Herbário
Um herbário é constituído de uma coleção de “exsicatas”, que são amostras vegetais desidratadas, registradas e armazenadas em condições especiais para sua conservação através dos séculos. Além das exsicatas, muitos outros elementos de origem vegetal podem também fazer parte de um herbário, como por exemplo fragmentos de madeira, frutos, artefatos, lâminas com cortes anatômicos e pólen ou mesmo amostras de DNA.
O acervo inicial do Herbário RB foi constituído de 25.000 amostras doadas por D. Pedro II, mas a história do herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e das demais coleções a ele associadas começou em 25 de março de 1890, no momento em que o naturalista João Barbosa Rodrigues assumiu a direção do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ao longo do século XX, pesquisadores associados ao JBRJ organizaram várias expedições para coleta de plantas em diferentes regiões do país, incrementando a incorporação de novas amostras e o intercâmbio com herbários nacionais e internacionais. Todo este trabalho propiciou o enriquecimento do acervo, ampliando assim sua importância científica para o conhecimento da flora do Brasil, sendo hoje reconhecido como uma coleção estratégica do país.
Fazem parte desse acervo exemplares de plantas catalogadas e coletadas por famosos pesquisadores da ciência, brasileiros e estrangeiros, como J.Barbosa Rodrigues, A.C. Brade, L.B. Damazio, A.P. Duarte, A.C. Ducke, A. Engler, M. Gardner, A.F.M. Glaziou, E. Goeldi, F.C.P. St. Hilaire, F.C.Hoehne, J. Huber, J.G. Kuhlmann, P. Lutzelburg, G.F.J. Pabst, E. Pereira, R. Reitz, C.T. Rizzini, C.A.W. Schwacke, R. Spruce, E. Ule, D. Sucre, P. Campos Porto, P.K.H. Dusen, J.Kuntze, J. de Saldanha da Gama, entre outros, que se destacaram pelos trabalhos científicos publicados e pelo numeroso acervo de espécies novas descritas para a ciência.
Atualmente, o herbário conta com 850.000 exsicatas de todos os grupos de plantas, algas e fungos, sendo que entre 20 mil e 30 mil novas amostras são incorporadas anualmente. Destaca-se ainda a coleção de typus nomenclaturais, com cerca de 7.500 typus e 3000 paratypus. Todo este precioso acervo pode ser consultado on line por meio dos sistemas Jabot e Herbário Virtual-Reflora.
O Herbário RB contém também as Coleções Históricas, a Carpoteca e a Fototeca - e coleções correlatas - a Xiloteca, a Coleção Etnobotânica e o Banco de DNA.
Curadoria do Herbário
José Fernando Andrade Baumgratz
Clarice Martins Ribeiro (substituta)
Banco de DNA de Espécies da Flora Brasileira
Etnobotânica
Xiloteca (madeiras)
Visitas guiadas ao Herbário
Banco de DNA de Espécies da Flora Brasileira
O Banco de DNA de Espécies da Flora Brasileira do Jardim Botânico do Rio de Janeiro busca conservar informação genética representativa da alta diversidade da flora brasileira, sendo um registro histórico da variação vegetal e uma base para a conservação e para a biotecnologia.
O principal critério para inclusão de amostras nessa coleção é que sejam provenientes da flora nativa brasileira e que se encaixem em uma ou mais das categorias listadas abaixo:
- espécies relevantes dos diversos biomas;
- espécies raras e/ou ameaçadas;
- espécimes de herbário;
- coleções do arboreto;
- grupos taxonômicos de interesse científico.
As amostras de DNA que compõem a coleção são obtidas de folhas jovens, imediatamente secas em sílica gel, ou coletadas em nitrogênio líquido.
Dadas as inúmeras possibilidades de objetivos e grupos/espécies a serem trabalhados, mais informações sobre a coleta de material no campo (tipo de amostra, quantidade, número de amostras, método de coleta e secagem) podem ser obtidas/discutidas, caso a caso, com a curadoria.
O DNA celular total é extraído através do método descrito por Doyle & Doyle, 1987, com pequenas modificações, produzindo amostras puras o suficiente para não inibir tratamentos enzimáticos. Sua quantidade e qualidade são avaliadas através de eletroforese em gel de agarose e por meio da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) (Sambrook, J. & Russell, D.W., 2001). O DNA extraído é mantido em ultrafreezer, a -80oC.
