Geral
Controle do crescimento de jaqueiras no entorno do Arboreto
O Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro vem realizando o trabalho de controle do crescimento das jaqueiras (
Artocarpus heterophyllus
), nas áreas adjacentes ao Arboreto. A retirada das mudas e de alguns indivíduos jovens e adultos dessa espécie faz-se necessária pelo fato dessas árvores estarem se espalhando descontroladamente em áreas da Mata Atlântica vizinhas ao Jardim.
Futuramente, com os espaços que aparecerão em consequência da retirada desses espécimes, serão plantadas mudas de espécies nativas do Rio de Janeiro, ameaçadas de extinção, como também arvores frutíferas, atendendo à missão do Jardim Botânico de preservação.
A jaqueira é originária da Índia e outras regiões do sudeste asiático e veio para o Brasil no século XVII. Aclimatou-se tão bem, em praticamente todo o território nacional, que ganha a disputa pela sobrevivência com espécies nativas, sendo considerada exótica invasora. Suas folhas bloqueiam a luz do sol e, como não se decompõem com facilidade, ao cair impedem a germinação de outras espécies.
A proliferação dessas árvores, com oferta abundante de alimento, levou a uma superpopulação de saguis, animais que também se alimentam de ovos de pássaros e pequenos vertebrados.
A jaqueira prejudica o desenvolvimento de espécies nativas por conta da sua forma agressiva de reprodução. A espécie produz uma quantidade interminável de sementes, e quando o fruto explode no chão, cada uma delas gera uma muda (quase 100% germinam). A planta também é alelopática ou seja, ela espalha à sua volta uma substância que não permite o desenvolvimento de outras espécies.
A capacidade de dispersão da jaqueira é muito grande. Além do ser humano, diversos animais adoram seu fruto, contribuindo decisivamente para esta dispersão, espalhando a semente em vários lugares. Um deles é o gambá, que é um importante dispersor de sementes de várias espécies de plantas. Quando ele chega em áreas com jaqueiras, perde este papel, porque passa a comer só jaca e deixa de comer os frutos das plantas nativas.
O Jardim Botânico espera, assim, contar com a compreensão de todos nesse trabalho de controle da disseminação das jaqueiras.