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Causas da crise no Rio de Janeiro em debate
Uma verdadeira aula de História e política. Quem participou da palestra A crise do Rio: nossos dilemas são brasileiros , promovida pelo grupo de pesquisa Território, Ciência e Nação , do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), no último dia 25/04, no auditório do prédio sede do Museu, pôde conhecer e entender melhor os principais atores e fatos que levaram o Estado à atual situação de calamidade.
Ministrada pelo professor e Cientista Político Luiz Carlos Ramiro Junior , a palestra apresentou um porquê do colapso político que tange as dimensões institucional, econômica, social, e, marcadamente, de segurança pública do Estado, que culminou com o pedido de intervenção federal. O encontro também apontou os fatores que diferenciam a crise do Rio de Janeiro das demais regiões do país.
Moema Vergara , coordenadora do grupo de pesquisa Território, Ciência e Nação, ressaltou a importância da realização do debate na conjuntura atual: ”É essencial que o público também identifique o MAST como um lugar de reflexão para questões que nos atingem no cotidiano, sem deixar de cumprir nossa missão institucional. Ao estudar a história da ciência vemos que momentos de crise do passado também conformaram as práticas científicas, como a Revolução Francesa, Revolução Industrial e a Reforma Protestante. O que estamos fazendo agora é ver estas relações do contexto e seu impacto nos estudos sociais da ciência na atualidade”, explicou a pesquisadora.
Durante o debate, o professor comentou que a noção de crise, decadência e falência são tônicas comuns ao carioca. A população vive de surtos de “melhora”, da noção do “agora vai”, como foi na era do governador Sérgio Cabral, ou mesmo no início do governo Garotinho, e possivelmente "lá atrás com a esperança no Brizola, em1982". Segundo Luiz Carlos Ramiro, o fato é que não é normal a permanência dessas noções de crise tendo em vista o potencial do lugar, a riqueza da região, além do ambiente científico e universitário do Rio de Janeiro.
Para o Cientista Político, são diversos os motivos que fizeram o Estado chegar à essa situação caótica. A corrupção, o loteamento das instituições públicas, o mau uso das verbas, o descuido com a “coisa pública”, os maus governos, etc. Além disso, ele cita o fato do Rio de Janeiro ter deixado de ser capital-federal e jamais ter conseguido se reorganizar para um estadualismo, o que se agravou com a fusão (1974-1975) entre a Guanabara e o antigo Estado, cuja capital era Niterói.
Ao final do encontro, Luiz Carlos Ramiro Junior explicou como a população carioca pode contribuir para reverter o cenário atual: "É preciso acordar. Há uma espécie de alienação gritante no povo carioca, e inclusive por conta da cidade ser muito bonita, de ser agradável, de ser marcada por festas, danças e alegrias. É curioso, tudo desmoronando e as pessoas preocupadas primordialmente com anseios ideológicos alienígenas. É fundamental perceber a origem do problema, e como é necessária a readequação federativa do Rio. A intervenção federal abriu uma porta para esse debate, então, é preciso embarcar nessa discussão e avaliar as oportunidades que podem surgir", concluiu o professor.