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Mona Lagoa do Peri entra para o Catálogo de Plantas das UCs do Brasil
O Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri, em Florianópolis, Santa Catarina, agora tem a lista de espécies de sua flora publicada no Catálogo de Plantas das Unidades de Conservação do Brasil. Trata-se da primeira UC municipal a integrar essa plataforma online.
A publicação traz a relação de 677 espécies, sendo 564 angiospermas (plantas com flores) e 113 espécies de samambaias e licófitas. Destaca-se a riqueza da família das orquídeas nessa UC, com registro de 93 espécies. As orquídeas correspondem ainda a 1/3 das plantas ameaçadas de extinção presentes no MONA Lagoa do Peri, com quatro espécies classificadas pelo CNCFlora na categoria Vulnerável (VU). A lista também registra 7 espécies de plantas que são endêmicas do estado.
Além da vegetação de floresta ombrófila, ou seja, característica de áreas com chuvas abundantes e frequentes, a lista dessa UC também é a primeira do Catálogo a apresentar espécies de restinga. O MONA tem importância estratégica para os catarinenses, pois em sua área se encontra o maior corpo de água doce do Estado de SC, com mananciais que abastecem quase todos os bairros do sul e do leste da Ilha de Santa Catarina.
As autoras são alunas de graduação, pós-graduação e pós-doutorado do Departamento de Botânica e do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas da Universidade Federal de Santa Catarina. Segundo a pesquisadora Mayara Caddah, muitas espécies que se sabe ocorrerem no MONA Lagoa do Peri ainda não estão registradas: “Ficamos muito surpresas em constatar como a UC, que está dentro de uma capital, é pouco coletada. Agora começaremos a analisar os dados de uma maneira mais detalhada. Acredito que encontraremos espécies raras, típicas de florestas maduras, já que a UC abriga os remanescentes mais conservados da Ilha”.
Instituída como Parque Municipal em 1981, a área se tornou Monumento Natural em 2019, sendo ampliada de 1.992 ha para 4.274 ha, e passou a integrar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). O acréscimo de território tornou a pesquisa por registros das espécies nos bancos de dados o principal desafio para a equipe envolvida, que trabalhou oito meses para completar o trabalho.
Para as autoras, a publicação da lista no Catálogo pode contribuir para a proteção de áreas de restinga da Ilha, cuja vegetação nativa vem sofrendo forte impacto da ação do setor imobiliário. “A lista, sem dúvida, será muito importante para ajudar a proteger os ecossistemas daqui e também para sustentar os outros trabalhos de biologia que são realizados na UC e arredores, além de fornecer dados para o plano de manejo, que ainda não foi elaborado”, afirma Mayara.
Acompanham a listagem uma descrição da UC e um banco de imagens com fotografias de algumas espécies nela registradas. Os dados de todas as espécies listadas são relacionados aos sistemas da Flora do Brasil 2020, Reflora, Jabot e CNCFlora.
O Catálogo de Plantas das UCs do Brasil está sediado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e é um produto do projeto “Redescobrindo espécies ameaçadas em Unidades de Conservação da Floresta Atlântica: bases para gestão, conservação e acesso à informação”, desenvolvido conjuntamente pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o JBRJ, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), a Universidade de Vila Velha (UVV) e a Universidade de São Paulo (USP).