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Jardim Botânico do Rio de Janeiro oficializa publicação do PAN Faveiros
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro aprovou, na segunda-feira (15/5), o Plano de Ação Nacional para a Conservação (PAN) dos Faveiros Ameaçados de Extinção, que contempla duas espécies classificadas atualmente como Em Perigo de extinção (EN) na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, com base na aplicação dos critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). O PAN inclui o faveiro-de-wilson (Dimorphandra wilsonii) e o faveiro-da-mata (Dimorphandra exaltata) e estabelece estratégias de conservação para as duas espécies. O PAN Faveiros foi oficializado pela Portaria JBRJ nº 14, de 12 de maio de 2023.
Espécie de árvore rara, encontrada apenas em algumas localidades de Minas Gerais, o faveiro-de-wilson tem crescimento lento, levando cerca de 15 anos para atingir a vida adulta. Produz floração abundante e uma vagem de cheiro adocicado, que atrai o gado. Em 2014, chegou a ser classificado como Criticamente em Perigo (CR), a categoria mais alta de ameaça, devido à ocupação e exploração humana.
Um ano depois, em 2015, foi criado o primeiro PAN Faveiro-de-Wilson, coordenado pela Fundação de Parques Municipais e ZooBotânica de Belo Horizonte, com supervisão do Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ). Com o trabalho realizado desde então e todo o conhecimento acumulado, a espécie saiu da categoria CR e foi para EN (Em Perigo).
O recém-criado PAN Faveiros, oficializado em portaria publicada no Diário Oficial da União, inclui também o faveiro-da-mata (Dimorphandra exaltata). A espécie, que ocorre apenas no Brasil, restrita aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, também é classificada como EN. A espécie é muito parecida com o faveiro-de-wilson.
Os faveiros chamam atenção em florestas de Mata Atlântica e no Cerrado, tanto pela altura que podem alcançar (15 a 20 metros), quanto por suas inflorescências repletas de diminutas flores amareladas, que se projetam acima da copa, atraindo abelhas e outros pequenos insetos que se alimentam de pólen e néctar.
O atual PAN Faveiros prevê estratégias de conservação que beneficiam outras três espécies: faveiro-vermelho (Dimorphandra jorgei), fava-d'anta (Dimorphandra gardneriana) e faveira-do-campo (Dimorphandra mollis). A elaboração do PAN Faveiros ocorreu em oficinas participativas virtuais entre outubro e dezembro de 2021, envolvendo colaboradores de diversas instituições, sob a coordenação do JBRJ por meio do Núcleo Estratégias para Conservação da Flora Ameaçada de Extinção (NuEC) do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), no âmbito do Projeto CEPF: Juntos pelas espécies do Cerrado.
O PAN Faveiros tem como objetivo "ampliar as estratégias para a conservação e recuperação das populações de faveiros e seus habitats com participação multissetorial". As ações incluem, entre outras, implementação de estratégias integradas de manejo e conservação ex situ, in situ e on farm das populações das espécies-alvo e capacitação dos atores sociais para conservação e implementação de estratégias integradas de manejo e o fomento à criação de políticas públicas para conservar as espécies.
O PAN Faveiros entrará em vigor no dia 1º de junho de 2023. Para acompanhar sua implementação, realizar a monitoria e avaliação ao longo dos seus cinco anos de vigência, foi instituído também o Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) com 12 membros.