Geral
Debate e lançamento de livro sobre Restinga de Massambaba
No dia 6 de dezembro, o Jardim Botânico realiza dois eventos de divulgação científica no Museu do Meio Ambiente. Às 14h, acontecerá o debate "Pesquisas multidisciplinares na Restinga de Massambaba", com a participação de pesquisadores do JBRJ e os professores Claúdio Belmonte Athayde Bohrer/UFF; Kátia Leite Mansur/UFRJ; Maria Alice dos Santos Alves/UERJ; Rita Scheel-Ybert/UFRJ-Museu Nacional. E, às 15h, será lançado o livro Restinga de Massambaba Vegetação, Flora, Propagação e Usos.
Este livro é o resultado de quase duas décadas de estudos ecológicos e etnobotânicos realizados pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), por alunos de graduação e de pós-graduação, que fazem parte do Grupo de Pesquisas do CNPq Biodiversidade, conservação e uso sustentável dos recursos vegetais de restinga e com atuação na Restinga de Massambaba.
As imagens do livro refletem tanto a beleza quanto a diversidade de cores e formas das diferentes formações vegetais da Restinga de Massambaba, apresentando folhas, flores, frutos, sementes e plântulas de 89 espécies nativas e uma espécie invasora/exótica (Casuarina equisetifolia), além de mapas e sínteses das formações vegetais que compõem a Restinga de Massambaba.
O livro apresenta informações sobre a identificação (família e nome científico), nome vernacular (local), áreas de ocorrência, características botânicas, informações ecológicas, principais usos e observações. Dentre as 90 espécies descritas no livro foram apontadas as endêmicas e as ameaçadas de extinção. Algumas delas podem ser encontradas no Canteiro de Restinga do JBRJ e estão sinalizadas no livro. A identificação das espécies, assim como informações de ocorrências e características botânicas seguiram o Projeto Flora online 2020 (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/). Todas as espécies nele apresentadas estão documentadas no Herbário do JBRJ (RB). Dados complementares para ocorrências e descrições das espécies foram obtidas em literatura especializada e portais eletrônicos.
As informações ecológicas foram obtidas a partir de observações de campo e pesquisas científicas. Os dados de germinação foram obtidos em estudos realizados no Laboratório de Sementes do JBRJ, sob condições controladas. Os dados sobre os usos locais e o registro do conhecimento ecológico local são provenientes das pesquisas etnobotânicas realizadas junto à comunidade de pescadores artesanais na Restinga de Massambaba. Estas pesquisas foram realizadas a partir do consentimento prévio dos colaboradores.
Vale salientar que algumas espécies possuem potencial de uso medicinal, de acordo com estudos referenciados na obra. No entanto, elas devem ser usadas com muito cuidado, por representarem plantas (ou parte de plantas) pertencentes a gêneros ou famílias botânicas de toxicidade reconhecida, cujo uso tradicional deverá ser feito com cautela, de forma criteriosa e com acompanhamento médico.
Importância da vegetação de Restinga
Distribuída ao longo da costa brasileira, a vegetação das restingas tem um papel fundamental no provimento de diversos serviços ecossistêmicos, tais como a estabilização dos substratos arenosos das planícies, a manutenção dos recursos hídricos, etc. Dada a sua importância como ecossistema litorâneo, por sua alta biodiversidade e pelo provimento de diversos serviços ecossistêmicos, as restingas foram classificadas pela Lei nº 12.651/2012 (novo código florestal) como Áreas de Preservação Permanente APP.
Ameaças
No passado, quase toda a extensão do litoral do Estado do Rio de Janeiro era ocupada pelas restingas. Embora a exploração de seus recursos vegetais seja anterior a chegada dos Europeus (6000 a.C.), ela foi iniciada de forma predatória a partir da extração do pau-brasil, pelos colonizadores portugueses. A degradação ambiental da Restinga, em grande parte bastante frágil e com lenta regeneração natural, é causada atualmente pela forte especulação imobiliária e pelo turismo desordenado, dentre outros fatores antrópicos, o que coloca em risco as espécies da flora e da fauna.
Restinga de Massambaba
Localizada na Região dos Lagos, a Restinga de Massambaba é considerada como a faixa arenosa de 48 km de extensão, que vai da Barra da Lagoa (Saquarema) ao Morro do Atalaia (Arraial do Cabo). Após mais de 30 anos de esforços dos órgãos estaduais responsáveis pela gestão ambiental e a criação de pelo menos três unidades de conservação com diferentes categorias (APA Massambaba, 1986; RESEX e a sua zona de amortecimento terrestre, 1997; PECS, 2011), ainda são necessárias ações mais objetivas para assegurar a preservação dos remanescentes de Floresta Atlântica e ecossistemas associados da região das baixadas litorâneas da Região dos Lagos.
Conhecimento a serviço da preservação
O livro Restinga de Massambaba Vegetação, Flora, Propagação e Usos tem o propósito de registrar informações das plantas mais representativas dessa região, seus respectivos ambientes associados, usos e informações sobre a sua propagação. Esta publicação integra o conhecimento local e o científico, tendo sido concebida para ser utilizada, sem parcimônia, pela comunidade científica que estuda a vegetação litorânea, pelos órgãos de gestão e monitoramento ambiental (municipais, estaduais e federal) em ações de conservação e de restauração de áreas degradadas, arborização urbana e por instituições de ensino do estado do Rio de Janeiro, contribuindo para a preservação da flora e auxiliando no combate à intensa degradação das restingas desta região. A publicação deste livro constitui, também, uma das formas de devolução do conhecimento à comunidade e um incentivo à perpetuação e valorização do saber local.
Coordenação
O projeto de pesquisa e a publicação foram coordenados pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Antonio Carlos Silva de Andrade, Cyl Farney Catarino de Sá, Dorothy Sue Dunn de Araújo e Viviane Stern da Fonseca-Kruel - e por Lorena Lorena Ruiz Tierno e Amanda Silva da Rosa Carvalho, mestranda e doutora em Botânica pela Escola Nacional de Botânica Tropical do JBRJ, respectivamente.
Lançamento e debate
Dia: 6/12/18
Às 14h - debate
Às 15h - lançamento do livro
Local: Museu do Meio Ambiente do JBRJ
Rua Jardim Botânico, 1008
Evento aberto ao público