Amostras de DNA podem ser enviadas para outras instituições de pesquisa ou universidades quando a solicitação, feita pelo pesquisador responsável, for aprovada pela curadoria do Herbário RB.
O Banco de DNA de Espécies da Flora Brasileira do Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi credenciado pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético para atuar como fiel depositário de amostras de componentes do patrimônio genético, conforme publicado no D.O.U por meio da deliberação nº 128 de 1º de setembro de 2005, Seção 1, No 177, página 79. As amostras a serem depositadas no Banco de DNA devem ser acompanhadas de material testemunho e de todas as informações solicitadas.
Bibliografia
Doyle J.J. & Doyle J.L. (1987). A rapid DNA isolation procedure from small quantities of fresh leaf tissues. Phytochem Bull 19:11-15.
Sambrook, J. & Russell, D.W. (2001). Molecular Cloning: A Laboratory Manual, 3rd ed., Cold Spring Harbor Laboratory Press, Cold Spring Harbor, NY.
Curadora: Luciana Ozório Franco
Acesse o Banco de DNA por meio do JABOT
Etnobotânica
A mais recente coleção correlata ao herbário é a Etnobotânica, registrada em 2012 no Índice Herbariorum. É constituída por um acervo de plantas úteis e seus parentes silvestres, bem como artefatos, derivativos e informações relacionadas com a sua utilização das plantas.
O principal objetivo desta coleção é garantir o registro e a preservação do conhecimento relacionado ao uso do vegetal por povos e comunidades tradicionais. Neste sentido, os espécimes vêm sendo adquiridos e incorporados como testemunhos do conhecimento local relacionado à história e uso das espécies.
Considerando as peculiaridades deste acervo, as amostras são reconhecidas por um acrônimo próprio (RBetno) e seguem as regras estabelecidas pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e Lei sobre Acesso a Recursos Genéticos (Brasil 2001), especialmente relacionadas à conservação de recursos genéticos e seu conhecimento tradicional associado. A RBetno também é regida pelos códigos de ética das sociedades profissionais (Declaração de Belém 2004; International Society of Ethnobiology 2006), que tratam da proteção das informações etnobotânicas relacionadas aos materiais registrados.
Curadora: Viviane Stern da Fonseca Kruel
Xiloteca (madeiras)
A xiloteca, um conjunto de amostras preparadas, registradas e incorporadas segundo técnicas específicas para coleções de madeiras integra-se ao herbário. Devido a normas internacionais específicas, possui registro próprio e é reconhecida por seu acrônimo RBw. Seu uso é destinado à pesquisa científica e também como instrumento de consulta e referência para identificação de amostras. Na área científica, uma xiloteca pode subsidiar estudos anatômicos com o xilema (lenho), propriedades físicas e mecânicas e também gerando dados para auxiliar na resolução de problemas taxonômicos, filogenéticos, ecológicos, etc. Como instrumento de consulta para a correta identificação das diversas espécies de madereiras, a xiloteca auxilia profissionais envolvidos com a fiscalização da extração e comercialização de madeiras, solucionando conflitos que ocorrem entre clientes e fornecedores.
A estrutura anatômica da madeira contribui significativamente para o reconhecimento de árvores e arbustos para fins de pesquisas taxonômicas ou filogenéticas, principalmente quando o material reprodutivo (flores e/ou frutos) é ausente ou escasso. Neste contexto, as xilotecas representam uma importante fonte de informação para o pesquisador, fornecendo possiblidades de identificação e resgate de dados sobre procedência, coletores etc.
O ano oficial da criação da xiloteca é 1942. Entretanto, muitas amostras anteriores à sua data de criação são encontradas no acervo. Esse fato se deve à incorporação de antigas coleções, como por exemplo, as amostras doadas por D. Pedro II a Barbosa Rodrigues (Barros et al. 2001). Atualmente, há 28 xilotecas no Brasil, e a do Jardim Botânico do Rio de Janeiro é uma das mais importantes (Barros & Coradin 2005). Seu acervo possui 9.650, todas informatizadas, amostras e uma coleção de lâminas com 26 mil unidades.
