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Princesa Astrid da Bélgica visita o Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Princesa Astrid da Bélgica no JBRJ | Foto: Ester Santos
A princesa Astrid da Bélgica, que lidera a visita de uma missão econômica belga ao país, esteve, nesta quinta-feira (28), no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Recepcionada pelo presidente da instituição, Sergio Besserman Vianna, a princesa conheceu o jequitibá e a peroba plantados, em 1920, no arboreto, por seus bisavós, a Rainha Elisabeth e o Rei Albert I, respectivamente, além de um exemplar de chuva-de-ouro plantado pelo Rei Leopoldo III, seu avô, em 1962.
A visita da comitiva belga também englobou a assinatura de uma carta de intenções entre os Jardins Botânicos do Rio e de Meise, na Bélgica, para a repatriação de imagens de amostras de plantas brasileiras coletadas por naturalistas europeus, no século 19, no Brasil. A assinatura se deu no âmbito do Projeto Reflora. O acervo do Plantentuin Meise é um dos mais importantes da Europa. A assinatura da carta de intenções visa a um futuro acordo de cooperação entre as instituições.
A ideia é repatriar aproximadamente 57 mil imagens, grande parte coletas históricas, incluindo amostras da coleção do naturalista Von Martius, utilizadas na primeira publicação da obra Flora Brasiliensis, ocorrida a partir de 1840. No livro, foram descritas, pela primeira vez, mais de 20 mil espécies de plantas brasileiras, sendo até hoje uma das maiores e mais completas floras do mundo. Assim, a coleção depositada na instituição belga é de grande importância para a botânica brasileira.
Segundo o presidente do JBRJ, além da parceria do Reflora, também será firmado um convênio com o Instituto Wagralim, grupo belga de inovação em alimentos.
- Quando a gente fala de bioeconomia, ou de agrofloresta, não é aquela agricultura tradicional de monocultura e agrotóxico. Aqui tem toda uma biodiversidade que acolhe aquela planta, faz ela prosperar e não parasitar. Isso inclui também uma avaliação da mudança de hábitos alimentares da juventude. O Jardim Botânico vai fornecer conhecimento de plantas, e aprender com eles também vários aspectos — explicou Besserman Vianna, destacando o conhecimento especial da Mata Atlântica no Jardim Botânico do Rio.
A história do Herbário Virtual Reflora teve início em 2010, quando o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro recebeu a incumbência de construir o sistema e de sediá-lo. A plataforma, desenvolvida em parceria com a Coppe/UFRJ, foi lançada em setembro de 2013, e revolucionou as pesquisas sobre a flora brasileira. Naquela ocasião, o Reflora contava com imagens e dados de 420 mil exemplares de plantas brasileiras, disponibilizados online a partir dos acervos de dois herbários europeus e do herbário do Jardim Botânico do Rio. Mais de uma década depois, o HV Reflora reúne 99 herbários parceiros, com cerca de 4,6 milhões de imagens de espécimes disponíveis em sua plataforma.
Herbários físicos são formados por amostras de plantas coletadas por pesquisadores em suas expedições de campo e preparadas para armazenamento e estudo, chamadas de exsicatas. Até o início do século 20, muitos naturalistas estrangeiros fizeram coletas no Brasil e as levaram para herbários em outros países. Assim, para estudar um grupo de plantas, era comum aos pesquisadores brasileiros terem que se deslocar até essas instituições no exterior, com grande dispêndio de tempo e recursos financeiros.
O HV Reflora mudou radicalmente esse quadro, repatriando digitalmente e dando acesso pela internet às imagens em alta resolução de milhões de amostras. Além disso, passou a abranger os acervos de diversos herbários espalhados pelo Brasil. Isso acelerou o trabalho dos botânicos e permitiu importantes avanços na área.
Atualmente, o HV Reflora é amplamente utilizado pelos pesquisadores no registro de novas espécies para a ciência, estudos de distribuição, taxonomia e filogenia, trabalho de avaliação do risco de extinção das espécies, identificação de plantas, elaboração de listas, entre diversos outros usos e aplicações.