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Projeto vai catalogar toda a diversidade da vida no território brasileiro
O Brasil tem 125.076 espécies de animais e 50.279 espécies de plantas e fungos (entre nativas, cultivadas e naturalizadas) conhecidas pela ciência, no momento em que este texto é escrito. Obter esses números tão precisos só é possível porque o país conta com dois sistemas onde são catalogadas as informações sobre as espécies de sua flora, funga e fauna, e que disponibilizam seus dados online para toda a sociedade. Agora um projeto vai ampliar esse conhecimento, catalogando e disponibilizando também os dados de microrganismos e de fósseis brasileiros – é o Catálogo da Vida do Brasil, que reunirá os dados sobre todas as espécies de seres vivos do nosso país.
O projeto foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, que aportará recursos no valor de R$1.165.000,00 divididos em duas parcelas. Dois novos sistemas serão desenvolvidos - para microrganismos e para fósseis, em parceria com cientistas de diversas instituições de pesquisa. Os quatro sistemas serão integrados e terão uma interface unificada para consulta online. A coordenação do projeto estará sob a responsabilidade do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), onde os sistemas estarão hospedados e serão gerenciados.
O JBRJ foi pioneiro no desenvolvimento desse tipo de sistema quando deu início à Flora do Brasil, em 2008, atualmente nomeada Flora e Funga do Brasil (FBB) por incluir, além das plantas, os fungos. Em 2015, esse sistema serviu de base para o desenvolvimento do Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil (CTFB). Essas plataformas são dinâmicas, alimentadas por cerca de 1.500 pesquisadores que trabalham em rede, o que garante a atualização constante dos dados. Por isso é possível saber não apenas os números mencionados neste texto, mas também os nomes científicos aceitos ou válidos para cada uma dessas espécies e onde elas ocorrem, entre outras informações.
Identificar, classificar e nomear as espécies é trabalho de pesquisadores chamados de taxonomistas. O conhecimento produzido por eles é fundamental para garantir a conservação e a utilização segura, sustentável e responsável desses recursos naturais. A identificação equivocada de uma planta ou animal pode resultar, por exemplo, em um problema de saúde, ou em uma estratégia errada de conservação. A rapidez na identificação de um microrganismo pode acelerar o processo de produção de um medicamento ou de uma vacina. O conhecimento dos fósseis, por sua vez, revela formas de adaptação dos seres vivos às mudanças ambientais ao longo do tempo e aponta de que maneiras eles poderão reagir aos desafios ambientais atuais e futuros.
Segundo a coordenadora do projeto, a pesquisadora Rafaela Forzza, “ao reunir, organizar e disponibilizar informações de todos esses grupos de seres vivos do território brasileiro, o Catálogo da Vida se constituirá como uma ferramenta valiosa para pesquisadores, gestores e sociedade como um todo, no contexto mundial atual em que a biotecnologia avança a passos largos, e o conhecimento da biodiversidade se torna fundamental também para o desenvolvimento econômico do país com sustentabilidade ambiental, repartição justa de benefícios e respeito a todas as formas de vida”.
Créditos das fotos do mosaico
JBRJ
Cattleya lobata (orquídea): Delfina de Araujo
Parodia shumanniana (cacto): Ricardo Reis
Cyathea microdonta (Samambaia-açu): Olga Camisão
Victoria amazonica (Vitória-régia): Alexandre Machado
Ceiba pentandra (Sumaúma): Alexandre Machado
Museu Nacional/UFRJ
Euryoryzomys russatus (Rato-do-mato): Ana Lazar Gomes e Souza
Atlantorchestoidea brasiliensis (crustáceo): Silvana Gomes L. Siqueira
Amonites sergipensis (fóssil): Antonio Carlos Sequeira Fernandes
USP
Pauxi mitu (Mutum-de-alagoas): Luis Fabio Silveira
Ruffordia goeppertii (fóssil): Paula Sucerquia
UFRGS
Prestosuchus chiniquensis (fóssil): Murilo Rodolfo de Lima
UFF
Enterobacter spp.: Laura Brandão Martins e Thiago Pavoni Gomes Chagas