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Estudo propõe criação de banco de fotos das plantas do mundo
Ilustração feita pelo artista Gustavo Marigo reconstituindo a possível aparência da Octomeria itatiaiae - que nunca foi fotografada - com base na única exsicata disponível, na descrição científica, na comparação com outras espécies do gênero Octomeria e em conversas com especialistas
Em artigo publicado na Nature Plants em 29 de julho de 2021, pesquisadores apontam que quase metade das espécies de plantas das Américas não conta com fotografias de campo que poderiam contribuir para sua pesquisa e conservação. Além disso, as fotos existentes estão dispersas em centenas de websites, o que torna difícil encontrá-las. Por isso, os autores propõem a criação de um banco de dados centralizado que reúna todas essas imagens.
Segundo o estudo Identifying gaps in the photographic record of the vascular plant flora of the Americas , a maioria das plantas ainda não fotografadas ocorre em países tropicais e megadiversos, como o Brasil. Das cerca de 35 mil espécies de plantas vasculares do país, estima-se que 15 mil nunca tenham sido registradas em fotos.
Ilustração de Rosiane Gouvêa/espécie Aechmea grazielae
O artigo teve como coautoras Rafaela Campostrini Forzza e Fabiana Filardi, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O JBRJ sedia e coordena a Flora do Brasil , plataforma online que reúne os dados de todas as espécies de plantas, algas e fungos que ocorrem no país. Nela, os pesquisadores tiveram acesso a fotos de 5459 espécies, das quais 1534 não foram encontradas em nenhum outro website.
- Os dados apresentados neste trabalho foram levantados no website da Flora do Brasil antes do fechamento que realizamos no final de 2020, então já temos mais espécies da flora brasileira com imagens disponíveis, mas, de qualquer forma, ainda temos um grande desafio pela frente nos próximos anos. Imagens das plantas vivas são fundamentais não apenas para os cientistas, mas também para mostrar para o grande público a beleza das plantas nativas do Brasil - afirma Rafaela Forzza.
Segundo Nigel Pitman, do Field Museum e coautor do estudo, organizar as fotos em uma galeria global com acesso online se faz necessário porque “estamos em meio a uma crise de extinção global, e não podemos proteger as plantas ameaçadas se não sabemos a aparência delas”.