Geral
A cidade: paisagem em construção
Foto: Cesar Barreto
Na quarta-feira, 11 de Novembro, às 9h30, o Museu do Meio Ambiente recebe os pesquisadoresLuis Carlos Madeira (PUC-RJ) e Maria Inez Turazzi (MI-IPHAN) para debate de encerramento do Simpósio O Museu Comemora a Cidade, organizado em comemoração aos 450 anos do Rio de Janeiro.
No encontro, Luis Carlos Madeira se aprofunda no tema "Cidade Olímpica, a favela e o legado".
"A cidade do Rio de Janeiro, em seus 450 anos, permanece em dívida com uma parcela expressiva da sua população, que reside em assentamentos precários. Nesta década, o Rio vem assistindo a um grande volume de investimentos no contexto da preparação para abrigar dois eventos internacionais. Entretanto, verifica-se a perda da oportunidade única de fazer com que o investimento público tgaranta um legado no acesso à habitação digna, bem como a serviços e equipamentos urbanos nas favelas", analisa o pesquisador.
No evento, Madeira propõe a reflexão sobre a importância de se investir em programas de urbanização favelas e outras ações da política habitacional e urbanística que busquem reverter o déficit qualitativo e quantitativo, na perspectiva de uma cidade mais saudável, equânime, justa e democrática.
Maria Inez Turazzi também abordará a exclusão e sua relação com a paisagem e o patrimônio, discutindo os efeitos da candidatura do Rio de Janeiro ao título de patrimônio da humanidade, na categoria paisagem cultural (Unesco, 2012).
Segundo a pesquisadora, o conceito de paisagem em si mesmo, a chamada paisagem carioca é também uma construção simbólica que se reinventa no tempo e no espaço.
"Observando-se o crescimento das favelas nascidas há pouco mais de um século e as transformações recentes da área portuária do Rio, a singularidade e a diversidade dessa construção devem muito de sua familiaridade e estranhamento no imaginário social às múltiplas possibilidades cognitivas oferecidas pelo olhar", sinaliza Turazzi.
Na palestra, Maria Inez apresenta algumas perspectivas sobre as paisagens desiguais da cidade, propondo uma reflexão conjunta sobre o seu devir.
Luis Carlos Madeira é mestre em Planejamento Urbano eRegional pela UFRJ (1999). Atua na área de planejamento territorial, habitatsaudável e regularização fundiária. Servidor público da Fiocruz, é responsável pelo Planejamento Territorial do Campus Fiocruz da Mata Atlântica e colaborador do curso de Pós-graduação Latu-Sensu em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde. Professor agregado da PUC-Rio no Curso de Arquitetura e Urbanismo, membro da comissão acadêmica do curso de Pós-graduação Sustentabilidade no Projeto: do Objeto à Cidade e integrante do grupo de pesquisa Estudos do Lugar. Autor, entre outros, do livro BiodiverCités: les aires protégées urbaines des laboratoires grandeur nature (BiodiverCités: urban protected areas, some natural size laboratories).
Maria Inez Turazzi é doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1998). Realizou pós-doutorado, como pesquisadora visitante, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (2012). Pesquisadora associada do Laboratório de História Oral e Imagem da UFF, bolsista de produtividade do CNPq e membro do Conselho Curador do Museu do Meio-Ambiente do JBRJ. Autora, entre outros, do livro Rio 400 + 50; comemorações e percursos de uma cidade.
Sobre o Simpósio:
Como parte das comemorações pelos 450 anos de fundação do Rio de Janeiro, o Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro promoveu o seminário O Museu do Meio Ambiente comemora a cidade com a participação de especialistas de diferentes perfis, que abordaram aspectos relevantes da história do Rio, sua paisagem e natureza, bem como suas metas e projetos. Os convidados apresentaram temas como identidade, território, desastre natural e ambiental, a cidade como cenário de mudança, sua crônica e seus personagens, entre outros.
Comemorar os 450 anos da fundação de uma cidade amada por muitos, de beleza indiscutível, de contrastes visíveis e grandes desafios, foi também um convite a promovermos espaços para que os cidadãos refletissem sobre a sua história enquanto memória construída, e pudessem debater com os especialistas sobre as experiências vivenciadas ou não por todos os envolvidos nesse processo.