Geral
Um espaço para todos: consciência ambiental e inclusão
No Jardim Botânico do Rio de Janeiro, consciência ambiental e inclusão estão na base do trabalho do Programa Educativo, que atende no Museu do Meio Ambiente. O Educativo desenvolve uma série de atividades para atender a todos os públicos, de acordo com a especificidade de cada um. Pessoas de qualquer idade, com ou sem deficiência, em grupo ou individualmente, são recebidas por uma equipe interdisciplinar formada por oito educadores dedicados a ampliar a visão sobre o ambiente e como interagimos com ele.
Segundo o coordenador pedagógico do Educativo, Gil Cardoso, o programa desenvolve atividades lúdicas que dialogam com princípios da educação ambiental e da arte educação. "Nossa proposta é possibilitar estratégias de acesso a temas como biodiversidade, desenvolvimento sustentável, culturas tradicionais, entre outros, estimulando a discussão a partir da percepção de que todos nós afetamos ou somos afetados de alguma forma pelas questões ambientais", diz Gil.
Este ano, o programa está usando como ponto de partida para as atividades os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), iniciativa da ONU, que tem como objetivo erradicar a pobreza e promover uma vida digna para todos dentro dos limites do planeta. O Educativo abre espaço, assim, para o diálogo acerca de nosso futuro comum.
Contação de histórias com tradução em Libras
Para que esse trabalho seja acessível a todos, o Educativo atua de maneira multissensorial, com material tátil, olfativo, visual e musical que está em constante aprimoramento a partir das experiências com o público. O principal, no entanto, é a sensibilidade da equipe para entender o que cada grupo ou visitante precisa e adaptar as linguagens e atividades de acordo com essas necessidades.
Materiais sensoriais desenvolvidos pela equipe do Educativo
A prioridade de atendimento é para os grupos agendados, sejam escolares ou não. Se não houver grupo agendado, o atendimento é aberto para qualquer visitante que chegue ao Museu e queira participar. Em todos os casos, há uma conversa inicial com os educadores para que eles possam identificar as especificidades e definir as atividades que serão oferecidas.
No caso de grupos agendados, o responsável deve preencher um Termo de Agendamento onde informa se há, por exemplo, algum aluno ou participante que necessite de atenção especial, por deficiência, idade ou qualquer outro motivo. A partir disso os educadores definem os trajetos, as histórias a serem contadas, as músicas e se farão uso de material tátil, olfativo ou visual. O atendimento é feito mesmo que a escola ou grupo não disponha de mediadores para os casos especiais.
Alunos com baixa visão preparam tinta à base de solo para ser usada em seus desenhos
Para dar conta da diversidade de públicos, a formação interdisciplinar da equipe é fundamental. O educador Guilherme Borges, por exemplo, é fluente em Libras (Língua Brasileira de Sinais) com formação pelo Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES) - e estudante de Pedagogia e Gestão Ambiental.
Além disso, os educadores são provenientes das diferentes regiões da cidade, o que ajuda a elaborar ações específicas para o lugar de onde a pessoas vêm. "Procuramos contribuir para a transformação individual e social, pensando, em conjunto com os participantes, as condições dessa transformação. Perceber a maneira como você afeta e é afetado pelo meio ambiente faz toda a diferença para que a pessoa compreenda sua importância como indivíduo e como grupo", explica Gil.
A riqueza das experiências compartilhadas nesse trabalho inclusivo é fonte de realização pessoal para os integrantes da equipe, pela riqueza das experiências compartilhadas. "É uma troca, a gente acaba aprendendo muito também", conta Ana Paula Lima, estudante de Ciência Política e educadora.
Em julho, a mãe de uma criança autista deixou registrado, na Ouvidoria do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um elogio extenso e emocionado a todos do Educativo, pelo cuidado, atenção e carinho no atendimento a sua filha Letícia, de 7 anos:
Letícia brinca no espaço do Educativo no Museu
"Quero registrar a gratidão de minha família e um grupo de amigos pela experiência maravilhosa em nossa visita ao Museu no último sábado dia 13/07/19. Sei que o trabalho que vocês desenvolvem ali é muito sério e de uma riqueza cultural enorme.
Somos famílias que se conheceram por termos filhos autistas e nosso contexto é bastante singular, cada criança tem seu potencial, mas também seus desafios. Como família, estamos sempre nos antecipando ao que pode acontecer, e por vezes não acessamos alguns espaços e vivências, por não conseguir prever o resultado.
No sábado, fomos surpreendidos pela equipe de educadores muito gentil e habilidosa no trato com as crianças, afinal independente do contexto ou qualquer diferença, nossos pequenos são simplesmente 'crianças' e nós estamos dizendo ao mundo que ser diferente é ser normal e amamos perceber que a equipe está sintonizada com essa realidade.
Foi maravilhoso ter a oportunidade de voltar a ser criança com eles, desenhamos a lua, tocamos instrumentos musicais, dançamos, sorrimos, passeamos ao ar livre, ouvimos a história de algumas árvores, vimos nossos filhos com asas de borboleta e usando a imaginação.
Eu nunca vou esquecer o olhar apaixonado de minha filha Letícia, ouvindo a história da princesa que queria a lua e que tem o mesmo nome que o seu.
Foi um encontro de histórias, porque eu e meu marido também nos vimos nela, afinal, assim como o bobo da corte, diariamente somos desafiados a descobrir o que nossa filha quer ou precisa, pois nem sempre ela consegue se expressar com palavras.
Nós exploramos ao máximo o nosso dia no Jardim Botânico, curtimos cada espaço e guardaremos para sempre esse dia na memória. Parabéns pelo trabalho, desejo que ele continue e cada vez mais pessoas tenham acesso a essa experiência.
Sinceramente,
Daniele Evangelista Cavaleiro"
Daniele, Alice - irmã mais nova de Letícia, e o pai Alexsandre
Todas as atividades do programa Educativo do Museu do Meio Ambiente são gratuitas e os agendamentos podem ser feitos de terça a sábado das 9h às 17h, pelo e-mail agendamentomuseu@jbrj.gov.br