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Em estudo recente, a equipe de pesquisadores do Laboratório de Bioinformática – LABINFO, do Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC (unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações - MCTI) investigou a evolução intra-hospedeiro do SARS-CoV-2 durante infecção prolongada.
Pesquisadores do Laboratório de Bioinformática do LNCC publicam artigo que descreve a evolução do coronavírus em pacientes com infecção prolongada de SARS-CoV-2
Estudos anteriores mostraram que o vírus tende a se replicar ativamente dentro do corpo entre 10 a 14 dias, entretanto, os pesquisadores notaram que alguns pacientes apresentavam a infecção ativa do vírus por mais do que duas semanas, podendo a ultrapassar dois meses. Foram incluídos no estudo 33 pacientes que permaneceram positivos nos testes de reação em cadeia da polimerase da transcrição reversa (RT-PCR) na nasofaringe por, em média, 18 dias do início dos sintomas. O sequenciamento dos genomas do vírus foi obtido, para cada paciente, em dois momentos diferentes: no início e no fim da infecção.
Foi observado um acúmulo de mutações no vírus ao longo do tempo, algumas delas ocorrendo em importantes proteínas do vírus como, por exemplo, a Spike. Infecção prolongada pelo novo coronavírus tem sido associada ao surgimento de variantes de preocupação e de interesse, uma vez que quanto maior o tempo que o vírus leva ativo no organismo, maiores as chances do surgimento de mutações que confiram características importantes ao mesmo. Através do rastreio de mutações que surgiram intra-hospedeiro, os pesquisadores foram capazes de identificar transmissão direta em um pequeno grupo de profissionais de saúde que compartilhavam o mesmo local de trabalho. Outro achado feito pelo grupo foi que parte das mutações que surgiram podem ter sido causada pelo próprio hospedeiro como mecanismo de combate ao vírus atrás da atividades enzimáticas de edição de RNA. Portanto, a pesquisa revelou um panorama dinâmico e complexo da interação do hospedeiro e do patógeno durante a infecção prolongada de SARS-CoV-2, sugerindo que a imunidade inata do hospedeiro molda o aumento da diversidade intra-hospedeiro.
O estudo, realizado em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pode ajudar no entendimento sobre o surgimento e disseminação de novas variantes resistentes à resposta imune do hospedeiro, conforme observado recentemente na pandemia de COVID-19.
O artigo pode ser acessado na íntegra em https://academic.oup.com/ve/article/7/2/veab078/6377925