Notícias
Visitando flores e transportando pólen em paisagens fragmentadas
Abelha 'Bombus pascuorum' visitando um 'Trifolium pratense'
Um time internacional de pesquisadores compara redes de abelhas selvagens em escala local e de paisagem.
Tradicionalmente, as interações entre plantas e seus polinizadores são analisadas com base nas visitas às flores. Uma equipe de pesquisa liderada pela Universidade de Göttingen - Alemanha, com participação da pesquisadora Carine Emer (Jovem Pesquisadora Fluminense - FAPERJ) do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, estudou abelhas selvagens em fragmentos de campos calcários. Os pesquisadores analisaram tanto as redes que mostram visitas às flores quanto as redes onde o pólen é transportado no corpo das abelhas. Eles descobriram que as visitas das abelhas às flores nem sempre estavam associadas à coleta de pólen. Os dados sobre o pólen também mostraram claramente que o número de interações aumentou com a maior diversidade da paisagem. Estas descobertas mostram que o grau de especialização das redes de polinização é geralmente subestimado quando o transporte de pólen não é considerado nos estudos. Os resultados foram publicados na prestigiosa revista Proceedings of the Royal Society B., uma das mais importantes do mundo na área de Biologia, Ecologia e Conservação.
Compreender a organização das redes entre plantas e seus polinizadores é vital para apoiar a conservação da natureza ao planejar paisagens multifuncionais e sustentáveis. No entanto, pouco se sabe sobre como as redes entre pólen e abelhas são influenciadas por mudanças em nível de paisagem. A combinação de dados de 29 fragmentos de campos calcários, que estão entre os habitats mais ricos em espécies na Europa Central, mostrou que apenas 37% das interações entre espécies de plantas e abelhas selvagens ocorreram tanto em redes de transporte de pólen quanto em redes de visitação às flores. 28% das interações só puderam ser detectadas nas redes de transporte de pólen e 35 % apenas nas redes de visitação às flores. Quando todas as redes locais são analisadas em conjunto, os dados de transporte de pólen mostram que a proporção de interações únicas para cada fragmento de campo calcário aumentou com a diversidade da paisagem.
"Nossos resultados mostram que a especialização das redes planta-polinizador diminui em paisagens diversas. Se apenas informações sobre visitas às flores forem analisadas, isso não fornece uma visão completa e subestima a especialização planta-polinizador," explica Dr. Felipe Librán-Embid, que realizou a pesquisa como parte de seu doutorado em Agroecologia na Faculdade de Ciências Agrárias em Göttingen. "Dados sobre transporte de pólen e também a análise de meta-redes – levando em conta diferentes redes – são fundamentais para entender e gerenciar os polinizadores e as plantas que eles visitam em paisagens cultivadas," acrescenta o Professor Teja Tscharntke da Universidade de Göttingen, que supervisionou o trabalho juntamente com o Professor Ingo Grass da Universidade de Hohenheim. Carine Emer complementa: “Este estudo amplia nosso conhecimento sobre como as interações ecológicas, que são a base da organização da natureza, se estruturam nos diferentes níveis de organização biológica - compreender essa complexidade é fundamental para pensarmos em soluções transformadores que maximizem a provisão de serviços ecossistêmicos essenciais para saúde humana e do meio ambiente".