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3º Encontro de Professores do Projeto Olhai pro Céu
Durante os dias 11 a 14 de novembro de 2019, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) realizou o 3º Encontro de Professores do Projeto Olhai pro Céu. A iniciativa contou com a participação de 20 professores da rede pública do Município e do Estado, formados em diversas áreas, desde História até Física, e a contribuição de 7 pesquisadores e profissionais do ensino e da divulgação da Astronomia.
“Este evento foi concebido há vários anos como um espaço de encontro e reflexão conjunta sobre práticas educativas e, particularmente, para ver o impacto de ações como o Projeto Olhai pro Céu”, afirma Vladímir Jearim Pena Suárez, pesquisador da Coordenação de Educação em Ciências do MAST e organizador do encontro.
No evento acadêmico foram desenvolvidos dois cursos de 8 horas de duração cada. O primeiro curso Desafios e oportunidades na divulgação da Astronomia , ministrado pelo Prof. Marcelo Fernandes , presidente da Rede Rio Astronomia, permitiu aos professores refletir sobre a abordagem do seu papel como divulgadores da Astronomia, tanto na escola como fora dela. Neste módulo, foi destacado como é necessária uma divulgação da ciência comprometida com a qualidade e com a criatividade neste tempo onde qualquer pessoa desenvolve conteúdos online e, muitas vezes, sem cuidar da veracidade das informações que são repassadas. Ao longo do curso, foi destacado a importância em se mirar diferentes enfoques para facilitar o diálogo entre o cidadão comum e o cientista.
O segundo curso trouxe o tema Ensaios e estrategias para a produção de atividades de ensino de Astronomia , e foi ministrado pelo Dr. Marcos Longhini , pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia. Os participantes tiveram a oportunidade de desenvolver oficinas educativas de Astronomia, inicialmente confeccionando modelos a escala dos planetas do Sistema Solar, e um modelo da distribuição das galáxias e da matéria do Universo em um espaço de 1m³. Posteriormente os professores formularam propostas de oficinas de Astronomia aplicáveis à realidade das suas escolas. As oficinas foram um estímulo eficaz para os alunos se aproximarem de conceitos científicos, assim como para propiciar discussões argumentadas sobre temas específicos, incentivando diversas metodologias de trabalho. Tais oficinas buscaram conjugar a maior simplicidade de elaboração com o uso de materiais de baixo custo para facilitar sua montagem, atentando a realidade da maioria de escolas públicas.
“Há muitos dispositivos tecnológicos interessantes para ser apresentados nas escolas, mas são muito poucas as que têm condição para ter tais equipamentos e usá-los nas salas de aula”, comentou um dos participantes.
Houve também a contribuição de 5 palestrantes que compartilharam olhares diversos e inclusivos com os participantes. A experiência de misturar Arte, Ciência e Tecnologia, desenvolvida pelo projeto Silo Arte e Latitude Rural , liderado pela artista Me. Cintia Mendonça, trouxe as experiências dos educadores que contribuíram com a expansão da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), apresentada pelos Drs. Josina Nascimento e Eugénio Reis, pesquisadores do Observatório Nacional (ON). A Dra. Alba Lívia Bozi, responsável pela comunicação do ON, apresentou a importância de se discutir sobre a comunicação da ciência nas escolas, e também como é fundamental identificar o que são as “fakenews” científicas.
Uma das palestras mais emotivas foi ministrada pela Dra. Silvia Lorenz , pesquisadora do Observatório do Valongo (UFRJ), que apresentou a experiência da confecção de materiais de ensino de Astronomia destinados a pessoas cegas e de baixa visão, que foram adotados pelo Instituto Benjamim Constant. A última palestra do evento foi ministrada pelo Dr. Walmir Cardoso , Gerente de Conteúdo da TV Escola e especialista em Astronomia nas Culturas, que mostrou aos professores o valor de levar diferentes perspectivas culturais da Astronomia para a sala de aula.
Na dia 14, os participantes tiveram a oportunidade de apresentar contribuições curtas sobre projetos educativos de Astronomia que estão em andamento em diferentes escolas do Rio. Foi destacada a participação dos professores Jefferson de Carvalho e Wilmar da Silva , do Colégio Estadual Carlos Pereira Guimarães Filho, que funciona em Japerí, atendendo população penitenciária, que mostraram diferentes iniciativas sobre como motivar nesta população o aprendizado das ciências nas condições rígidas da privação da liberdade. Outro destaque foi a participação do professor Milton Vasconcelos , da Escola Municipal João Brazil de Niterói, responsável por liderar o Clube de Astronomia Leonardo da Vinci de São Gonçalo, uma iniciativa de popularização da Astronomia que oferece aos moradores desta região uma oportunidade única de contato com esta ciência e com a tecnologia espacial.
Outra das contribuições foi a do professor Gustavo Pinheiro , do IFRJ Maracanã, parceiro do MAST através do Projeto Olhai pro Céu, criador de um grupo de Astronomia na sua instituição ao receber em doação um telescópio refrator, e salienta e prepara seus alunos para participar na OBA. Vários outros projetos foram socializados, como o resgate do valor das contribuições de povos ancestrais africanos no ensino da Matemática, liderado pelo professor Ney Coelho , do Instituto Carmela Dutra de Madureira; a montagem interdisciplinar da exposição “O olhar curvo do espaço” do professor Sandro Fernandes , do Colégio Pedro II (São Cristóvão), relativa ao eclipse de Sobral, ou a iniciativa de Ciência Cidadã de identificação de planetas extrassolares, liderada pelo professor Sandro dos Santos , da Escola Técnica Estadual de Santa Cruz.
A qualidade das contribuições apresentadas, a criatividade, a motivação e o nível das discussões levantadas entre os participantes permitem destacar o impacto positivo de ações educativas como o Projeto Olhai pro Céu, liderado pela Coordenação de Educação em Ciências do MAST, que enriquece as possibilidades da relação entre o ensino não formal, representado pelos museus de ciência e tecnologia, e o ensino formal, representado pelas instituições escolares. A realização deste encontro foi possível graças aos recursos recebidos de dois editais internacionais do Office of Astronomy for Development – International Astronomical Union (OAD – IAU) e do PLOAD, o capítulo para países lusófonos do OAD.