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A diversidade evolutiva no caminho do meio
Nem seco demais, nem úmido demais - pesquisa com participação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro mostra que as linhagens de plantas com flores apresentam maior diversidade evolutiva em áreas onde a precipitação (chuvas) é intermediária.
Os pesquisadores do JBRJ Claudio Nicoletti de Fraga e Haroldo Cavalcante de Lima e o doutorando Isau Huamantupa-Chuquimaco (Escola Nacional de Botânica Tropical - ENBT/JBRJ) estão entre os autores do artigo Evolutionary diversity in tropical tree communities peaks at intermediate precipitation, publicado na seção Scientific Reports da Nature em 24 de janeiro. O artigo detalha como a diversidade evolutiva varia ao longo dos gradientes de precipitação. A partir de dados sobre árvores na América do Sul, os pesquisadores encontraram uma redução acentuada na diversidade evolutiva das comunidades com baixa precipitação, porém "diferentemente da riqueza de espécies, a diversidade evolutiva não aumenta continuamente com as chuvas, mas é maior em regimes intermediários de precipitação, declinando quando a precipitação média anual ultrapassa cerca de 1.500 mm", explica Nicoletti.
No Brasil, isso significa que a maior diversidade de linhagens de angiospermas (plantas com flores) ocorre na transição entre a Amazônia e o Cerrado, abrangendo justamente o chamado arco do desmatamento. Nossos resultados ressaltam a importância de implementar estratégias de conservação que sejam efetivas para preservar as florestas e savanas encontradas na transição entre o leste da Amazônia e o Cerrado brasileiro", afirmou o pesquisador Danilo Neves (UFMG), líder do estudo, à Assessoria de Comunicação da universidade. Segundo o especialista, estudos recentes mostram que áreas em que as comunidades arbóreas apresentam maior diversidade evolutiva são mais eficientes em absorver gases do efeito estufa, de forma que sua conservação também pode contribuir para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
A pesquisa, que teve como objetivo aumentar o entendimento sobre como as linhagens de plantas com flores (angiospermas) estão distribuídas na América do Sul, também apresenta e disponibiliza uma nova filogenia molecular calibrada temporalmente.
Fontes: Claudio Nicoletti de Fraga e Ascom UFMG
Imagem da home: Time-calibrated molecular phylogeny of 852 angiosperm genera found in lowland tree communities of tropical South America (Figura 1 do artigo)