Acesse o acervo da Xiloteca
Curadora: Neusa Tamaio
História da Xiloteca
Os primeiros relatos sobre a existência de uma coleção de madeira no Jardim Botânico do Rio de Janeiro são de Barbosa Rodrigues, que reuniu amostras doadas pelo imperador D. Pedro II a outras amostras de madeira encontradas no próprio Jardim Botânico, sem qualquer tipo de organização. Essas madeiras constituíram parte da primeira coleção do Museu Botânico, criado em 1890. Ao que tudo indica, a coleção de madeiras do Museu Botânico foi enriquecida ao longo dos anos por coletas dos naturalistas viajantes, cargo criado no Jardim Botânico naquele mesmo ano (Decreto 518 – 23 de junho de 1890). A coleção atual não guarda qualquer registro dessas coletas, visto que muitas das madeiras registradas não possuem informações sobre o coletor ou a data de coleta. Os registros mais antigos da Xiloteca do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro são provenientes de coletas de destacados pesquisadores do Jardim Botânico da primeira metade do século XX, como Adolpho Ducke, Geraldo Kuhlmann, Alexandre Curt Brade, Occhioni e outros.
A Xiloteca do Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi iniciada oficialmente em 1942. Seu primeiro registro é referente a Dyctioloma incannescens (Rutaceae), coletada por Kuhlmann em março de 1939. Como existem muitas amostras coletadas em datas anteriores e praticamente todos os documentos que normatizam as funções do Jardim Botânico no início do século fazem referência à presença de amostras de madeira como parte do acervo, pode-se deduzir que a atual coleção resulta de uma fusão de coleções preexistentes, provavelmente mantidas pelos anatomistas da madeira que trabalharam nos antigos Instituto de Biologia Vegetal e no Serviço Florestal. A amostra de madeira mais antiga da coleção é Peltogyne campestris coletada por Ducke no Pará em 19 de abril de 1911.
O período compreendido entre 1918 e 1966 representa a fase áurea dos estudos anatômicos da madeira no Jardim Botânico. Alberto Löfgren, contratado em 1918, foi o primeiro pesquisador da casa a realizar trabalhos de anatomia de madeiras. Na década de 20, o laboratório de anatomia foi organizado pelo eminente microscopista Luiz Gurgel, que permitiu a realização de trabalhos de microscopia óptica mais acurados. Em 1931, Fernando Romano Milanez e Arthur de Miranda Bastos, pesquisadores da casa, foram sócios fundadores da International Association of Wood Anatomists (IAWA), associação que até hoje congrega os anatomistas da madeira do mundo todo. Dentre outras atividades por eles desenvolvidas, merecem destaque a tradução das primeiras normas para descrição de madeiras e a organização, em 1936, da primeira reunião de anatomistas da madeira, que contou com participantes do Brasil e do exterior. No início dos anos 60, foi montado um laboratório de microscopia eletrônica no Jardim Botânico por Raul Dodsworth Machado, que se dedicou junto com o dr. Milanez aos estudos de citologia vegetal das madeiras brasileiras. A intensa atividade e a constante discussão dos temas ligados à anatomia da madeira, com pesquisadores nacionais e internacionais, provavelmente influenciaram na criação de uma coleção de madeiras com informações mais precisas sobre os locais de coleta, datas etc. O pesquisador Armando de Matos Filho foi o responsável por executar essa nova organização da coleção, criando os arquivos e registrando as amostras de madeira. A grande maioria das fichas do arquivo atual foram confeccionadas de seu próprio punho.
Pode-se dizer que os anos 70 marcaram o período de decadência da anatomia da madeira no Jardim Botânico. Durante esses anos a instituição contou apenas com os pesquisadores Armando de Mattos Filho e Paulo Agostinho de Mattos Araújo, que mantiveram as pesquisas e a coleção, porém sem a mesma intensa atividade das décadas passadas. Até 1983, todas as informações referentes às madeiras da Xiloteca estavam encerradas em fichas reunidas em arquivos, o que resultou no extravio de informações sobre cerca de 100 amostras. Nessa época, a coleção passou a ser coordenada pela dra. Cecília Gonçalves Costa, que criou o seu livro de tombo, resgatando informações de todas as fichas já registradas. Foi a dra. Cecília a grande idealizadora da revitalização da coleção no final dos anos 80, desempenhando papel preponderante na formação dos pesquisadores que hoje da atuam no Programa Mata Atlântica, desenvolvendo pesquisas em anatomia vegetal. Essa equipe reimplantou na instituição a linha de pesquisa em anatomia da madeira em um momento em que o Jardim Botânico, há quase 5 anos, já não contava com essa especialidade devido à aposentadoria do Dr. Armando de Matos Filho e à morte do Dr. Paulo Agostinho de Mattos Araújo.
