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Núcleo de Preservação da Fauna garante bem-estar dos animais silvestres no Jardim Botânico do Rio
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Coordenadora do Núcleo de Preservação da Fauna, Marina Bordin
Preservar e proteger a fauna silvestre também é atribuição do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Um dos mais importantes centros de pesquisa mundiais nas áreas de botânica e conservação da biodiversidade, a instituição promoveu uma atividade para marcar o Dia de Defesa da Fauna (22/9). Durante a visita noturna pelo arboreto, guiada pelo Núcleo de Conservação da Fauna, houve a soltura de um gambá na natureza.
- O Jardim Botânico do Rio é um museu vivo de plantas. Graças ao trabalho de conservação da flora feito aqui, existe uma grande diversidade de animais vivendo e visitando o arboreto. Conservar a flora faz com que consigamos preservar a fauna também. Temos um ambiente favorável para que os animais possam se alimentar, reproduzir e viver livres. A liberdade dos animais é fundamental na preservação da natureza – afirma a supervisora do Núcleo, a bióloga Marina Bordin, ressaltando que o Jardim Botânico possui uma grande área de mata preservada, contígua à Floresta da Tijuca. A vizinhança permite o acesso de várias espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios que visitam ou moram no Jardim. Alguns deles possuem hábitos noturnos, como corujas, sapos e gambás - afirma a coordenadora do Núcleo, Marina Bordin.
Vale ressaltar que a fauna brasileira é uma das mais ricas do mundo, com mais de 100 mil espécies de animais, entre vertebrados e invertebrados, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Daquelas avaliadas pelo instituto, há mais de 1.000 espécies em alguma categoria de ameaça de extinção. Entre as causas estão o tráfico de animais e o desmatamento, por exemplo. O Dia de Defesa da Fauna visa à conscientização da população contra o tráfico de animais silvestres.
No Jardim Botânico do Rio, o trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Conservação da Fauna inclui o monitoramento, o resgate e cuidados especiais de animais que habitam ou frequentam o arboreto. Macaco-prego (Sapajus nigritus), gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), teiú (Salvator merianae), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), tamanduá (Tamandua tetradactyla), quati (Nasua nasua), serpente, mão-pelada (Procyon cancrivorus), paca (Cuniculus paca) e aves como gavião, tucano-de-bico-preto (Ramphastos ariel), corujaa e urutau (Nyctibius griseus) são algumas das espécies presentes no arboreto. Criado em 2005, o Núcleo faz uma média de 400 atendimentos por ano. Em 2022, foram 467. Este ano já somam 315.
- Algumas cobras não peçonhentas, por exemplo, são monitoradas, para acompanharmos seu desenvolvimento e saúde. Microchipamos, fazemos medição, pesagem, porque são animais que normalmente retornam. Além do monitoramento, fazemos o primeiro socorro, se encontramos algum animal ferido ou que apresente algum problema. Às vezes, como temos aqui predadores e presas, eles entram em conflito, também caem de árvore ou em rio. Se estiver ferido, encaminhamos para um veterinário silvestre. Se necessitar apenas de um período de recuperação para retornar para a natureza, levamos para o Núcleo para ser tratado. Também encontramos filhotes que se perderam de suas mães. No momento, por exemplo, temos um teiú e um filhote de gambá fazendo reforço de alimentação e controle de peso - conta Marina Bordin.
Ainda de acordo com ela, a visita frequente facilita a identificação dos animais.
- Já mapeamos e fotografamos todo o bando de macacos-prego, que é antigo, de muitas gerações. De tão íntimos, todos receberam nomes, e alguns conseguimos identificar facilmente, como o Van Damme e o Wolverine. Também reconhecemos com facilidade a Beyoncé, uma jiboia (Boa constrictor) de quase três metros, linda, nosso xodó, e o Romeu, uma preguiça-comum (Bradypus variegatus) que sempre resgatamos quando atravessa a Rua Pacheco Leão – revela a bióloga.
Apesar da intimidade, a bióloga afirma que a relação com os animais é profissional.
- Restringimos nosso momento fofura a dar nome aos animais de que cuidamos. Eles são livres. Têm de voltar para a natureza. Há pouco tempo, resgatamos e cuidamos de uma ninhada de gambás, e, depois de recuperados, microchipamos e o reintegramos à natureza. Um deles retornou tempos depois. Era uma fêmea grávida. Isso mostra o resultado do nosso trabalho. A nossa maior satisfação é cuidar de um animal e ele voltar com saúde.
O Jardim Botânico, segundo Marina, é também pousada para novos moradores.
- Há cerca de um mês, avistamos um arapapá, que tem aparição rara na cidade do Rio de Janeiro. Ele come pequenos anfíbios, e tem aparecido no lago perto do parque infantil – conta Marina Bordin. O arapapá (Cochlearius cochlearius) é uma ave singular, de bico largo que lembra um barco virado de cabeça para baixo.
Visitas inusitadas também acontecem.
- No ano passado, uma fêmea e seu filhote de capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) ficaram cerca de duas semanas passeando por aqui. Depois, voltaram para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Recentemente, tivemos ainda a visita de uma corujinha-do-mato (Megascops choliba), que nunca havia aparecido. Depois, resgatamos um filhote. Se tem filhote, é sinal de que existem casais estabelecidos aqui.
A educação ambiental é outra atribuição da equipe da fauna, a fim de promover uma relação harmônica dos visitantes com a natureza.
- Procuramos conscientizar os visitantes que os animais aqui têm vida livre, que alimentá-los é perigoso devido à transmissão de doenças, principalmente a herpes, tanto para eles quanto para nós. Um ato, aparentemente inocente, de pegar um pedaço de jaca caído no chão e dar a um macaco-prego coloca em risco a saúde do animal. Quando colocamos a mão na fruta, contaminamos o alimento. Além disso, ao agirmos assim, estamos ensinando a eles que podemos alimentá-los, e, dessa forma, eles vão atrás de resíduos humanos, o que interfere no seu comportamento. Eles têm acesso a alimentos na natureza e são inteligentes para decidir sobre o consumo de uma dieta balanceada.
A equipe também orienta o visitante a avisar um funcionário para acionar o Núcleo, se avistarem uma serpente, por exemplo.
- O visitante não deve se aproximar. O animal silvestre está em casa, sempre vai se manter à distância se não for atacado. De fato, nunca foi registrado acidente com serpentes ou outras espécies no Jardim Botânico.
Já a coordenadora de Conservação da Área Verde do Jardim Botânico, Martha Ronchini, destaca que o Núcleo de Conservação da Fauna monitora e atende apenas os animais silvestres presentes no Jardim.
- O Núcleo está presente para garantir o bem-estar da vida silvestre dentro do arboreto. A população da cidade deve procurar a patrulha ambiental ou o serviço da prefeitura por intermédio do 1746 para prestar atendimento a animais que necessitem de cuidado. Também alertamos para o risco do abandono de gatos aqui na região, porque são um dos grandes predadores de aves. Além disso, o ambiente aqui não é propício para eles porque podem virar presas. Recentemente, fomos surpreendidos com a presença de uma cabra. O animal foi abandonado machucado em uma área de mata muito próxima ao Jardim Botânico, e o animal acabou se refugiando aqui. Não abandonem os animais. A natureza agradece.