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JBRJ colabora com livro sobre primeira circunavegação da Terra
O livro En búsqueda de las especias: las plantas de la expedición Magallanes-Elcano (1519-1522) foi lançado recentemente, como parte das comemorações dos 500 anos da primeira circunavegação do planeta, idealizada e capitaneada pelo português Fernão de Magalhães a serviço da coroa de Castela, Espanha.
Foram as plantas – mais especificamente o comércio das especiarias – que impulsionaram a primeira volta completa em torno da Terra. Os espanhóis tentavam alcançar o Oriente por uma rota que ainda não fosse dominada por Portugal e, para isso, cruzaram o Atlântico, passaram pelo que hoje é conhecido como o Estreito de Magalhães, extremo sul da América do Sul continental, e navegaram pelo Pacífico até chegarem às Ilhas Molucas, na Indonésia.
O Brasil foi um dos países onde esses navegadores fizeram escala. O artigo sobre a passagem de Fernão de Magalhães pelo Brasil coube ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro e foi escrito por Marcos Gonzalez, Haroldo Cavalcante de Lima e Claudia Franca Barros, com fotos de plantas do Arboreto do JBRJ feitas por Alexandre Abreu Machado. Os autores trabalharam sobre o texto Relazione del primo viaggio intorno al mondo, do cronista italiano Antonio Pigafetta, que estava a bordo da nau Victoria, uma das cinco embarcações da expedição.
A Mata Atlântica atraiu a atenção dos tripulantes. No texto de Pigafetta, o Brasil é chamado de ‘Terra do Verzino’, pois verzino era então uma das denominações do pau-brasil (Paubrasilia echinata). Já a Baía da Guanabara era por eles denominada Baía de Santa Lucia, onde chegaram em 13 de dezembro de 1519 e permaneceram por duas semanas. Nessa estadia, os tripulantes mantiveram contato com os povos que então dominavam a região (Tupinambás e Temiminós).
"Graças a esse intercâmbio, somos informados sobre muitas plantas nativas das Américas e sua importância para cultura Tupi, não apenas na alimentação e agricultura, mas também na caça e na pesca, vestimentas e habitação, nas artes da guerra e da paz e, mesmo, em sua cosmogonia", contam os autores.
Além de relatar os principais acontecimentos da primeira circunavegação, o livro aborda aspectos antropológicos, históricos, econômicos, de cartografia e de comunicação da época, dando conta de um feito que conectou pela primeira vez regiões do globo terrestre até então desconhecidas pelos europeus.
A publicação é da editora Catarata (Espanha), com coordenação do pesquisador Pablo Vargas, do Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha (CSIC) e do Real Jardín Botánico (RJB) em Madri, e conta também com a contribuição de autores da Argentina, Chile, Espanha, Filipinas e Portugal.