Geral
21 de setembro - Dia Nacional e Estadual da Luta da Pessoa com Deficiência
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro tem realizado ações, campanhas e adequações de seus espaços para que o visitante encontre um ambiente cada vez mais inclusivo, com o objetivo de contribuir para a melhoria das condições de mobilidade, acessibilidade e sustentabilidade.
No Jardim Sensorial, o JBRJ oferece aos visitantes atividades que estimulam os cinco sentidos (audição, tato, paladar, olfato e visão) e buscam sensibilizar o público em relação à questão da inclusão. Essas atividades são orientadas por monitores do CRS, alguns deles cegos e de baixa visão. Em comemoração ao Dia de Luta da Pessoa com Deficiência, entrevistamos meninos e meninas que desenvolvem essas atividades.
Felipe Pereira Rodrigues, 25 anos, deficiente visual total desde os 12, é um dos monitores que trabalha no Jardim Sensorial. Para ele, a troca entre eles e o visitante que enxerga e que se permite verdadeiramente interagir com a experiência sensorial, pode trazer um resultado emocionante.
Aqui a gente entra no mundo deles, um lugar muito importante dentro do Jardim Botânico. São eles que trazem o conhecimento deles para a gente, é uma experiência muito nova para mim, diz com admiração o também aluno vidente do CRS, Iuri Garay.
Estou somente há um ano no Sensorial como monitora e minha experiência com a venda nos olhos me deu a dimensão de como é não enxergar. Fiquei totalmente tonta. Na verdade, percebi que mesmo a gente auxiliando no deslocamento destes jovens que não enxergam, eles nos ajudam muito mais, diz Larissa Lourenço Ferreira.
Samuel de Souza que perdeu a visão total aos 17 anos, hoje com 23, conta que esta é sua primeira oportunidade de trabalho. Pois é no Jardim Sensorial que eles recebem formação, manuseiam ferramentas de jardinagem, plantam, regam e cuidam do espaço. As pessoas em geral e muitos cegos quando fazem esta visita guiada por nós ficam impressionados em como conseguimos descrever tão detalhadamente as plantas, inclusive as cores.
A experiência do Jardim Sensorial é descrita pela aluna do CRS, Ester Ramacciott como aprender a estar no lugar do próximo. É sem dúvida uma experiência inexplicável estar com eles. Não aprendi sobre o Jardim Sensorial com as placas, aprendi com eles, afirma a aluna Rebeca Andrade.
A primeira vez que fiz a atividade do Sensorial percebi como é importante estas adaptações dos espaços para receber uma pessoa com deficiência. O piso tátil, as placas em braille, a ajuda do próximo quando você é deficiente. Esta é uma questão que as pessoas levantam, discutem, mas muito poucos colocam em prática., afirma Ághata Lima E conclui o que falta é justamente este contato mais próximo com pessoas com deficiência para que você possa verdadeiramente entendê-las e aí sim poder ajudar.
Inclusão, sem dúvida um assunto ainda a ser muito discutido. Segundo Felipe Rodrigues, é muito extenso. Não é o fato de precisarmos de ajuda, por sermos deficientes visuais que nos torna dependentes. Hoje em dia o deficiente pode trabalhar, pode estudar, pode ter uma vida financeira boa, melhor do que uma pessoa vidente, até porque a inteligência não se mede pela deficiência. E conclui de maneira direta e que nos deixa uma reflexão Ainda existe muito esta questão do coitado, da pena, mas o que falta mesmo é que as pessoas nos enxerguem.
Além deste importante trabalho do CRS, a recém-inaugurada Região Amazônica do JBRJ possui placas interpretativas em braille e um mapa tátil para garantir à pessoa com deficiência visual ou de baixa visão uma visitação mais acessível.
A reforma da portaria da rua Pacheco Leão, 915 com instalação de piso tátil e banheiro acessível para o visitante portador de deficiência física ou com mobilidade reduzida, também foi outra ação do JBRJ na busca por um serviço mais inclusivo. E, embora o JBRJ não disponibilize estacionamento, para estes visitantes, há quatro vagas para veículos adaptados e identificados como sendo de portadores de deficiência física na entrada principal - rua Jardim Botânico, 1008.
Parte da equipe do Centro de Responsabilidade Socioambiental
Visita guiada no Jardim Sensorial por Felipe Rodrigues
Visita guiada no Jardim Sensorial com Samuel de Souza
Canteiro do Jardim Sensorial
Fotos | Ester Santos