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Expedição encontra novas espécies no Território do PAN Bacia do Alto Tocantins
Por Verônica Marques
Em expedição realizada entre 5 e 9 de agosto na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, pesquisadores fizeram descobertas botânicas inéditas. Entre elas, destaca-se a identificação de quatro espécies de Mimosa, ainda não descritas e endêmicas no município de Cavalcante (GO).
O Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), por meio do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), está realizando expedições botânicas no Cerrado, com intuito de explorar o território e obter mais informações sobre as espécies ameaçadas de extinção e reduzir as lacunas de conhecimento existentes. O Cerrado é o Bioma com uma das maiores biodiversidades do mundo e infelizmente vem sofrendo pressão intensa de desmatamento, causada principalmente pela expansão da agropecuária. Por isso, expedições botânicas são ferramentas valiosas para diminuir essas ausências de conhecimentos sobre as espécies e fazer novas descobertas.
Essas expedições são viabilizadas pelo recurso do projeto GEF Pró-Espécies: Todos contra a extinção e integram um conjunto de ações do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção da Bacia do Alto Tocantins (PAN Bacia do Alto Tocantins), visando cumprir o Objetivo 1 que trata da “Geração e sistematização do conhecimento sobre as espécies-alvo e seus ambientes para a conservação e seu uso sustentável”. A ação busca realizar expedições científicas para coleta de material botânico e mapeamento de populações das espécies ameaçadas (especialmente endêmicas de GO e DF) e com Dados insuficientes (DD) nas localidades de ocorrência conhecida e em áreas com lacunas de conhecimento no território do PAN.
Nos dias 5 a 9 de agosto de 2024, a expedição foi conduzida pelo colaborador da Ação do PAN Dr. Marcelo Fragomeni Simon, pesquisador da Embrapa-Cenargen, juntamente com sua equipe: Bianca Schindler, doutoranda, e Tawane Rodrigues dos Santos, mestranda, ambas pela Universidade de Brasília, além de Valdeci Ferreira Gomes, técnico da Embrapa-Cenargen. A expedição trouxe resultados impressionantes. A equipe coletou 36 espécies, incluindo 6 ameaçadas de extinção, sendo 4 alvos de conservação do PAN Bacia do Alto Tocantins. Os pesquisadores também coletaram frutos e sementes de espécies ameaçadas, com o objetivo de realizar experimentos de propagação e conservação em laboratório.
A expedição também conduziu estudos populacionais para avaliar se essas populações estão se mantendo saudáveis ao longo dos anos. Marcelo e sua equipe realizaram essa amostragem para duas espécies ameaçadas, cujos dados serão fundamentais para um melhor entendimento sobre a abundância e a estrutura populacional delas na natureza, contribuindo assim para sua conservação.
Sobre os resultados obtidos, Simon ressalta: “Conseguimos realizar uma série de registros interessantes, além de coletar sementes que servirão como um backup para a conservação a longo prazo das espécies ameaçadas. Também pudemos verificar a importância da preservação das áreas de vegetação nativa em propriedades privadas para a sobrevivência da flora ameaçada do Cerrado.”
Marcio Verdi, coordenador do PAN Bacia do Alto Tocantins e coordenador de projetos de Estratégias para Conservação da Flora Ameaçada de Extinção (NuEC/CNCFlora/JBRJ) acrescenta: ”Os resultados dessa expedição vão muito além da coleta de material botânico e mapeamento das populações das espécies ameaçadas, como previsto nesta ação. Marcelo e a equipe realizaram coleta de dados que suprem lacunas de conhecimento científico e atendem produtos e resultados esperados em outras ações do PAN, como aquelas sobre estudos populacionais, caracterização de parâmetros germinativos e avaliação do risco de extinção para subsidiar a elaboração da Lista Vermelha da Flora de Goiás”.
A equipe retornou entusiasmada com os resultados, reconhecendo a importância e a relevância dos avanços obtidos para o Cerrado — um bioma tão impactado pela agropecuária, queimadas não naturais e ainda com uma vasta biodiversidade pouco conhecida. O grupo pretende continuar as pesquisas e coletas na região, ampliando o conhecimento sobre as espécies-alvo, em colaboração com outros parceiros do PAN, com o objetivo de desenvolver estratégias de conservação e subsidiar a criação de políticas públicas.
PAN Bacia do Alto Tocantins
O PAN Bacia do Alto Tocantins foi oficializado na Portaria JBRJ nº 15, de 6 de junho de 2023, e tem vigência até 2028. O objetivo é ampliar, em 5 anos, as medidas de conservação das espécies-alvo, dos ambientes e a manutenção de serviços ecossistêmicos, com envolvimento de toda a sociedade.
O plano estabelece 24 ações de conservação, divididas em quatro objetivos específicos, que abrangem temas como Pesquisa e Monitoramento, Capacitação e Comunicação, Manejo e Conservação, e Políticas Públicas, com foco em 98 espécies da flora, sendo 14 classificadas na categoria “Criticamente em Perigo” (CR), 58 na categoria “Em Perigo” (EN) e 26 na categoria “Vulnerável” (VU). Também são contempladas 29 espécies classificadas na categoria “Quase Ameaçada” (NT) e 15 na categoria “Dados Insuficientes” (DD). O território do PAN abrange parte do estado de Goiás e do Distrito Federal.
A coordenação do PAN Bacia do Alto Tocantins é realizada pelo Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), por meio da Coordenação de Projeto Núcleo Estratégias para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção (NuEC) do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). O monitoramento e acompanhamento do plano é feito pelo Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) instituído pela Portaria de Pessoal JBRJ nº 66, de 6 de junho de 2023. Já a articulação e a execução das ações de conservação são realizadas por mais de 100 colaboradores que representam instituições de distintos setores da sociedade.
Para mais informações sobre o PAN Bacia do Alto Tocantins, acesse o link.