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Um dia de celebração para a educação museal
Jamais se deve agir sem crer. E, uma vez crendo, nunca deixar de agir. Esse era o lema de Edgard Roquette Pinto, pioneiro na educação e divulgação científica no Brasil. E foi ele que, em 1927, criou a Seção de Assistência ao Ensino (SAE), setor educativo do Museu Nacional (MN) que completou 90 anos este mês. E para celebrar essa data, o auditório do MN recebeu uma série de debates sobre a trajetória da educação museal e mesas-redondas abordando as perspectivas futuras sobre a dimensão educativa nos museus. O evento, realizado no dia 16 de outubro, também marcou o lançamento do livro "Crianças no Museu: Mediação, Acessibilidade e Inclusão", organizada por profissionais dos museus que compõe o projeto Museu de Ideias (Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), Museu Casa de Rui Barbosa e Museus Castro Maya, Museu Nacional e do Museu da Vida, da Fundação Oswaldo Cruz), publicação composta por 7 artigos que abordam questões relacionadas ao público infantil nos museus.
A mesa-redonda de maior destaque homenageou Roquete Pinto. Um dos convidados foi jornalista Claudio Bojunga, autor da biografia "Roquette-Pinto — o corpo a corpo com o Brasil", e palestrou sobre os destaques da publicação sobre o seu avô."A trajetória de Roquete Pinto pode ser definida como “democratização dos saberes”, pois ele conseguiu criar uma linguagem de fácil acesso para a educação, a divulgação da ciência, a popularização da cultura, a disseminação do patriotismo e do amor ao país", afirmou o jornalista. "Ele era um homem de ação. Um intelectual sim, mas não um contemplativo, pois foi um homem que queria sempre usar suas mãos para criar coisas novas. Esse impulso nunca o abandonou desde o início.", concluiu.
Ao final do evento, foi realizada uma cerimônia para homenagear funcionários que passaram a vida profissional se dedicando ao desenvolvimento de ações educativas e científicas em museus. Sibele Cazelli e Douglas Falcão, pesquisadores da Coordenação de Educação e Ciências do MAST, preparam uma surpresa com slideshow e vídeo destacando a trajetória de Maria Esther Valente e Ronaldo de Almeida, servidores aposentados, que contribuíram para a criação de inúmeras atividades voltadas à educação e ciência no museu.
"Fiquei emocionada em ser homenageada numa comemoração de 90 anos de um setor educativo, que celebra Roquette Pinto, uma referência para mim. Em minha dissertação, inclusive, eu o cito, quando ele quis mudar o museu, após observar que ele não se adequava às crianças e ao público. Era preciso adaptar para que todos pudessem se apropriar e interagir com a exposição", declarou Esther.
Ronaldo, outro homenageado, é conhecido por ser uma espécie de 'camelô da ciência' devido às inúmeras criações desenvolvidas para tornar o MAST um ambiente interativo, com brincadeiras para aproximar o público da ciência, "Às vezes a gente quer fazer algo, mas não sabe como vai funcionar. Eu ficava pensando num tema, de repente aparecia uma ideia... Agradeço por toda homenagem, mas lembro que a gente nunca viaja sozinho nesta vida e eu tive muitos companheiros que me ajudaram nessa trajetória", afirmou.