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Estudo publicado na Science relaciona polinização e produtividade agrícola
O pesquisador Leandro Freitas, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, é um dos autores do artigo Mutually beneficial pollinator diversity and crop yield outcomes in small and large farms, publicado nesta sexta-feira, 22 de janeiro de 2016, na revista Science.
O estudo mostra que a intensificação ecológica aumento da produção agrícola por meio da melhoria da biodiversidade e seus serviços ecossistêmicos pode ser um caminho sustentável para a segurança alimentar em países em desenvolvimento.
Segundo Leandro Freitas, antes dessa pesquisa, a intensificação ecológica em polinização ainda não havia sido tratada em larga escala. O estudo envolveu 35 pesquisadores, que fizeram experimentos durante cinco anos em pequenas e grandes propriedades rurais de países da América Latina, África e Ásia, além de um grupo na Noruega.
Utilizando um mesmo protocolo (Protocol to detect and assess pollination deficits in crops, de Bernard Vaissière, Breno Freitas e Barbara Gemmill-Herren) eles puderam comparar os resultados relativos a densidade e riqueza de polinizadores para 33 tipos de culturas agrícolas, como tomate e canola. Uma das conclusões é de que os polinizadores, principalmente as abelhas, fazem diferença na produção.
Importante também é que o resultado difere para pequenas e grandes propriedades. Enquanto nas pequenas (até 2ha) uma maior densidade de polinizadores já resulta em maior produtividade, para as grandes propriedades o mesmo resultado só é obtido quando existe também uma maior riqueza de espécies polinizadoras. Para isso, é preciso haver paisagens mais heterogêneas, com remanescentes de vegetação, com maior diversidade de plantas, explica Leandro. O aumento de produtividade é, em média, de 24%
O pesquisador lembra que foi só a partir da década de 1990 que se começou a ter uma percepção clara da importância dos polinizadores na agricultura. No Brasil, um marco foi a constituição da Iniciativa Brasileira de Polinizadores (IBP), em 2000, dirigida pelo Ministério do Meio Ambiente, USP e Embrapa, e integrada à Iniciativa Internacional para Conservação e Uso Sustentável dos Polinizadores, da CDB. Com auxílio da FAO, o IBP obteve recursos do Global Environment Facility (GEF) para financiar pesquisas mais abrangentes com abordagem ecossistêmica, o que possibilitou a participação brasileira no estudo agora publicado.
Saiba mais sobre o estudo na matéria publicada no site da revista Pesquisa Fapesp.
Ouça o spot sobre o projeto Polinizadores do Brasil, veiculado na rádio 97 FM no norte do estado do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo.
Foto da home: Abelha visitando flores de maçã na Chapada Diamantina. (C) Thiago Mahlman