Notícias
PONTO MEMÓRIA: MODELANDO HISTÓRIAS
No próximo dia 28 de junho, o livro MODELANDO HISTÓRIAS, MAIS DE QUATRO DÉCADAS DO LABORATÓRIO NACIONAL DE COMPUTAÇÃO CIENTÍFICA será lançado na sede do LNCC, em Petrópolis. O livro é uma iniciativa do seu Centro de Memória e traz pela primeira vez, o registro histórico desse instituto de pesquisa do MCTI, trajetória que se confunde com a própria história da computação científica e da modelagem computacional no Brasil.
Seu lançamento acontece na solenidade de comemoração do 43º aniversário de fundação do LNCC e 25 anos de sua chegada à cidade de Petrópolis, momento em que a instituição irá debater com a Ministra Luciana Santos, seus ex-diretores e atual gestão, sobre seu Passado e Futuro.
Financiado pela Faperj, o livro Modelando Histórias foi organizado pela servidora Simone Elias e conta com capítulos escritos pelos ex-diretores da instituição - Antônio Cesar Olinto, Abimael Loula, Pedro Leite Dias e Augusto Gadelha - e depoimentos de dezesseis parceiros de pesquisa, desenvolvimento e inovação. O livro é dedicado ao seu ex-diretor Marco Antonio Raupp (1938-2021), também homenageado em um capítulo biográfico.
A versão impressa e e-book do livro, doados ao LNCC, serão divulgados no próximo dia 28, mas vamos oferecer aqui, desde já, uma breve pincelada de seu conteúdo...
O livro começa com a narrativa da Gênese do LNCC, segundo Antônio Cesar Olinto, fundador e diretor do LNCC por vinte anos. Para ele, aquele pequeno grupo de jovens pesquisadores reunidos no Laboratório de Cálculo do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, jamais poderia imaginar os frutos gerados em quarenta anos, das sementes que plantaram. Professor Olinto descreve a origem da formação do grupo até a sua transferência para a cidade de Petrópolis, quando um novo capítulo se revelou para a instituição.
Sua fala é seguida do relato de Jerson Lima Silva, Presidente da Faperj, que descreve o livro como uma coletânea de relatos apaixonantes sobre a criação do LNCC e o fortalecimento de sua missão de Estado, em abrigar e cooperar em projetos nacionais e internacionais, cobrindo da genômica à astrofísica, da telemedicina à inteligência artificial e computação quântica.
É este compromisso nacional do LNCC, que segundo Lindolpho de Carvalho Dias, o define como um centro de pesquisa de qualidade. Prof. Lindolpho era diretor do CNPq à época da criação do laboratório e acompanhou atentamente sua trajetória nos últimos 40 anos, validando sua consolidação como instituto nacional.
Temos então, o relato enfático do físico Alberto Santoro, ao descrever a primeira conexão de internet do Brasil (pela Rede Bitnet) realizada entre o Rio de Janeiro e Maryland, feito histórico realizado pelo LNCC e pouco conhecido da sociedade. Para Prof. Santoro, o LNCC traz em si, esta conquista inédita (até então) e precisa ocupar este lugar na história da ciência nacional.
Para Maria Isabel de Sá Earp Chaves, reitora da UniFase - Centro Universitário de Medicina de Petrópolis, a chegada do LNCC à região serrana, viabilizou a integração entre projetos de desenvolvimento local e regional, proporcionando troca de saberes, qualificação e formação de pessoas e de pesquisadores. Grande apoiadora do Movimento Petrópolis Cidade Universitária, a Profa. Isabel acredita no LNCC como mais um indutor do projeto, com seus talentos e potencialidades, trabalhando na redução das desigualdades e do acesso da população aos bens sociais.
Ao abordar o tema sobre indução de desenvolvimento, temos o capítulo sobre o pioneirismo de Marco Antonio Raupp, escrito por Simone Elias, que conta a trajetória científica do pesquisador e idealizador de políticas públicas. Para a autora, Raupp era uma pessoa convicta de que o país poderia crescer economicamente, incluindo os setores mais prejudicados da sociedade brasileira, tendo o conhecimento científico como agente indutor da economia, sociedade e meio ambiente.
