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Monitoria do PAN Bacia do Alto Tocantins: estratégias avançam na conservação de espécies raras e ameaçadas de extinção no Cerrado
Paisagem da Bacia do Alto Tocantins | Foto: Julio Itacaramby
Por Bruno Umbelino
A Monitoria do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção da Bacia do Alto Tocantins (PAN Bacia do Alto Tocantins) indica que, após um ano de vigência do plano, mais da metade das ações previstas já está em execução. O progresso das expedições botânicas, a implementação de trilhas de longo curso como estratégia de conservação e o avanço nos projetos Campos do Cerrado e Lista Vermelha da Flora Goiana estão entre os principais resultados.
O Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), por meio do Núcleo de Estratégias para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção (NuEC) do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), realizou a 1ª Oficina de Monitoria do PAN Bacia do Alto Tocantins entre os dias 19 e 22 de agosto de 2024. O evento foi conduzido virtualmente e teve como foco o acompanhamento das ações voltadas à conservação de 98 espécies ameaçadas de extinção que ocorrem na região da Bacia do Alto Tocantins, abrangendo o estado de Goiás e o Distrito Federal.
Com a participação de 14 especialistas de diversas instituições, incluindo membros do Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) e representantes de ONGs, órgãos governamentais e universidades, a oficina se concentrou em avaliar o progresso das 24 ações previstas no plano. Entre as instituições participantes estavam Aliança da Terra, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação em Biodiversidade e Restauração Ecológica (CBC/ICMBio), Departamento de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade (DCBio/MMA), Instituto Brasília Ambiental (IBRAM-DF), Jardim
Botânico de Brasília (JBB-DF), Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA-GO), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD-GO) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Entre os principais resultados discutidos, foi apresentado o progresso das ações de expedições botânicas, implementação de trilhas de longo curso como estratégia de conservação, além do projeto Campos do Cerrado e da Lista Vermelha da Flora Goiana. O monitoramento indicou que 54% das ações previstas no PAN estão em execução, enquanto 29% ainda não foram iniciadas conforme o planejado e 17% enfrentam problemas de realizações.
Marcio Verdi, coordenador do PAN Bacia do Alto Tocantins e do NuEC/CNCFlora/JBRJ, enfatizou a importância de garantir os recursos financeiros para o sucesso das ações: “Estamos correndo contra o tempo, especialmente com o fim do Projeto GEF Pró-Espécies, mas os recursos disponíveis permitiram avanços importantes nas ações priorizadas. E isso com certeza elevou o percentual de implementação do PAN neste primeiro ano de vigência”. Ao todo, sete ações foram beneficiadas pelos recursos do Projeto Pró-Espécies: todos contra a extinção.
O professor da UFRJ e integrante do GAT, Marcelo Trovó, também celebrou o progresso: “Durante a monitoria fiquei bastante satisfeito em saber que as ações do PAN estão com bom andamento, várias delas trabalhadas conjuntamente. No que se refere a ação de expedição botânica, da qual sou articulador, foi muito gratificante encontrar as espécies ameaçadas em campo”.
Com mais de 70% das ações já em curso, o PAN Bacia do Alto Tocantins demonstra um compromisso coletivo em mitigar os riscos de extinção das espécies da flora local. O esforço é essencial para proteger a biodiversidade da região, que enfrenta pressões crescentes, como a perda de habitat e as mudanças climáticas.
PAN Bacia do Alto Tocantins
O Plano de Ação Nacional para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção da Bacia do Alto Tocantins (PAN Bacia do Alto Tocantins) foi oficializado na Portaria JBRJ nº 15, de 6 de junho de 2023, e tem vigência até 2028. O Plano tem como objetivo “ampliar, em 5 anos, as medidas de conservação das espécies-alvo, dos ambientes e a manutenção de serviços ecossistêmicos, com envolvimento de toda a sociedade”.
Para alcançar o objetivo proposto, o PAN estabelece 24 ações de conservação, divididas em quatro objetivos específicos, que abrangem temas como Pesquisa e Monitoramento, Capacitação e Comunicação, Manejo e Conservação, e Políticas Públicas. Essas ações focam as 98 espécies da flora que são alvo do PAN Bacia do Alto Tocantins, sendo 14 classificadas na categoria “Criticamente em perigo” (CR), 58 na categoria “Em perigo” (EN) e 26 na categoria “Vulnerável” (VU). Também são contempladas 29 espécies classificadas na categoria “Quase Ameaçada” (NT) e 15 na categoria “Dados Insuficientes” (DD). O território do PAN abrange parte do estado de Goiás e do Distrito Federal.
A coordenação do PAN Bacia do Alto Tocantins é realizada pelo JBRJ, por meio da Coordenação de Projeto Núcleo Estratégias para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção (NuEC) do CNCFlora. O monitoramento e acompanhamento do plano é feito pelo Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) instituído pela Portaria de Pessoal JBRJ nº 66, de 6 de junho de 2023. Já a articulação e a execução das ações de conservação são realizadas por mais de 100 colaboradores que representam instituições de distintos setores da sociedade.
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