de um país", declarou Mourão.
Coordenador-Geral César do Carmo e Diretora Anelise Pacheco
Diretora do MAST, Anelise Pacheco contou que logo que assumiu o cargo, no início de 2018, foi procurada pela arquivista Maria Celina, que falou sobre a importância de concluir as negociações com a família Mourão para a doação da coleção. "Não foi fácil, mas estamos com muita alegria a doação deste acervo. Uma característica forte do Mourão também era o pioneirismo: levemos em conta que no fim dos anos 60 foi inaugurado o museu Exploratorium, em São Francisco; em 1986 foi inaugurada a Cidade das Ciências, no Parc de la Villette (maior museu científico da Europa, em Paris) e o MAST foi inaugurado em 1985", destacou Anelise.
Camila Mourão e assinatura do termo de doação
Antes da assinatura do termo de doação, a cerimônia foi encerrada com a fala do Coordenador-Geral das Unidades de Pesquisa do MCTIC, Cesar do Carmo. "É um momento muito marcante receber este acervo. Tive o privilégio de conhecer o Mourão na época da criação desta Unidade de Pesquisa e via o grande entusiasmo dele. Parabéns a Anelise Pacheco e a todos que trabalharam para esta realização", afirmou.
Nomeação do Prédio Ronaldo Mourão
Após a cerimônia, os presentes foram convidados a se dirigir à entrada do antigo Prédio Anexo do MAST, para descerrar a placa que renomeia o edifício inaugurado em 2010 como Prédio Ronaldo Mourão, em retribuição ao gesto generoso da família em doar o acervo.
Na mesma manhã também foi lançado o WebApp MAST , dispositivo que permite localizar rapidamente os 19 prédios e equipamentos espalhados pelo Campus, além de exibir pequenos históricos sobre as edificações, exposições e programação de atividades. O MAST é a segunda instituição no Rio de Janeiro a disponibilizar este webapp desenvolvido pelo estúdio SuperUber.