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Duas Unidades de Conservação na costa do estado do Espírito Santo são as primeiras do sistema costeiro-marinho a publicar suas listas no Catálogo de Plantas das UCs do Brasil. A Área de Proteção Ambiental Costa das Algas (APA Costa das Algas) e o Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz (RVS de Santa Cruz) são unidades contíguas, criadas em 17 de junho de 2010, e fazem parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica/UNESCO.
A APA Costa das Algas é uma UC de uso sustentável localizada na região central da Plataforma Continental do Espírito Santo, ao sul da foz do Rio Doce, nos municípios de Aracruz, Fundão e Serra. Em seus 1149 km2, encontram-se extensos bancos de rodolitos (nódulos calcários constituídos por algas coralíneas crostosas), bem como restingas, praias, manguezais e recifes lateríticos (que têm alta concentração de ferro em sua composição) com poças de maré.
Sua lista apresenta 248 espécies, sendo 247 táxons de macroalgas e um de angiosperma. As macroalgas são representadas por 151 rodófitas, 59 clorófitas e 37 feófitas, o que mostra a grande diversidade encontrada na área. A APA Costa das Algas é importante para a pesca artesanal e sofre pressão pela ocupação desorganizada da zona costeira.
O RVS de Santa Cruz é uma UC de proteção integral, na costa do município de Aracruz, e circundada pela APA Costa das Algas. Sua lista traz 136 espécies distribuídas em seus 177 km2, sendo 135 de macroalgas e uma de angiosperma. Pelo menos 122 desses táxons ocorrem também na APA Costa das Algas. As macroalgas são representadas por 71 rodófitas, 31 clorófitas e 33 feófitas. Os pesquisadores observaram que 24 táxons registrados nas duas UCs não possuem exemplares tombados em herbários.
Ambas as UCs foram significativamente afetadas pelos rejeitos de minério transportados pelo Rio Doce até a sua foz, oriundos do rompimento da barragem de Fundão – o Desastre de Mariana – que aconteceu em 5 de novembro de 2015. Por isso, os pesquisadores consideram que “é fundamental desenvolver estudos e monitoramentos de longa duração, enfocando a diversidade da fauna e flora marinha de forma a melhorar a compreensão sobre a persistência dos impactos e a capacidade de recuperação do ambiente”.
Na elaboração das listas, foram utilizadas principalmente as coleções de S.M.P.B. Guimarães (herbário SP, do Instituto de Pesquisas Ambientais- IPA) e de G.M. Amado-Filho e R.G. Bahia (herbário RB, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro). A coleção do RB inclui algas coletadas após o Desastre de Mariana e sua confecção contou com apoio de bolsas de Produtividade em Pesquisa e de Pós-Doutorado Sênior do CNPq, tendo parte dos inventários florísticos sido executada no âmbito do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (financiamento FEST-RENOVA) e do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD-Abrolhos).
Os autores das listas dedicaram o trabalho à memória do pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro Gilberto Menezes Amado Filho (1959-2019) por sua inestimável contribuição às pesquisas marinhas no Brasil.