Em novo depoimento, Carlos A. de Moura nos presenteia com um relato bem-humorado e preciso do nascimento do grupo que iria criar o LNCC, no final da década de 1970. Em sua Crônica para umas tantas surpresas, Moura nos conta do tempo em que as cartas eram escritas à mão e destaca que a parceria era o componente que dava liga aos projetos do grupo.
O depoimento de Ana Hoffman, que foi gestora do movimento Petrópolis-Tecnópolis na região, reforça o papel da colaboração como base para o desenvolvimento. Segundo ela, foi fundamental em sua trajetória profissional, ter presenciado a atuação dos pesquisadores e tecnologistas do LNCC, assim como tantos outros PhDs, no diálogo com alunos, estagiários, empresários e membros da comunidade local, para não somente compartilhar seu conhecimento, mas humildemente aprender com a experiência de todos – receita certeira para construção coletiva.
O espírito colaborativo também é destaque no depoimento do pesquisador Rubens Sampaio que, ao descrever suas memórias e a relação do LNCC com a SBMAC, avalia que a origem do LCC (mesmo antes de ser um laboratório nacional) foi bem-sucedida por estar bem à frente de sua época e ajudar a comunidade científica nacional a fazer uma melhor ciência.
Um capítulo muito rico foi escrito pelo ex-diretor Abimael Dourado Loula, onde reafirma o papel pioneiro do LNCC na origem da Computação Científica no Brasil, fundamental para a consolidação da área de Modelagem Computacional interdisciplinar. Para o Prof. Abimael, o LNCC foi e continuará sendo um facilitador do diálogo entre as distintas áreas do conhecimento associadas à computação científica. Seu texto é uma aula sobre a competência da ciência brasileira.
O depoimento de Marco Antonio Gutierrez, aborda a excelência de uma importante área do LNCC, a computação científica aplicada à medicina. Dr. Gutierrez destaca o papel do pesquisador Raúl Antonino Feijóo e seu esforço em reunir dezenas de laboratórios de pesquisa para constituição do Instituto Nacionais de Ciência e Tecnologia em Medicina Assistida por Computação Científica (MACC), sendo eleito em 1º lugar nacional no mérito técnico-científico, em 2016.
Ter pesquisa, inovação, coordenação de projetos e docência em um só lugar, segundo Mariza Ferro, torna o LNCC um centro de pesquisa diferenciado, algo como, uma combinação de formação básica sólida, tradicional e ao mesmo tempo com um toque de modernidade. Mariza colaborou com o grupo de Computação Cientifica Distribuída (ComCiDis) e com o passar do tempo foi se encantando com o ambiente de pesquisa multidisciplinar, o que definiu sua trajetória acadêmica.
São exatamente as múltiplas facetas do LNCC, que Luiz Bevilacqua descreve em seu depoimento, ao citar a presença contínua do laboratório em sua vida profissional. No texto, Prof. Bevilacqua fala da trajetória da modelagem matemática computacional com aplicações em áreas do conhecimento como engenharia de petróleo, dinâmica de fluidos, hemodinâmica, dinâmica populacional, modelagem ambiental, biologia, sistemas e controle – relato importante para compreensão da transdisciplinaridade da ciência brasileira.
No período de 2007 a 2015, o LNCC foi dirigido por Pedro Leite da Silva Dias, que descreve em seu capítulo, o grande desafio em fortalecer as duas grandes vertentes da instituição: atividades científicas básicas e suas aplicações à computação científica e serviços de computação, portanto procurou em sua gestão, buscar a sinergia entre o traço acadêmico e operacional. Prof. Pedro descreve a trajetória do LNCC e acredita que ele poderá contribuir cada vez para a sociedade brasileira e para a ampliação dos conhecimentos básicos nos quais a computação científica é baseada.
Em seus fragmentos de lembranças e admiração, o pesquisador José Geromel descreve a atuação do LNCC e destaca, sob a ótica de quem trabalha com Sistemas de Controle, as contribuições conseguidas por pesquisadores do LNCC em diversas áreas, em particular, em Sistemas Markovianos e Sistemas Robustos. Segundo Prof. Geromel, o LNCC é um exemplo de uma história de sucesso e um exemplo a ser seguido.
