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Dia da Botânica Nacional - 17 de abril
Em 17 de abril de 1794 nasceu Carl Friedrich Philipp von Martius, naturalista alemão que chegou ao Brasil em 1817, integrando a comitiva da Imperatriz Leopoldina. Von Martius foi o principal responsável pela elaboração da Flora brasiliensis, que contou com a colaboração de 65 especialistas e apresentou a catalogação e descrição das 22.767 espécies de plantas brasileiras conhecidas até o início do século XX. Uma obra tão importante que é referência até os dias de hoje.
Busto de Von Martius | Foto: Alexandre Machado
O Dia Nacional da Botânica foi instituído em 1994, em homenagem aos 200 anos de nascimento de Von Martius. No Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o busto do naturalista se destaca no centro de um canteiro gramado, não muito distante dos bustos de dois outros nomes fundamentais para o conhecimento da flora de nosso país, o brasileiro João Barbosa Rodrigues e o francês Auguste de Saint Hilaire.
Hoje, nossa homenagem a eles e a todos os botânicos e botânicas que se dedicam a ampliar esse conhecimento. E aproveitamos para parabenizar os 920 botânicos taxonomistas que estão trabalhando voluntariamente para elaborar a
Flora do Brasil 2020
!
Saiba mais sobre alguns
Cientistas notáveis da história da Botânica e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro:
Adolpho Ducke
(Itália, 1876- Rio de Janeiro, 1959)
Entomólogo e botânico. Em 1918, tornou-se chefe da seção de Botânica e Fisiologia Vegetal do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Tendo sempre a região amazônica como sua área de interesse, Ducke empreendeu diversas viagens e integrou importantes comissões na região. Acredita-se que tenha catalogado mais de 900 espécies de plantas. Suas coletas hoje fazem parte do acervo do Herbário e coleções vivas do JBRJ.
Alberto Löefgren
(Suécia, 1854- Rio de Janeiro, 1918)
De 1910 a 1913, Löfgren chefiou a seção de botânica da Inspetoria de Obras Contra as Secas em São Paulo. Em projeto que visava solucionar o problema da seca no nordeste, ele propôs a criação de hortos florestais e áreas de reflorestamento. Em 1913, assumiu a chefia das seções de botânica e de fisiologia vegetal do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Seu maior legado foi o debate acerca da conscientização ambiental e a criação de áreas de proteção.
Alexander Curt Brade
(Alemanha, 1881- 1971).
Engenheiro, arquiteto e botânico especializado no estudo de orquídeas e samambaias, Brade fez grande número de coletas na Costa Rica, antes de vir para o Brasil. Aqui, tornou-se chefe do departamento de Botânica Sistemática do JBRJ em 1934. Em 1958, foi condecorado com a Medalha D. João VI no 150° aniversário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Antônio Pacheco Leão
(Rio de Janeiro, 1872-1931)
Médico, foi diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro de 1915 a 1931. Sua gestão estava alinhada a uma agenda política de esfera nacional que buscava a consolidação do Brasil enquanto república, de modo que, além da botânica, a instituição também realizou pesquisas sobre desenvolvimento agrário. É considerado um dos mais produtivos diretores da história do JBRJ.
Carlos Toledo Rizzini
(Monteiro Lobato,1921-1992).
Naturalista especializado nas áreas de taxonomia e micologia, ingressou no Jardim Botânico em 1946. Ficou conhecido por seu trabalho sobre as Lorantaceae e as Cactaceae. Rizzini foi ativo colaborador da Academia Brasileira de Ciências, sendo por anos parte do corpo editorial da Revista Brasileira de Biologia; contribuiu também na sessão de Lorantaceae (6º. volume) no Dicionário das plantas úteis do Brasil de Manoel Pio Correa.
Dimitri Sucre Benjamin
(Panamá, 1936 - Rio Janeiro, 2000)
Taxonomista e desenhista panamenho que atuou como pesquisador no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Desenvolveu, ainda no Panamá, trabalhos na área de botânica tropical. No Brasil, Sucre publicou importantes trabalhos sobre a flora da região da Guanabara, no Rio de Janeiro. Grande parte de sua coleção está abrigada no herbário do JBRJ.
Graziela Maciel Barroso
(Mato Grosso, 1912-Rio de Janeiro, 2003)
Uma das primeiras mulheres e se destacar em ambientes de pesquisa cientifica no Brasil, foi a primeira a fazer concurso para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde foi efetivada como naturalista em 1946. Graziela Barroso atuou intensamente na formação de gerações de botânicos e alcançou reconhecimento internacional por suas pesquisas, o que trouxe notoriedade também para o trabalho desenvolvido pelo JBRJ.
Jacques Huber
(Suiça, 1867-Belém do Pará, 1914)
Botânico taxonomista e fitogeógrafo suíço que chegou ao Brasil em 1894 para trabalhar no Museu de História Natural e de Etnografia de Belém do Pará. Especialista em borracha, Huber escreveu diversos trabalhos sobre a natureza botânica da planta, mas também sobre seu valor econômico industrial , defendendo a possibilidade da preservação ambiental em concomitância com o desenvolvimento econômico.
João Barbosa Rodrigues
(Minas Gerais,1842- Rio de Janeiro, 1909)
Botânico, naturalista e diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro de 1890 a 1909. Além de organizar as coleções do Herbário, ele também criou a Biblioteca Barbosa Rodrigues, que tinha como acervo inicial uma coleção de obras raras especializadas em botânica doadas por D. Pedro II. Escreveu, entre outras obras,
Genera et species orchidearum novarum
, dividida em três volumes, bem como um belo trabalho iconográfico sobre orquídeas.
João Geraldo Kuhlmann
(Santa Catarina, 1882-Rio de Janeiro, 1958)
Botânico taxonomista, participou da missão Rondon em 1906 e assumiu, em 1913, um cargo interino no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, instituição de que se tornou diretor de 1944 a 1951. Em 1922, integrou a Missão Biológica Belga, organizada por Jean Massart, que percorreu os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Pará. Em 1923, acompanhou a comitiva norte-americana de estudos sobre a borracha na Amazônia. Suas coletas constituem parte importante do acervo do Herbário do JBRJ.
Paulo Campos Porto
(Juiz de Fora, 1889-Rio de Janeiro, 1968)
Foi diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro de 1933 a 1938 e de 1951 a 1961, em gestões marcadas pelo debate acerca da conservação ambiental. Ingressou nos quadros do JBRJ em 1914, como naturalista viajante. Chefiou a estação Biológica de Itatiaia, incorporada ao Jardim Botânico em 1919, participando da comissão responsável pela criação do Parque Nacional de Itatiaia. Também presidiu o Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil.
Raulino Reitz
(Santa Catarina, 1919-1990)
Botânico e padre católico, fundou, em 1942, o Herbário Barbosa Rodrigues, em Itajaí (SC). De 1949 a 1951, colaborou nas pesquisas do Serviço Nacional de Malária no sul do país, ficando conhecido como Padre dos Gravatás por seus estudos sobre bromélias. Foi diretor do JBRJ de 1971 a 1975. Em 1976 integrou a comissão fundadora da Fundação de Amparo à Pesquisa Tecnológica do Meio Ambiente (FATMA) de Santa Catarina, onde ocupou até 1979, o cargo de vice-presidente, tendo atuado nos projetos das unidades de conservação do estado.
Colaboração: Marli Pires Morim (pesquisadora Dipeq/JBRJ)