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Herbário: coleção e ciência é nova exposição no Jardim Botânico do Rio
O herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro inaugurou, em 13 de junho de 2017, a sua nova exposição de longa duração. A mostra é voltada principalmente para receber estudantes do ensino fundamental à universidade.
A exposição Herbário: coleção e ciência, montada com o apoio da FAPERJ através do projeto Reflora, apresenta, com imagens, textos e objetos, o que é esse espaço e o que se faz nele. Pouca gente conhece um herbário, mas todo mundo usa, direta ou indiretamente, as informações que vêm dele. Nos herbários estão os dados e amostras de todas as espécies de plantas, algas e fungos conhecidas pela ciência. No Brasil, o maior é o herbário RB, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, criado em 1890, e que tem hoje um acervo de mais de 700 mil amostras, em sua maior parte nativas do território nacional.
Nossa vida e de toda a sociedade depende das plantas desde sempre. Elas são fundamentais para o ar que respiramos, para a nossa alimentação, estão no que vestimos, nos móveis, nas casas, nos medicamentos, em uma infinidade de coisas. E muito do conhecimento científico sobre elas seus nomes, seus usos, sua origem geográfica, por exemplo vem dos herbários, explica a pesquisadora Rafaela Campostrini Forzza, que compartilha com a também pesquisadora Marli Pires Morim a curadoria da exposição.
Para mostrar aos visitantes a riqueza de conhecimentos que podem ser encontrados no herbário RB, a exposição está dividida em duas partes. A primeira apresenta as diversas coleções que ele abriga, como a Carpoteca (coleção de frutos), a Xiloteca (amostras de madeira), Bancos de Sementes, Fungos e DNA e Etnobotânica, além de suas exsicatas. A história do RB, desde sua criação há mais de cem anos, também será contada nessa seção.
Além disso, um grande painel de fotos apresentará os métodos e técnicas para que as amostras vegetais, coletadas na natureza, sejam transformadas em peças para compor o acervo dessas coleções. E outros dois painéis são dedicados às diferentes formas que os botânicos usam para representar as plantas, com fotografias e ilustrações em nankin e aquarela. Também estão representadas espécies da nossa flora ameaçadas de extinção.
As transformações no trabalho dos botânicos ao longo do tempo também são abordadas na exposição, bem como a influência das novas tecnologias. Para isso, foram tomadas como exemplo as amostras do cajueiro, que teve uma de suas primeiras amostras coletada em 1838 pelo naturalista Gardner no Crato, e que está guardada no herbário de Kew, na Inglaterra. Agora digitalizada, ela está disponível on-line para o mundo todo, graças ao projeto Herbário Virtual Reflora, coordenado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Assim, como o caju, outros 2,5 milhões de amostras de plantas brasileiras podem hoje ser acessadas pela internet, facilitando o estudo das espécies.
O segundo bloco da exposição, organizado pelas historiadoras Alda Heizer (JBRJ) e a Manuela Sobral, é dedicado aos naturalistas e pesquisadores que, desbravando novos territórios para o conhecimento científico, contribuíram para o conhecimento da diversidade dos seres vivos no Brasil através dos séculos. Os principais botânicos que trabalharam no JBRJ entre os quais Barbosa Rodrigues, Adolpho Ducke e Graziela Barroso, estarão representados, bem como as expedições aos mais diversos pontos do país das montanhas amazônicas até o fundo do mar.
Um lugar de destaque na exposição é dado a Carl Von Martius (1794-1868). O naturalista chegou a nosso país há 200 anos e foi responsável, com colaboradores, por compilar o primeiro catálogo das plantas brasileiras conhecidas até então a Flora Brasiliensis, com registros de cerca de 22 mil espécies, suas características, habitats e usos. Estão expostas as reproduções de dois mapas feitos por Martius para a Flora Brasiliensis, digitalizadas diretamente do original, que se encontra na Biblioteca Barbosa Rodrigues. Os mapas mostram o itinerário de cerca de 10 mil km percorrido pela expedição de Spix & Martius e também a primeira classificação dos biomas brasileiros.
A exposição reúne um rico acervo sobre as atividades de um pesquisador nesta área. Trata-se de um valioso registro da história da pesquisa botânica no país, que a partir de agora estará disponível para a sociedade, destaca Renato Crespo Pereira, diretor de Pesquisas Científicas do JBRJ
Com coordenação de projeto e direção de arte de Mary Paz Guillén, a exposição é a primeira parada da visitação ao herbário RB, que agora ganha também uma videoteca. O espaço permite várias possibilidades de abordagens interdisciplinares para os grupos de estudantes e professores, que, além de conhecerem o espaço e o modo de trabalho dos botânicos na atualidade, podem entender também a ciência em seu contexto histórico. É possível contar a história do Brasil a partir do que temos aqui. Esta é uma visita cheia de emoções e sensações, conclui Rafaela Forzza.
Serviço:
Exposição Herbário: coleção e ciência
A partir de 14 de junho de 2017
Herbário RB Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Rua Pacheco Leão, 915, Rio de Janeiro
Segunda: 13h às 16h
Terça a quinta: 8h às 11h30 e 13h às 16h
Agendamento para visitas acadêmicas pelo e-mail rb@jbrj.gov.br, informando o objetivo da visita, número de pessoas, horário, nome da instituição científica e/ou curso de formação, básico ou universitário.
Entrada no Jardim
Inteira - R$15,00
Meia - R$7,50
Painel Herbário coleção e ciência
Painéis e materiais da exposição
#PartiuHerbário!
Fachada do prédio do Herbário
Fotos | Ester Santos