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Catálogo de Plantas das UCs do Brasil disponibiliza quatro novas listas do Estado de SP
"Nectandra oppositifolia" Nees, no Parque Estadual Carlos Botelho, SP | Foto: João Batista Baitello
O Catálogo de Plantas das Unidades de Conservação do Brasil recebeu o acréscimo, em 8 de março de 2021, das listas de plantas da Estação Ecológica de Assis, Estação Ecológica de Avaré, Estação Ecológica de Caetetus e Parque Estadual Carlos Botelho, todas UCs do Estado de São Paulo. Com isso, o Catálogo, lançado em março de 2019, conta agora com as listagens de 12 Unidades de Conservação.
As novas listas foram construídas pelos pesquisadores Matheus Colli Silva, Natalia Ivanauskas e João Batista Baitello, do Instituto Florestal. Eles compilaram e revisaram registros de três bases de dados: uma derivada de um artigo publicado em 2016 (Colli-Silva et al. 2016), que fez uma revisão sistemática dos registros de espécies que ocorrem dentro das UCs; consulta à base do speciesLink, e consulta à base do GBIF.
"Dados dessas três fontes foram baixados, congregados, e revisados quanto ao status taxonômico e nomenclatural, localidade do registro e características da espécie, sobretudo consultando informações disponibilizadas pelo projeto Flora do Brasil 2020", explica Matheus.
As quatro UCs são de proteção integral, a categoria mais estrita de proteção. A Estação Ecológica de Assis, com 1.760,64 ha, protege o manancial de abastecimento público do município que lhe dá nome. Nela estão 357 espécies de plantas de 226 gêneros e 87 famílias. Já na EE Avaré, encontram-se 59 espécies de 52 gêneros e 25 famílias, distribuídos por 720,4 ha.
A EE Caetetus, localizada nos municípios de Gália e Alvinlândia, é o maior remanescente de floresta natural do sudoeste do Estado. Com 2.178,84 ha, nela ocorrem 274 espécies de 192 gêneros e 68 famílias. E no Parque Estadual Carlos Botelho, com 37.644,36 ha, foram registradas 988 espécies de 458 gêneros e 128 famílias, sendo 13 espécies endêmicas de SP, algumas ameaçadas de extinção, como Inga praegnans ("Em Perigo" segundo a IUCN) e Ormosia minor ("Vulnerável" segundo a IUCN).
Atualmente as unidades são geridas pela Fundação Florestal. As pesquisas científicas nessas áreas protegidas são gerenciadas e desenvolvidas pelo Instituto Florestal, juntamente com o Instituto de Botânica e o Instituto Geológico, todos vinculados à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Os autores das novas listas consideram que "a importância de se fazer esses checklists está no fortalecimento do conhecimento e sistematização da flora conhecida e protegida pela rede de UCs de SP. Importante destacar que mesmo SP sendo um dos estados mais bem coletados do país, e com parcela importante de Mata Atlântica protegida (sobretudo na região da Serra do Mar, com o Parque Estadual da Serra do Mar), ainda pouco se conhece das floras das UCs, ou o que se conhece está fragmentado nas bases de dados, é enviesado ou não está apropriadamente sistematizado. Logo, esse trabalho de organização é importante tanto pra tomadores de decisão, como para cientistas, ambientalistas ou outros setores da sociedade civil".
O Catálogo de Plantas das Unidades de Conservação do Brasil é uma iniciativa do projeto “Redescobrindo espécies ameaçadas em Unidades de Conservação da Floresta Atlântica: bases para gestão, conservação e acesso à informação”, uma parceria entre a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), a Universidade de Vila Velha (UVV) e a Universidade de São Paulo (USP), com financiamento do CNPq e FAPES.