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MAST levou ciência a mais de 2.500 fora de seus muros
Astronomia com carne seca e aipim? Aparentemente, não há nenhuma relação entre esses elementos! No entanto, a mistura deu super certo quando o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) levou seus aparatos de ciência para o Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas – a Feira de São Cristóvão –, no Rio de Janeiro, onde promoveu pela primeira vez o Museu vai à Feira.
Nos dias 30 de novembro, 1º e 2 de dezembro, cerca de 2.700 visitantes da Feira de São Cristóvão se surpreenderam com telescópios, uma cúpula inflável e vários aparatos de ciência bem na entrada do local. Quem quisesse observar o Sol poderia fazê-lo de várias maneiras.
À disposição dos visitantes estavam dois instrumentos científicos e algumas lâminas que barram as radiações nocivas aos olhos, denominadas Vidro de Soldador. No moderno telescópio Celestron, vinha acoplado um filtro adaptado para observação do Sol. Já o telescópio P.S.T., próprio para esse tipo de observação, permitia aos visitantes uma imagem mais real do nosso astro-rei, sendo possível, inclusive, a visualização de manchas solares e de explosões que ocorrem no Sol.
“Observar o Sol pelo telescópio me ensinou muitas coisas. Eu não tinha conhecimento que no próprio Sol tínhamos variação de temperatura. Feiras como essas facilitam os nossos estudos e fazem a nossa nota melhorar” – explicou Gabriel Farias, estudante do 7º ano da Escola Municipal Gonçalves Dias.
Diante dos experimentos de ilusão de ótica, o mediador do MAST Alberto Alves, doutorando em Astrofísica, explicava as curiosidades das tonalidades de cores, o desenvolvimento de filmes de animação e os efeitos de imagem nos espelhos côncavos e convexos. A magia apresentada por Alberto era, em seguida, decifrada com o princípio científico envolvido no efeito.
“Mostrar o que é mágico chama a atenção das crianças, que após a apresentação descobrem a ciência por traz do experimento. Isso é o mais importante em evento como esse: despertar, desde cedo, o interesse” – afirmou a engenheira Heloisa Siqueira, que estava a passeio na Feira de São Cristóvão com a mãe.
A oficina Jogos Lógicos foi outro destaque do Museu vai à Feira. Quebra-cabeças com peças geométricas, cubo mágico, um jogo da velha em três dimensões, entre outros, desafiaram o raciocínio do estudante Leonardo Tavares Tomaz, que se divertiu com o Passa-Passa: “Eu tenho um monte de jogos em casa, mas isso aqui é diferente. É legal porque quanto mais difícil, mais eu quero tentar” – brincou.
Maria Vitória, graduanda de Física e bolsista do MAST, esclareceu que o objetivo dos jogos de lógica e estratégia é estimular crianças, adolescentes e adultos a buscarem o raciocínio, mesmo que não cheguem, necessariamente, ao resultado final. “Os objetos da oficina são aparatos que testam a paciência dos usuários, a habilidade de concentração, o raciocínio lógico e a noção de geometria. Com esses experimentos, as pessoas se divertem e aprendem” – avaliou.
O MAST também despertou a atenção dos visitantes da Feira com as atividades do Brincando com a Ciência. Durante os três dias de realização do evento, o Museu instigou e encantou o público com invenções construídas com objetos domésticos – como isopor, latas e demais acessórios baratos e fáceis de encontrar –, que demonstravam fenômenos de ordem mecânica, ótica e sonora. Entre eles, os pêndulos dançarinos, que aparentemente se movem sozinhos ao mesmo tempo em que revelam os princípios físicos de velocidade e de frequência.
“O Brincando com a Ciência é uma atividade cuja missão principal é despertar o interesse em ciência, não é exatamente ensinar. Se o aprendizado vier, será um bônus. O que realmente queremos é mostrar a ciência de uma forma bastante acessível e sem mistério. Por isso, utilizamos sempre material de uso doméstico, que todos conhecem” – declarou Ronaldo de Almeida, pesquisador do MAST e criador da atividade.
Dentro da tenda do MAST na Feira, o Planetário Digital foi uma das atrações mais concorridas. Dentro de uma cúpula inflável, os participantes puderam assistir, pela primeira vez, à simulação da formação do universo. “A sensação que tive é que estava bem perto das estrelas. Eu já tinha pensado algumas vezes sobre a criação do universo e nessa oportunidade, foram tiradas todas as minhas dúvidas” – justificou Maria Yasmin, estudante do 7º ano da Escola Municipal Gonçalves Dias.
A Feira foi ao Museu
Na entrada principal da Feira de São Cristóvão, além da tenda do MAST havia transportes coletivos à disposição dos visitantes para levá-los a um passeio ao Museu, onde poderiam conhecer as exposições e fazer observação do céu.
“É a primeira vez que eu venho ao Museu de Astronomia e fiquei encantado com tudo. Fui às exposições, conheci os instrumentos científicos e achei muito interessante, porque eu amo esse universo. Tanto que quero ser astrônomo quando crescer, para viver a vida pesquisando sobre os planetas, principalmente a Terra” – enfatizou o pequeno Thales, de 10 anos.
O advogado e policial Moisés de Moraes da Silva também ficou impressionado com o acervo do MAST e com as atividades de popularização da ciência que o Museu promove. “Foi ótimo ter visitado o Museu e visto os instrumentos científicos históricos. Fiquei pensando como antigamente as pessoas conseguiam navegar e fazer várias aventuras científicas tendo posse de instrumentos que hoje consideramos tão rudimentares. É bom analisar o avanço da tecnologia e dar valor à sua história” – afirmou acompanhado pela esposa e pelo filho de seis anos.