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A intenção da equipe da Rede Corona-ômica MCTI/FINEP é entender como se deu a transmissão do vírus no país e detectar possíveis fatores preexistentes para os diferentes graus de severidade.
Pesquisadores buscam respostas no genoma do coronavírus
O enfrentamento ao Covid-19 envolve diversas linhas de atuação. Enquanto um grupo de cientistas busca remédios para diminuir os efeitos graves da doença ou vacinas para a cura, outras equipes de pesquisadores, como os da Rede Corona-ômica MCTI/FINEP, buscam entender fatores associados à dispersão da doença e severidade de alguns casos. Os estudos são feitos por meio do sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 em larga escala e também de alguns marcadores genéticos dos pacientes. A pesquisa buscaentender como se dá a transmissão do vírus no país e possíveis fatores de predisposição para os diferentes graus de severidade da Covid-19. A Rede Corona-ômica é uma iniciativa da RedeVírus MCTI e trabalha no projeto desde fevereiro. A pesquisa recebe financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Até o momento os pesquisadores descreveram o resultado de 427 sequências de coronavírus colhidas entre os meses de março e abril em 84 municípios de 22 estados brasileiros. Os dados mostraram que a taxa de transmissão (Rt) inicialmente 3 (no qual um infectado contamina em média três pessoas) caiu para valores entre 1 e 1.3, quando um infectado contamina 1.3 pessoas.
Os cientistas acreditam que essa diminuição se deu por conta de medidas de controle de mobilidade social. O isolamento conseguiu achatar a curva, mas infelizmente não foi suficiente para controlar o avanço da epidemia, explicou o coordenador da pesquisa que é professor da Universidade Feevale de Novo Hamburgo (RS) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Fernando Spilki. A epidemia é considerada controlada quando o valor de transmissão fica abaixo de 1.
Para Spilki a pesquisa é muito importante para entender melhor qual a disseminação de diferentes linhagens do vírus no Brasil, se há associação por exemplo de diferentes amostras do vírus com um maior ou menor potencial de transmissibilidade. Estamos estudando possíveis fatores genéticos que contribuam para uma maior ou menor gravidade em pacientes, com vistas a proteger indivíduos mais suscetíveis, adiantou.
O secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas (Sefae/MCTI), Marcelo Morales, explica que o monitoramento e sequenciamento do genoma do vírus circulante no país, permite que medidas possam ser tomadas em tempo hábil. Nosso objetivo é fazer o acompanhamento da evolução do SARS-CoV2 e o monitoramento das suas possíveis mutações em diferentes regiões do Brasil. Com essa análise será possível, entre outras coisas, identificar mutações virais mais ou menos perigosas que podem comprometer a evolução da pandemia para melhor ou pior cenário e precisamos estar alertas com o uso da melhor ciência. Temos cientistas de relevância internacional no Brasil para esse trabalho, ressaltou.
Os pesquisadores conseguiram detectar cerca de 104 variações genéticas distintas da Covid-19 no país, originárias principalmente da Europa e Estados Unidos. No entanto, o estudo inferiu que 75% dos vírus detectados até o final de abril se agrupam em 3 grupos - também designados por clados" -que contém apenas linhagens do Brasil. Esses 3 clados emergiram no Brasil no fim de fevereiro, e se espalharam rapidamente pelo país antes que as medidas de controle de mobilidade tivessem sido iniciadas. As mutações encontradas provavelmente não têm implicação clínica, nem na resposta a vacinas.
Rede Corona-ômica/MCTI/Finep
É uma iniciativa da Rede-Vírus MCTI e congrega pesquisadores das seguintes Universidades e Institutos de pesquisa: Universidade Feevale, Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), IAL-SP, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), UNESP, Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG), Universidade de Brasília (UnB), Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp-SJRP), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP-RP), Universidade Federal do Tocantins (UFT), Universidade de São Paulo (USP), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade de Campinas (Unicamp).
Também fazem parte do projeto pesquisadores do Centro Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) projeto que conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e Medical Research Council (MRC). Além de pesquisadores de universidades brasileiras também participam colaboradores das Universidade de Oxford, Birmingham e London School da Grã-Bretanha.
Fonte: MCTI