Notícias
Herbário do Jardim Botânico do Rio é reaberto com exposição de seu acervo e peça salva do incêndio do Museu Nacional
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro reabriu, nesta sexta-feira (7/5), à visitação pública, seu herbário - fechado, há mais de um ano, devido à pandemia de Covid-19 -, com a exposição “Coleções e ciência”. Com imagens, objetos e equipamentos, a exposição apresenta o que é um herbário (coleção dinâmica de plantas e fungos desidratados) e sua importância para o estudo e a conservação de espécies, além de peças do Laboratório de Algas do JBRJ. Um dos destaques da exposição é um peixe mero, espécie ameaçada de extinção, na categoria CR-Criticamente em Perigo, de 1,30m de comprimento e 80 quilos. De grande valor comercial, o peixe foi apreendido há 10 anos, no litoral de Santa Catarina, em uma operação do Ibama. A sua pesca, comercialização e industrialização são proibidas no Brasil. Depois de 10 anos de congelamento, o peixe chegou ao Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2019, passou pelo processo de taxidermia (técnica de preservação de animais mortos) e encontrava-se na reserva técnica do Museu.Outro destaque é uma esponja marinha (considerados os seres vivos mais antigos do reino animal), sobrevivente do incêndio que atingiu o Museu Nacional em 2018. A esponja foi coletada em 2014, em uma expedição oceanográfica, que contou com a participação de pesquisadores do Jardim Botânico do Rio, ao Recife Amazonas, um extenso coral de algas calcárias e sistema esponjoso de recifes, formando um corredor de biodiversidade. Naquela ocasião, a descoberta do recife causou surpresa mundial, pois muitos cientistas não acreditavam ser possível haver um ecossistema desse tipo debaixo da água doce e turva do Rio Amazonas. Em 2016, a descoberta foi confirmada.
Para mostrar aos visitantes a riqueza de conhecimentos que podem ser encontrados no herbário, a exposição apresenta as diversas coleções que o local abriga, como a carpoteca (coleção de frutos), a xiloteca (amostras de madeira), bancos de sementes, fungos e DNA e etnobotânica, além de suas exsicatas (amostras de planta ou alga, prensadas e em seguida secas numa estufa). A história do herbário também é contada. Criado em 1890, o Herbário do JBRJ tem um acervo de mais de 800 mil amostras, sendo o maior da América do Sul.
As transformações no trabalho dos botânicos ao longo do tempo também são abordadas na exposição, bem como a influência das novas tecnologias. Para isso, foram tomadas como exemplo as amostras do cajueiro, que teve sua primeira exsicata coletada em 1838 pelo naturalista Gardner no Crato, e está guardada no herbário de Kew, na Inglaterra. Agora digitalizada, está disponível on-line para o mundo todo, graças ao projeto Herbário Virtual Reflora, coordenado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Assim, como o caju, outras 3,8 milhões de amostras de plantas brasileiras podem hoje ser acessadas pela internet http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual/, facilitando o estudo das espécies.
Já o Laboratório de Algas do Jardim Botânico do Rio desenvolve pesquisas com ênfase em temas relevantes para o entendimento dos ecossistemas marinhos, inclusive gerando dados científicos que subsidiam políticas de conservação. Além disso, também desenvolve pesquisas para a identificação do potencial de uso biotecnológico e sustentável destes ecossistemas. Estudos de biodiversidade com ênfase na conservação de áreas marinhas estão entre as principais linhas de pesquisa desenvolvidas no Laboratório.
A exposição “Coleções e ciência” pode ser vista diariamente, das 9h às 17h, no Herbário do Jardim Botânico do Rio. O Herbário está aberto a todos os visitantes do Jardim Botânico, além de passar a integrar o circuito de visita guiada, na modalidade premium, em carrinhos elétricos. Um condutor trilíngue (português, inglês e espanhol) apresenta diversas trilhas temáticas do Jardim Botânico, passando por pontos de destaque como o pau-brasil, o Lago Frei Leandro, a Casa dos Pilões, Bromeliário, Canteiro da Restinga e outras atrações naturais, culturais e históricas no arboreto.
Devido às medidas de enfrentamento da pandemia da Covid-19, as visitas ao Jardim devem ser agendadas previamente pelo sistema agendamentovisita.jbrj.gov.br. O acesso ao Jardim continua a se dar exclusivamente pelo portão da Rua Jardim Botânico, nº 1008, para controle do fluxo de entrada.