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2º Simpósio do Centro de Responsabilidade Socioambiental JBRJ
O 2º Simpósio do Centro de Responsabilidade Socioambiental do Jardim Botânico do Rio de Janeiro aconteceu nos dias 17 e 18 de novembro com o tema: Educação Inclusiva e Responsabilidade Social.
O objetivo deste II Simpósio foi trazer o diálogo e reflexões sobre ações inclusivas promovidas por diferentes setores da sociedade e apresentar caminhos para implementação da responsabilidade socioambiental.
No primeiro dia do encontro, terça-feira, 17 de novembro, a abertura foi da Presidente do Jardim Botânico, Samyra Crespo. Em seu discurso, Samyra destacou que o Programa do Centro de Responsabilidade Socioambiental (CRS) reforça o compromisso do Jardim Botânico com a educação e que com este Simpósio, a instituição promove, mais uma vez, o debate sobre questões relevantes para sociedade, como a inclusão social.
Em seu discurso de apresentação Samyra acrescentou, ainda, a importância de se ter uma perspectiva histórica de todos os avanços alcançados com relação aos direitos políticos, sociais e, agora, a busca por direitos ambientais. E concluiu, convidando a todos para participar como agentes de desenvolvimento destes direitos, com objetivo de fortalecer o Jardim e, assim, também inspirar outras instituições.
A seguir, houve apresentação da Orquestra de Jovens Ação social pela Música do Brasil, uma ONG com mais de 20 anos, que oferece, às comunidades carentes, acesso à música como recurso de acessibilidade. A regência foi de Priscila Bonfim.
No dia 18, segundo dia do encontro, o público assistiu a uma apresentação do Desembargador do Tribunal do estado do Rio de Janeiro, Siro Darlan, sobre Justiça e Inclusão Social. O papel fundamental do Jardim Botânico e seus programas de inclusão, as disparidades do sistema prisional e o sucesso da adoção de medidas alternativas para lidar com os jovens infratores foram alguns dos temas trazidos pelo Desembargador. Siro apresentou dados que comprovam que cerca de 70% de jovens que passam pelo sistema prisional reincidem no crime. Este número cai para 30% quando são adotadas medidas socioeducativas.
Logo após, uma mesa redonda, tendo como moderadora a engenheira florestal e pesquisadora do Jardim Botânico RJ, Márcia de Fátima Inácio, debateu: Conversação sobre Educação Inclusiva: casos e perspectivas.
O Desembargador do TJRJ, Luis Gustavo Grandinetti; o Presidente do Instituto Benjamin Constant, João Ricardo Melo Fiqueiredo e a pesquisadora do JBRJ, Ariane Luna Peixoto fizeram suas apresentações.
Para o Desembargador Grandinetti hoje ainda há um forte investimento na exclusão social diante do grande número de condenações judiciais e de presídios construídos em todo país. Segundo dados apresentados pelo Desembargador, o custo anual de um presidiário é, atualmente, 73% maior do que o investimento em educação fundamental.
Neste sentido, o Jardim Botânico e sua missão histórica em educar, foi destaque na apresentação da botânica e pesquisadora da instituição Ariane Luna Peixoto. Ariane apresentou um detalhado levantamento das atividades, com fins educacionais, realizadas no Jardim desde sua fundação.
Para o Presidente do Instituto Benjamin Constant, João Ricardo Melo Figueiredo a educação tem um forte papel na adoção de práticas inclusivas da pessoa cega à sociedade. Uma realidade que, infelizmente, ainda atravessa muitas barreiras segundo João Ricardo.
À tarde, o tema debatido por outros convidados para o evento foi Ações Sustentáveis e Oportunidades, mediado pela bióloga do JBRJ, Viviane Stern da Fonseca Kruel .
Para o engenheiro florestal e professor da UFRJ, Fabio Scarano, hoje o mundo tem uma urgência inadiável. Assumir o compromisso de mitigar as emissões de gases para evitar que a exclusão social não seja potencializada, principalmente, na população de baixa renda é fundamental, advertiu Scarano fazendo referência ao encontro da COP21 em Paris no próximo dia 30 de novembro. Conservação da natureza, redução da pobreza e do consumo, adaptação ao ecossistema e economia verde permearam a apresentação de Scarano como sendo algumas das soluções para que, como cidadãos, saibamos aproveitar as oportunidades para reagirmos aos efeitos destrutivos de um acúmulo de anos sem o devido cuidado com o meio ambiente.
Paulo Sérgio Barreto, sociólogo, também lembrou aos participantes do Simpósio, a importância da inclusão dos saberes populares para a construção de uma sociedade mais justa. Segundo estudos de Paulo Sérgio, que também é professor do Instituto Federal do Rio de Janeiro, Campus Arraial do Cabo, o setor de pesca artesanal, por exemplo, passa por grandes transformações negativas, motivadas pelo mundo globalizado e pela falta de espaço para expressar este conhecimento.
Neste sentido, o Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida COEP- tema apresentado por Sonia Moreira, tem apresentado bons resultados na inclusão, transformação da realidade social e no combate à fome e à miséria. Sonia é a coordenadora regional do estado do RJ do COEP, que teve como um de seus idealizadores o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. A atuação desta Rede Nacional de Mobilização Social visa promover cidadania em comunidades de baixa renda de todo o país.
As palavras mobilização e cidadania, aliás, foram destaques deste segundo dia do II Simpósio organizado pelo CRS do Jardim Botânico.
Para Adriana Pinto, do Instituto Masan, que patrocina o Jardim Sensorial do JBRJ, esta parceria com o Jardim é de suma importância e corrobora com a missão social da empresa que visa organizar e potencializar para transformar.
Transformação para mudar atitudes e comportamentos foram assuntos da palestra de Georgette Vidor da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. Em sua apresentação Georgette, que hoje é cadeirante após ter sofrido um acidente, destacou a urgência para que a inclusão da pessoa com necessidades especiais e a acessibilidade sejam uma realidade no Brasil e no mundo.
Neste momento do encontro, o projeto do Jardim Sensorial que o Centro de Responsabilidade Socioambiental desenvolve com meninos e meninas cegas do Instituto Benjamin Constant foi lembrado como sendo uma iniciativa extremamente positiva.
Este projeto do Jardim Sensorial e outros que fazem parte do Programa do CRS, foi abordado pela psicóloga do Centro e membro do Comitê de Gênero do JBRJ, Verônica Monte. Verônica lembrou do compromisso que o Centro tem de implementar medidas que visem potencializar as ações que promovam a inclusão e a formação destes jovens que hoje somam mais de 3.500 já beneficiados pelo Programa.
Ao final do encontro Ana Batista, chefe de Gabinete do JBRJ, agradeceu a participação dos convidados e destacou a importância da troca de experiências e de parcerias, que propiciam novos relacionamentos de cooperação, com o objetivo de gerar políticas públicas de inclusão social.
Ana Batista encerrou o Simpósio reforçando que o Jardim Botânico tem o compromisso de assumir seus desafios socioambientais e, assim, para além da ciência, se comunicar cada vez mais com a sua Cidade, seus jovens e seus jardins, ajudando a construir um mundo diferente, um mundo melhor.
Crédito: Equipe do Centro de Responsabilidade Socioambiental- foto: Ester Santos