Em referência à outra importante área de atuação, o pesquisador Marcello Barcinski escrever sobre a criação do Laboratório de Bioinformática do LNCC, reforçando o papel do saudoso Prof. Darcy Fontoura de Almeida. Para o Prof. Barcinski, o grupo criado no LNCC se antecipou à fantástica explosão da bioinformática, com os inúmeros programas de análise e comparações de sequencias e de bancos de dados, participaram do estabelecimento desta área de pesquisa no Brasil.
Popularizar a ciência foi um dos desafios destacados por José Raimundo Coelho, ao descrever a parceria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e o LNCC, na coordenação da Reunião Regional da SBPC na Baixada Fluminense e na coordenação de quatro edições da Feira EXPOTeC, nas reuniões anuais da SBPC. O compromisso em levar a informação científica de qualidade à sociedade, de forma democrática e consistente, segundo Prof. J. Raimundo, foi um forte elo estabelecido entre as duas instituições.
O capítulo do ex-diretor Augusto C. Gadelha Vieira relata de forma pessoal e muito atraente, a história e evolução do LNCC, que ele acompanhou por décadas. Em seu relato, Prof. Gadelha que dirigiu o LNCC entre 2015 e 2021, além de outras funções em gestões anteriores, faz uma avaliação da consistência científica do LNCC e sugere que seu futuro esteja associado a grandes projetos em energia, saúde, bioinformática, meio ambiente, modelagem e controle de sistemas complexo, segurança da informação, inteligência artificial e big data, e em outras áreas estratégicas para as quais a Computação Científica terá um papel preponderante.
Philipe Navaux, pesquisador e colaborador do LNCC há algumas décadas, faz seu relato sobre supercomputação, do Mflops ao Pflops. Seu texto, narra a evolução da computação de alto desempenho no Brasil e destaca o papel do LNCC na disponibilização do supercomputador Santos Dumont, no atendendo à comunidade científica brasileira.
A afirmação de que “não há país soberano sem uma comunidade científica forte” feita pelo pesquisador Luis Carlos Erpen Bona vem colaborar com a certeza de que as instituições públicas de ensino e pesquisa são aparatos de Estado e desta forma, precisam de meios permanentes para sua realização. Prof. Bona narra que suas parcerias iniciais no LNCC na área de grid e nuvem computacionais foram se expandindo para equipes dedicadas a estudar os sistemas de saúde, fazer processamento de imagens médicas e, recentemente, a ciência de dados e big data – o que foi possível, pela presença de pessoas abertas para discutir projetos, temas de pesquisa, contribuir em bancas e demais atividades de pesquisa.
Por fim, abordamos a experiência com a Incubadora de Empresas do LNCC, com o depoimento de Marcilene Scantamburlo, que descreveu a sua experiência em big data e a criação de sua própria startup, viabilizando a entrega de soluções e consultorias em tecnologia da informação e educação. Ela destaca a relevância da estrutura oferecida pela Incubadora para a experiência, o que promoveu amadurecimento e parcerias exitosas.
Bem, este é um pequeno spoiler do livro Modelando Histórias, mais de quatro décadas do Laboratório Nacional de Computação Científica, que em breve estará disponível em versão impressa e e-book no site do LNCC.
O Centro de Memória do LNCC é uma iniciativa recente, que pretende salvaguardar a sua história, afinal, preservar a memória institucional é manter a instituição viva para sempre, reunindo um conjunto de experiências que descrevem sua trajetória. Assim, é urgente um esforço coletivo no LNCC para conservação de seus registros, como relatos, fotos, documentos e objetos, só assim poderemos visitar o passado e olhar para o futuro alimentados pelas experiências do coletivo. O livro Modelando Histórias é um primeiro passo, mas certamente, ainda há muito a ser feito.
Uma instituição é erguida por muitas mãos e é importante que coletivamente, a comunidade do LNCC participe deste movimento, das mais diversas formas. Falaremos mais a respeito no evento do dia 28 de junho, até lá!
Créditos
Anmily Paula Martins (CM-LNCC), Genilda Machado Roli (CM-LNCC) e Simone Santana Elias (CM-LNCC)
Colaboração
Graziele Soares (SECIN-LNCC) e Tathiana Tapajós (SECIN-LNCC)
O Ponto Memória, pontuando ciência, é uma divulgação do Centro de Memória do LNCC
Faça parte da memória da instituição! Tem algum material e gostaria de compartilhar? Entre em contato conosco: memoria@lncc.br