Notícias
Pesquisa revela como beija-flores se adaptam às mudanças climáticas e à expansão urbana
Estudo coordenado pelo professor Pietro Maruyama, da Universidade Federal de Minas Gerais e membro do Comitê Gestor do Eixo de Pesquisa em Polinização em Ecossistemas do INPol, analisou o impacto da urbanização e das mudanças climáticas sobre 176 espécies de beija-flores e 1.180 espécies de plantas. A pesquisa, que contou com a participação de 69 pesquisadores, identificou transformações significativas nos padrões de alimentação e distribuição dessas aves. O artigo foi publicado na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences.
Em áreas urbanizadas, a disponibilidade de flores adequadas para os beija-flores é menor, fazendo com que precisem percorrer distâncias maiores em busca de alimento. Além disso, as mudanças climáticas têm alterado os ciclos naturais de floração, criando um descompasso entre o período de maior oferta de néctar e a chegada dos polinizadores, responsáveis por até 15% da polinização de plantas nativas em regiões tropicais.
A fragmentação de florestas nativas pela expansão urbana reduz a conectividade entre áreas verdes, dificultando o deslocamento das aves e limitando o acesso a fontes de néctar. Segundo o estudo, a densidade populacional de beija-flores em cidades pode ser até 40% menor em comparação com áreas contínuas de floresta. Apesar desse cenário, algumas espécies demonstraram maior capacidade de adaptação, como o beija-flor-de-garganta-rubi (Archilochus colubris), que se ajusta melhor a ambientes urbanos.
Uma das descobertas aponta que os beija-flores conseguem lidar com o efeito das ilhas de calor urbano. Em dias mais quentes, algumas espécies aumentam o consumo de energia em até 20% para manter suas funções metabólicas e intensificam a busca por néctar.
A pesquisa também revelou que, em áreas urbanas, as espécies tendem a ser maiores, com bicos mais curtos e menor diversidade de formas. Uma possível explicação é a predominância de árvores que produzem grandes quantidades de néctar, favorecendo espécies mais territoriais. No entanto, os pesquisadores apontam que fatores como capacidade de voo e características fisiológicas também podem influenciar essa menor diversidade em comparação a áreas naturais.
Leia o artigo completo: Urban environments increase generalization of hummingbird–plant networks across climate gradients