Atualmente a Xiloteca possui cerca de 8200 amostras de madeira de 160 famílias e aproximadamente 35.000 lâminas obtidas de 2200 indivíduos. A coleção está organizada em armários de aço por ordem numérica de registro e suas respectivas fichas ordenadas de duas formas: (1) de acordo com o registro numérico das amostras e (2) em ordem alfabética de famílias taxonômicas. Existe ainda um registro numérico das lâminas histológicas.
Ao longo dos anos, a Xiloteca também tem recebido muitas doações e permutas, que merecem destaque por proporcionarem o enriquecimento da coleção com amostras exóticas ou de outras regiões do Brasil. O maior número de amostras doadas (978) é proveniente da Xiloteca de Yale, com madeiras do mundo todo, coletadas no período de 1929 a 1945. Muitas dessas amostras foram utilizadas pelo anatomista da madeira Samuel J. Record para a confecção das chaves de identificação de seus livros. A Xiloteca possui ainda uma coleção de 44 madeiras coletadas por Paulo de Campos Porto em 1948, especialmente para a confecção das famosas chaves de Record, publicadas em Tropical Woods. Existem ainda doações do Smithsonian Institute, com 427 amostras das Américas coletadas em 1961; 185 amostras coletadas por B. A. Krukoff no Amazonas, doadas pelo Museum of Natural History e pelo U. S. National Herbarium, e doações do New York Botanical Garden de coletas realizadas no Pará e Amapá no período de 1961 e 1963 com cerca de 267 amostras.
A Xiloteca do Jardim Botânico do Rio de Janeiro possui maior representatividade para os estados da Região Norte do Brasil, o que reflete os interesses dos pesquisadores da instituição, principalmente até a década de 70. Atualmente, a tendência da coleção continua sendo a regionalização dos registros oriundos de viagens de campo, voltadas porém neste momento para o Estado do Rio de Janeiro e as diferentes formações vegetais que integram a Floresta Atlântica. Esta regionalização é de certa forma atenuada com a permuta de amostras com instituições congêneres nacionais e estrangeiras, que contribuem para o enriquecimento da coleção.
Visitas guiadas ao Herbário
(Carpoteca, Xiloteca, Tipos Nomenclaturais, Banco de DNA, dentre outras)
Localização: O prédio do Herbário se localiza na aléia John Wills, próximo ao portão da rua Pacheco Leão, nº 915
Contato:
• Internet:
Solicitar por e-mail (rb@jbrj.gov.br), informando qual o objetivo da visita, número de pessoas, horário, nome da Instituição Científica e/ou curso de Formação, Básico ou Universitário.
• Carta:
Com antecedência de uma semana, enviar para o endereço:
Curadoria do Herbário - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
R. Pacheco Leão, 915 – Jardim Botânico
Cep: 22460-030 - Rio de Janeiro, RJ
• Presencial:
A recepcionista encaminhará o visitante ao prédio do Herbário para atendimento pela secretaria.
Horário de Atendimento:
• Internet: 24h
• Presencial: De segunda a sexta-feira das 8h às 17h
Prazo para resposta: De 24h a 48h (dias úteis)
Procedimento:
O visitante será recebido pelo curador ou vice ou herborizador, que fará apresentação da exposição permanente e das coleções do herbário, entre elas a carpoteca, xiloteca, tipos nomenclaturais e banco de DNA.
Tempo de atendimento do serviço: no mínimo 40 minutos.
Visitas ao Hall do Herbário:
Segunda, terça, quinta e sexta-feira: das 9h às 12h e 13h às 16h.
Quarta-feira: das 11h às 12h e 13h às 16h.
Sábados, domingos e feriados: fechado.
Sugestões e reclamações:
Pelo e-mail rb@jbrj.gov.br ou diretamente com a curadora.