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Pesquisadores do JBRJ são contemplados na Iniciativa Amazônia+10
Paisagem aérea amazônica | Foto: Gabriel Marcusso
A Iniciativa Amazônia+10 divulgou os resultados finais das propostas de pesquisa aprovadas no edital Expedições Científicas, lançado em novembro de 2023 pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Foram selecionados 22 projetos com enfoque em ampliar o conhecimento sobre a sociobiodiversidade amazônica. Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) fazem parte da equipe de quatro projetos contemplados.
Os pesquisadores do JBRJ e seus projetos são: Domingos Cardoso (vice-coordenador do projeto "Tsiino Hiiwiida: Revelando múltiplas dimensões da biodiversidade de plantas e fungos no Alto Rio Negro"); Claudine Massi Mynssen (também integrante do projeto Tsiino Hiiwiida); Leandro Freitas (co-responsável do projeto "UKRI-Brazil Monitoramento participativo dos territórios tradicionais: plataforma digital de co-produção de dados sobre a sociobiodiversidade em áreas amazônicas"); Marinez Ferreira de Siqueira (integrante do projeto "AquaInvert-Amazônia: integrando ciência e saberes locais para conhecer a biodiversidade de invertebrados aquáticos em áreas de altitude da Amazônia") e Viviane Stern da Fonseca-Kruel (integrante do projeto "Vozes da Amazônia indígena: Processos históricos da sociobiodiversidade frente aos desafios do Antropoceno").
O pesquisador Charles Zartman (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA), coordenador do projeto Tsiino Hiiwiida, destacou que a proposta envolve "uma colaboração dinâmica entre povos tradicionais, estudantes, professores e pesquisadores nacionais e internacionais para ampliar o conhecimento botânico no Alto Rio Negro da Amazônia brasileira." O pesquisador Domingos Cardoso também destaca: "Nosso projeto na Cabeça do Cachorro (ou Tsiino Hiiwiida, em língua Baniwa) une ciência, tecnologia e saberes locais para explorar uma das regiões mais enigmáticas da biodiversidade amazônica. Essa iniciativa colaborativa, envolvendo pesquisadores e comunidades indígenas, busca documentar espécies de plantas e fungos ainda desconhecidas, promovendo descobertas científicas e valorizando o conhecimento tradicional em um dos maiores teatros da evolução na Amazônia."
Sobre o projeto "Monitoramento participativo dos territórios tradicionais: plataforma digital de co-produção de dados sobre a sociobiodiversidade em áreas amazônicas", o pesquisador do JBRJ Leandro Freitas explica: "Nessa proposta, coordenada pela cientista política Nírvia Ravena da UFPA, buscamos elaborar uma plataforma digital de registro e validação do conhecimento tradicional da Amazônia associado à biodiversidade. A equipe de pesquisadores e as comunidades tradicionais de nove localidades em três estados da Amazônia Legal (AM, MA e PA) irão trabalhar em conjunto, seguindo modelo de co-criação do conhecimento, com o objetivo de registrar e catalogar o conhecimento tradicional associado à biodiversidade dos territórios tradicionais. Um ponto de inovação do projeto é o desenvolvimento de uma plataforma digital com uso de IA e operada em aparelhos celulares, que permitirá que o conhecimento tradicional associado à biodiversidade seja validado em sua dimensão científica. Temos a expectativa de que essa plataforma possa ser acionada em situações de contenda envolvendo estes grupos sociais e atores do mercado que adentram predatoriamente em seus territórios.
A pesquisadora do JBRJ Viviane Stern da Fonseca Kruel integra o projeto que ficou em primeiro lugar na Iniciativa: "Vozes da Amazônia Indígena: Processos Históricos da Diversidade Biológica e Sociocultural frente aos Desafios do Antropoceno". Coordenado pela pesquisadora Helena Pinto Lima, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), o projeto tem como objetivo investigar a biodiversidade amazônica e as interações históricas e contemporâneas dos povos indígenas com o meio ambiente em três regiões de grande relevância: a Terra Indígena do Xingu (MT), a Terra Indígena Alto Rio Negro (AM) e a Terra Indígena Kayapó (PA). "Essas áreas se destacam pela riqueza étnica, cultural e ambiental, abrigando saberes tradicionais únicos e profundamente conectados às suas paisagens. Integrando as ciências humanas e biológicas com os conhecimentos indígenas, o projeto busca documentar a sociobiodiversidade da Amazônia, com foco em práticas ancestrais e inovações contemporâneas. Entre as ações principais estão o mapeamento de espécies pouco conhecidas, a caracterização de paisagens com o uso de tecnologias avançadas, o compartilhamento de saberes sobre biodiversidade com as comunidades indígenas e o registro das mudanças causadas pelas atividades humanas ao longo do tempo. Essa abordagem colaborativa visa contribuir para a conservação da Amazônia, além de oferecer soluções para os desafios do Antropoceno, como as mudanças climáticas e a crise socioambiental que ameaçam as florestas e os modos de vida dos povos indígenas", esclarece Viviane.
A diretora da Escola Nacional de Botânica Tropical, pesquisadora Marinez Ferreira de Siqueira, e seu orientando de doutorado Richardson Ferreira Frazão, integram a proposta “Revelando os incógnitos: epífitas, insetos e fungos associados à flora arbórea da várzea na Amazônia Oriental” aprovada na Amazônia+10 2024. A proposta é coordenada pelo pesquisador da Embrapa Amapá Dr. Marcelino Carneiro Guedes em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Amapá. Também integram a proposta a EMBRAPA-PA junto com a FAPESPA e a EMBRAPA Agrobiologia – RJ com a FAPERJ. Segundo a pesquisadora, a referida participação se dará no desenvolvimento do subprojeto “Diversidade de abelhas nativas (Apidae) polinizadoras em áreas de florestas de várzea no estuário do Rio Amazonas entres os Estados do Pará e Amapá.
Marinez e Richardson também são responsáveis pela modelagem de dados referentes ao desenvolvimento sustentável com as abelhas nativas em territórios de comunidades para conservação da biodiversidade para uma proposta aprovada em outro edital - a Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 19/2024 – Centros Avançados em Áreas Estratégicas para o Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica - Pro-Amazônia. A proposta intitulada “Centro Avançado de Conservação e Recuperação de Ecossistemas Amazônicos - CAPACREAM” é coordenada, junto ao CNPq, pelos pesquisadores José Júlio Toledo, da Universidade Federal do Amapá – UNIFAP, e Filipe França, da Universidade Federal do Pará - UFPA e Universidade de Bristol (UK).