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Rodriguésia lança volume sobre o estado de conservação da flora do Brasil
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O quarto volume de 2018 da revista Rodriguésia, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, apresenta 11 artigos que relatam como o Brasil está atuando para atingir as metas estipuladas pela GSPC - Global Strategy for Plant Conservation (em português Estratégia Global para a Conservação de Plantas).
A GSPC tem como princípio abordar, em todos os níveis local, nacional, regional e global o conhecimento e uso sustentável da imensa diversidade mundial de plantas. A GSPC visa também viabilizar que todo este conhecimento gerado seja implementado. A ideia da GSPC foi lançanda em St. Louis, estado do Missouri nos EUA em 1999 durante o 16º Congresso Internacional de Botânica. Após este evento, estudiosos elaboraram um projeto sobre a GSPC. A partir de abril de 2002, a GPSC foi aceita e adotada pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). O Brasil é signatário e se comprometeu a atingir as metas, que têm prazo final em 2020.
A GSPC tem 16 metas e dentre elas destacam-se: 1) ter uma flora online com todas as plantas conhecidas para o mundo; 2) o conhecimento do status de conservação de todas as plantas conhecidas; 3) ter pelo menos 75% das espécies ameaçadas conservadas in situ (em áreas naturais e protegidas) ou ex situ (em jardins botânicos ou banco de sementes por exemplo); 4) ausência de espécies silvestres ameaçadas portráfico internacional; 5) conhecimento indígena e tradicional das plantas preservados, dentre outros. Além do Brasil, outros países também adotaram estratégias para atingir as metas da GSPC. Há mais países signatários da GSPC do que da própria ONU, destacando o compromisso global de conservação da biodiversidade. Dentre eles destacam-se países megadiversos como China, Colômbia, México, Filipinas e África do Sul, e outros países ou regiões com alta diversidade e/ou endemismo, como Austrália, América do Norte, Europa.
Em vista da extrema importância de se atingir as metas da GSPC, a revista Rodriguésia convidou os especialistas nas áreas abrangidas por elas para publicarem artigos mostrando o progresso do Brasil para cada uma dessas metas, que devem ser apresentadas até 2020 em um congresso na China. O volume 69 nº 4 inicia com um apanhado geral de como está o avanço da implementação destas metas em nível global e explica do que se trata em cada uma delas. Outro importante artigo é o que mostra o andamento da Flora Online do Brasil acompanhada de uma nova lista de todas as espécies de plantas, algas e fungos. Os resultados são impressionantes: o Brasil possui mais de 46 mil espécies de plantas, algas e fungos. Destas, mais de 33 mil são de angiospermas, isto é, plantas com flores; 30 são gimnospermas (os pinheiros); e mais de 1300 são samambaias, dentre outros.
O volume traz também artigos que tratam da rede de colaboração para a construção dessa flora online, mostrando como as informações são processadas e concatenadas; de como as plantas invasoras podem ameaçar nossa flora nativa; de que maneira a educação e o treinamento de alunos contribui para conscientização sobre a importância da preservação ambiental; além disso, são abordados a preservação dos conhecimentos tradicionais e a atuação do Brasil na conservação ex situ de sua flora. Diversos artigos relatam que o país ainda está longe de alcançar as metas propostas, indicando a necessidade de maior financiamento e articulação dos atores da conservação (governos, universidades, jardins botânicos e ONGs).
"A Rodriguésia mostra seu papel inovador e incentivador na preservação de nossa flora ao apoiar a publicação deste volume, e a repercussão destes trabalhos foi tão grande que entrarão no relatório do Brasil para a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). A finalização deste volume só foi possível pelo empenho dos diversos pesquisadores que disponibilizaram tempo para que possamos ver o quanto nosso país está fazendo para a preservação de sua flora", afirmou o editor-chefe da revista, pesquisador Vidal Mansano.
Criada em1935, a Rodriguésia é uma publicação trimestral do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro com artigos científicos originais, de revisão, de opinião e notas científicas em diversas áreas da Biologia Vegetal.
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