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MAST e IPHAN: cooperação para preservar o acervo Heloisa Alberto Torres
Os documentos que fazem parte da coleção da Casa de Cultura Heloisa Alberto Torres, instalada em Itaboraí (RJ), chegam na próxima semana ao MAST, onde serão submetidos a processos de higienização, organização, digitalização, e disponibilizados ao público. Estes são os objetivos do Termo de Cooperação Técnica que foi assinado no último dia 28, entre o MAST e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a quem pertence o acervo.
Impressos, fotos e documentos escritos pela cientista que teve presença marcante no cenário antropológico brasileiro na primeira metade do século XX, por sua irmã Marieta e pelo pai, Alberto Torres, compõem esta coleção pessoal que hoje se encontra na casa onde viveram as duas irmãs e que foi por elas doada ao IPHAN em 1985.
"Nosso trabalho vai resultar na preservação e na acessibilidade desses documentos, que serão colocados em nossa base de dados Zenith, e assim todo o público poderá conhecer a importância da atuação da antropóloga Heloisa Alberto Torres, que já em 1930 se tornava conhecida internacionalmente por suas pesquisas sobre a cerâmica marajoara. Entre 1938 e 1955, ela dirigiu o Museu Nacional, entidade que àquela época desempenhava um papel decisivo no desenvolvimento das ciências naturais e da política das ciências no Brasil", afirmou a diretora do MAST, Heloisa Bertol Domingues.
Enquanto esteve à frente do Museu Nacional, a cientista Heloísa Alberto Torres incentivou o intercâmbio de pesquisadores estrangeiros, fazendo com que a entidade se tornasse um centro de referência e criou um programa institucional para o treinamento de estudantes pesquisadores.
Ela também participou ativamente do Instituto Internacional da Hiléia Amazônica, projeto financiado pela UNESCO, que tinha como finalidades conhecer as riquezas naturais e promover a integração cultural da região amazônica. O projeto produziu uma série de estudos científicos amplamente divulgados, e, depois de muitas discussões políticas em torno de suas finalidades,foi extinto.
A cientista também se envolveu na criação e gestão do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (hoje IPHAN) e na organização de outras instituições, como o Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil e o Conselho Nacional de Proteção aos Índios (hoje FUNAI).
De acordo com diagnóstico realizado por especialistas do Museu, o acervo Heloisa Alberto Torres poderia se perder se nada fosse feito neste momento. "Esta coleção é de grande interesse para o MAST porque ela se relaciona com o acervo do Conselho de Fiscalização de Expedições Artísticas e Científicas que temos aqui", afirmou Márcio Rangel, coordenador de Arquivo e Documentação da entidade. Ele calcula que em três anos o trabalho estará concluído e todos os documentos disponíveis ao público.
Legenda: Da esquerda: Lévi-Strauss, Ruth Landes, Charles Wagley, D. Heloisa, Castro Faria, Raimundo Lopes, Edison Carneiro.