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Parceria para conservação de espécie rara rende artigo publicado em periódico da Universidade de Cambridge
Fruto do Grazielanthus arkeocarpus
A revista Internacional Journal of Conservation, da Universidade de Cambridge, publicou artigo sobre uma espécie rara de planta que só foi registrada até o presente na Reserva Biológica de Poço das Antas, no estado do Rio de Janeiro. Trata-se da Grazielanthus arkeocarpus, pertencente à família Monimiaceae, e que está classificada como Criticamente em Perigo de extinção pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora/JBRJ).
O artigo informa sobre o trabalho de conservação da espécie, no qual os autores tem estado diretamente envolvidos, detalhando ações como monitoramento da população, pesquisa, conservação ex situ e expansão da população in situ (ou seja, em seu próprio local de ocorrência).
Grazielanthus arkeocarpus foi descrita em 2008 por Ariane Luna Peixoto e Maria Veronica Leite Pereira Moura. As pesquisadoras concluíram que estavam diante não apenas de uma nova espécie, mas também de um novo gênero, e o nomearam Grazielanthus em homenagem à Dra. Graziela Maciel Barroso, pesquisadora que trabalhou no Jardim Botânico do Rio de Janeiro e foi responsável pela formação de gerações de botânicos, tendo se notabilizado também pela importância de suas pesquisas e por sua luta pela conservação da biodiversidade.
Em 2013, descobriu-se que havia apenas um exemplar conhecido dessa planta em jardim botânicos no mundo – e era justamente no JBRJ. Foi quando as ações para sua conservação se intensificaram. Thais Hidalgo, tecnologista do JBRJ e co-autora do artigo, explica que a G. arkeocarpus exige condições muito específicas para sobreviver, difíceis de reproduzir na conservação ex situ.: “Ela dá em solo aluvial, escuro, de barro fino, ácido. A que sobreviveu no JBRJ está sobre um olho d’água”.
Segundo Diego Gonzaga, da equipe de Coordenação de Coleções Vivas do JBRJ e também co-autor do artigo, o material para cultivo ex-situ é coletado de diferentes matrizes na natureza para que haja diversidade genética. Porém, só é possível saber se se trata de um indivíduo masculino ou feminino depois que a planta atinge sua maturidade sexual. Dos plantios feitos no JBRJ, dois sobreviveram. Um deles é masculino, mas o outro ainda é muito jovem para que se possa saber.
Mudas estão sendo produzidas na Rebio Poço das Antas e distribuídas tanto para o Jardim Botânico do Rio quanto para os jardins botânicos da USP e da UFRRJ, na tentativa de garantir a sobrevivência da espécie. Enquanto isso, o trabalho em parceria com a equipe da Rebio já resultou em um aumento da população da G. arkeocarpus in situ e com diversidade genética.
“Este caso é um exemplo de conservação integrada – in situ e ex-situ. É um trabalho totalmente em parceria – entre instituições, cientistas, técnicos, estudantes e funcionários da Rebio”, destaca Thais Hidalgo.