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Emoção e conhecimento marcam Dia da árvore no Jardim Botânico do Rio de Janeiro
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro organizou duas atividades para comemorar a data, um roteiro de fitossanidade e plantio de árvores no arboreto.
No Roteiro Botânico especial do Dia da Árvore, a equipe do Laboratório de Fitossanidade (saúde vegetal) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro levou os participantes para conhecerem diferentes problemas que podem afetar as árvores e as diferentes técnicas para tratá-las.
Na primeira parada, por exemplo, a engenheira agrônoma Maria Lúcia França Moscatelli e seu assistente Geisler Alves mostraram uma árvore que havia sido atacada por um tipo de broca larvas de mariposa. A praga foi eliminada por controle biológico: Bastou expor as larvas, e imediatamente diferentes tipos de pássaros e os esquilos vieram comê-las, explicou Maria Lúcia.
Maria Lúcia França Moscatelli- Laboratório de Fitossanidade JBRJ- foto Cláudia Rabelo
Dos insetos como o cupim de solo, as brocas e as colchonilhas, passando pelos fungos e as plantas parasitas, como figueiras e erva-de-passarinho, até problemas como acúmulo de água nos ocos e o excesso de trepadeiras, inclusive os cipós, os participantes puderam matar a curiosidade sobre muitos tipos de ataque que as árvores sofrem. Sem esquecer, é claro, daquele que vem dos próprios humanos as pessoas que riscam os troncos, fazendo com que as plantas fiquem suscetíveis a diversas doenças.
Mas nem tudo o que parece uma praga é, de fato, um problema. A Fitossanidade estima que existam mais de 20 espécies de cupins no arboreto do Jardim Botânico. As espécies invasoras caso do cupim de solo são muito agressivas. No entanto, espécies nativas vivem em equilíbrio com o ambiente. Um exemplo é o cupim de terra solta, que se alimenta de folhas mortas e não ataca as árvores. Neste caso, o controle se dá apenas para que não se alastrem demais, não sendo necessário eliminá-los.
Dependendo do problema identificado, os tratamentos podem ser simples drenar a água acumulada nos ocos, retirar as figueiras que brotam sobre os galhos e troncos, podar as trepadeiras ou podem demandar muito esforço e o uso de substâncias químicas, como no caso de fungos e alguns tipos de broca. Esses últimos se dão principalmente nas árvores mais velhas. Muitas mangueiras antigas do Jardim Botânico, por exemplo, mesmo tratadas, não conseguiram sobreviver a essas pragas e tiveram que ser substituídas por mudas de uma espécie mais resistente. Quanto à má conduta das pessoas que riscam as árvores, é preciso apostar na conscientização.
Para a visitante Samantha, de São Paulo, que trouxe uma amiga francesa, o roteiro foi muito educativo: A gente não tem noção dos cuidados necessários para com as árvores, comentou. Já Fábio Pinheiro, de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, que veio com a mulher e dois filhos, achou o passeio maravilhoso: Temos um sítio e podemos usar muito desse conhecimento lá, concluiu.
Geisler Alves- Laboratório de Fitossanidade JBRJ- foto Cláudia Rabelo
Público recebe informações sobre o trabalho do Laboratório de Fitossanidade- foto Cláudia Rabelo
A segunda atividade programada, o plantio de mudas no arboreto do Jardim Botânico, já se tornou uma prática esperada por todos que frequentam a instituição.
Cinco convidados do JBRJ fizeram o plantio das mudas de pau-mulato, araçá-boi e seringueira. As mudas foram plantadas pela paisagista Cecília Beatriz da Veiga Soares que há anos tira fotos da floração do Jardim, Laizer Fishenfeld, fotógrafo gaúcho apaixonado por pássaros, que fez do JBRJ sua inspiração e cujas fotos já receberam inúmeros prêmios, o desembargador Luis Gustavo Grandinetti, membro do Conselho de Responsabilidade Social da instituição, José Haroldo Ferreira Rodrigues, vigilante aposentado que contribuiu durante 30 anos com seu trabalho dedicado ao Jardim e a arquiteta Bárbara Rachid cuja admiração pelo espaço é um exemplo de interação e integração do visitante.
A Presidente do JBRJ, Samyra Crespo agradeceu a todos os convidados, no início da atividade, pelo carinho e reconhecimento do trabalho realizado pela instituição.
Após a atividade com os convidados, cinco visitantes também puderam fazer o plantio de outras mudas pelos canteiros do Jardim Botânico.
Uma emoção imensa, assim Cecília Beatriz descreveu a sensação de plantar uma muda de araçá-boi, planta de origem amazônica, ornamental e que produz flores com grande potencial para criação de abelhas silvestres. Para a paisagista, tal emoção vem em forma de agradecimento por tudo o que o Jardim Botânico me ensinou.
E assim, todos, sem exceção, saíram do Jardim Botânico, neste Dia da Árvore, comovidos, orgulhosos e com informações úteis sobre saúde das plantas. Alguns visitantes ainda puderam partilhar do privilégio de vários notáveis, que também tiveram a honra de fazer um plantio no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como Albert Einstein, Getúlio Vargas, Santos Dumont, Juscelino Kubitscheck e o príncipe Charles.
Certamente um dia especial no Jardim Botânico do Rio de Janeiro!
Coordenador de Coleções Vivas do JBRJ, Claudio Nicoletti e visitantes que participaram do plantio de mudas- foto: Ester Santos