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Pesquisadora Graziela Maciel Barroso é tema de artigo vencedor de prêmio sobre a ciência e a tecnologia na promoção da igualdade de gênero
A renomada pesquisadora Graziela Maciel Barroso, primeira mulher a fazer concurso para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na década de 1940, foi tema do artigo vencedor do Prêmio Elisa Frota Pessoa, na categoria Ciências Humanas. “A promoção da igualdade de gênero na botânica: um olhar para as contribuições da professora e pesquisadora Graziela Maciel Barroso” é de autoria da doutoranda Júlia Fialho Soares, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
A produção premiada é fruto da pesquisa de doutorado de Júlia Fialho Soares, iniciada em março de 2022, como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que visa investigar a trajetória de Graziela Maciel Barroso, uma das primeiras mulheres a se destacar no meio científico do Brasil. Efetivada como naturalista, em 1946, no JBRJ, Graziela é autora da obra "Sistemática de angiospermas do Brasil”, referência internacional sobre o assunto. Entre outros prêmios, a pesquisadora recebeu a Medalha de Botânica do Milênio (1999).
A vencedora do prêmio destaca a importância da professora Graziela para a ciência brasileira.
- Ela atuou por aproximadamente 60 anos na Botânica, principalmente como servidora pública no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e contribuiu, sobremaneira, para a formação de botânicas e botânicos que atuaram e ainda atuam em diferentes locais do Brasil. Além disso, foi uma das primeiras mulheres cientistas dessa área no país, inspirando outras a escolherem essa profissão – afirma Júlia Fialho Soares.
Ainda de acordo com a doutoranda, a existência do arquivo Graziela Maciel Barroso, depositado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, endossa sua importância.
- No arquivo, estão presentes documentos pessoais e profissionais dela, os quais constituem fonte privilegiada da minha pesquisa. Em meu artigo, busco demonstrar, através de elementos da trajetória dela e de contextos nos quais ela estava inserida, que é justamente quando as mulheres e outros sujeitos outrora excluídos acessam esses espaços e oportunidades que se dá a promoção da igualdade de gênero, de maneira que suas histórias de luta se cruzam no passado, no presente e no futuro – ressalta.
Em relação à premiação, Júlia afirma que representa um importante incentivo não só para a divulgação das pesquisas nessa temática, mas para a valorização do trabalho das pesquisadoras mulheres.
- É necessário que trabalhos como esse sejam difundidos, pois trazem à memória as histórias de mulheres do passado que empreenderam lutas, coletivas ou individuais, para acessar determinados espaços e oportunidades, como o ensino superior, a carreira profissional, em especial a acadêmico-científica, e sua própria emancipação. No Núcleo de Estudos e Pesquisas em História da Educação Brasileira (NEPHEB/UNIRIO), do qual minha orientadora, a professora dra. Nailda Marinho da Costa, é coordenadora, e eu faço parte, as histórias de outras mulheres também vêm sendo pesquisadas – conclui.
Prêmio Elisa Frota Pessoa
Concedido pelo Museu do Amanhã, em parceria com a Secretaria municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, o prêmio homenageia o pioneirismo de Elisa Frota Pessoa, física experimental, que teve atuação expressiva no campo da ciência e da tecnologia, na Cidade do Rio de Janeiro.
Foram selecionados os melhores artigos científicos por área do conhecimento, produzidos por alunas de graduação, mestrado e doutorado de instituições de ensino superior sediadas no município do Rio de Janeiro, tendo como tema "A ciência e a tecnologia na promoção da igualdade de gênero". O objetivo era premiar os melhores artigos acadêmicos que versem sobre o impacto das mulheres na ciência e tecnologia ou do papel e experiências de ciência e tecnologia no combate à desigualdade de gênero.
A cerimônia de premiação ocorrerá nesta quinta-feira (14/12), às 17h30, no auditório do Museu do Amanhã, no Centro do Rio.