Geral
Do coração da Amazônia no séc. XIX para a era digital
Publicado em
13/10/2016 12h17
Atualizado em
31/10/2022 12h40
Encontro no Jardim Botânico do Rio de Janeiro marca início de projeto que dará acesso digital às coleções do naturalista inglês Richard Spruce.
Imagine cruzar a Floresta Amazônica de barco, desde as nascentes nos Andes até a foz do rio Amazonas no Atlântico. Se parece uma aventura e tanto, pense em como seria fazer isso no Século XIX, quando não havia lanchas com motor, GPS e outros recursos que temos hoje. Pois foi exatamente isso que o botânico inglês Richard Spruce (1817-1893) fez: em uma expedição que durou 15 anos, de 1849 a 1864, ele desceu os 6.992 km do rio, coletando animais, plantas e artefatos e outros materiais obtidos, principalmente, com os povos indígenas que habitavam a região do Alto Rio Negro. Além disso, Spruce fez anotações sobre tudo o que viu na viagem.
O resultado dessa corajosa expedição compõe hoje o acervo de coleções que estão, em sua maior parte, no Reino Unido. Agora o projeto O valor das coleções bioculturais no Brasil: integrando diversas bases de dados, vai reunir, sistematizar e dar acesso às imagens e dados das coleções de Spruce, além de capacitar profissionais para trabalhar com elas e com outros acervos similares.
O mais importante é que esses dados, guardados há mais de 150 anos no exterior, estarão, pela primeira vez, acessíveis para os descendentes dos povos visitados por Spruce. Saberes, tecnologias e modos de vida dos povos tradicionais há muito tempo são confrontados e influenciados por seu entorno, essa iniciativa mostra como essas relações geraram conhecimentos científicos que podem ser retomados. Povos de hoje poderão se capacitar para criar e fazer a curadoria de suas próprias coleções, tendo maior autonomia na preservação e usos desse legado para futuras gerações.
Encontro O primeiro evento do projeto será uma série de palestras no dia 18 de outubro, a partir das 9h30, na Escola Nacional de Botânica Tropical, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro (ENBT/JBRJ). Entre os convidados, estão os professores doutores Luciana Martins, especialista em Culturas Visuais da América Latina, da Birkbeck University de Londres, Mark Nesbitt, curador da Coleção de Botânica Econômica do Royal Botanic Gardens, Kew (Reino Unido) e Dagoberto Lima Azevedo , da Universidade Federal do Amazonas NEAI/UFAM).
A mesa de abertura do evento contará com a participação do presidente do JBRJ, Sergio Besserman, e representantes das instituições envolvidas. Os interessados podem se inscrever pelo e-mail ascom@jbrj.gov.br com o assunto Encontro Coleções Bioculturais. As vagas são limitadas. Na mesma semana, a partir do dia 19, acontece um workshop (fechado) para o primeiro grupo de 12 profissionais que serão capacitados pelo projeto.
No Brasil, o projeto é coordenado pela pesquisadora Viviane S. Fonseca Kruel, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e, no Reino Unido, pelos pesquisadores William Milliken e Mark Nesbitt, do Royal Botanic Gardens, Kew. Também são parceiros o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), o Instituto Socioambiental (ISA), a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) e a Birkbeck, University of London. Os recursos vêm do projeto aprovado pelo British Council/Newton Fund através do edital - Institutional Skills 2015.
Programação:
Terça-feira 18 de Outubro
10h Mesa de Abertura
Sergio Besserman Vianna - Presidente do JBRJ
Gustavo Martinelli - Diretor de Pesquisa Científica JBRJ
Julia Knights Diretora do Science and Innovation Network (SIN do governo britânico no Brasil)
Diana Daste - Senior Programme Manager Newton Fund / British Council
10h30 12h - Apresentações
Coleções Bioculturais e a proposta Mobilising the value of biocultural collections in Brazil -
Mark Nesbitt (Curador da Coleção de Botânica Econômica, Kew) & Viviane Stern da Fonseca Kruel (Pesquisadora do JBRJ)
Investigando o legado de Richard Spruce: saberes e usos da flora na Amazônia brasileira -Luciana Martins (Profa. Birkbeck, University of London)
Pesquisas Interculturais e Manejo Ambiental no Noroeste Amazônico - Adeilson Lopes da Silva & Pieter-jan van der Veld (Pesquisadores do Instituto Socioambiental)
A floresta na cosmologia dos Tukanos Dagoberto Lima Azevedo (Mestrando do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena NEAI/UFAM)
14h 17h Apresentações
Reflora: repatriamento de coleções históricas brasileiras
Rafaela Forzza e Luis Alexandre Estevão (Pesquisadores do JBRJ)
Registros da natureza brasileira, séculos XVIII e XIX
Lorelai Kury (Pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz)
Das drogas do sertão à sociodiversidade: ciência, política e reconfigurações da Amazônia - Ana Maria Lima Daou (Profa. da UFRJ/Depto. de Geografia)
A Coleção Etnográfica do Museu Paraense Emílio Goeldi e os povos indígenas: desafios contemporâneos - Claudia Leonor López Garcés (Pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi)
Serviço
Encontro O valor das coleções bioculturais no Brasil: integrando diversas bases de dados
Dia 18 de outubro de 2016
Escola Nacional de Botânica Tropical ENBT
Rua Pacheco Leão, 2040, Horto
Inscrições pelo e-mail: ascom@jbrj.gov.br (vagas limitadas)