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Presidente da CNEN fala sobre papel da energia nuclear
A Nuclear Trade and Technology (NT2E), evento de negócios e tecnologia do setor nuclear brasileiro, de 3 a 5 de maio no Rio de Janeiro, trouxe um painel com o presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Júnior, sobre o papel do nuclear na descarbonização no mundo, no dia da abertura. Estiveram presentes autoridades e dirigentes de organizações nacionais e internacionais da área, presencialmente ou on-line, como o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi. Também foram firmados acordos de cooperação entre diversas instituições. O encontro foi promovido pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan).
Rondinelli apresentou dados sobre como a tecnologia nuclear pode auxiliar o enfrentamento da crise climática, não somente com a contribuição das usinas nucleares, mas também com outras possibilidades. Para o desafio, apontou ser preciso demonstrar o papel da energia nuclear para a descarbonização, especialmente para a sociedade. “Estamos propondo trabalhar muito bem com a questão da informação”, afirmou. Ele citou os projetos de cooperação regional com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que utilizam técnicas nucleares para combater as mudanças climáticas. Entre os projetos, com execução entre 2024 e 2026, estão previstos estudos utilizando tecnologia nuclear para verificar o potencial de absorção do gás carbônico pelo manguezal, ecossistema litorâneo de transição entre os ambientes terrestre e marinho. Também participou do painel o diretor-executivo da Framatome, Alexandre Honaiser.
O presidente da CNEN afirmou que, quanto à descarbonização, a energia nuclear é a fonte de geração de energia elétrica que menos emissão produz, “informação importantíssima a ser levada à população de modo geral”. De acordo com ele, os atores do setor nuclear têm que trabalhar em conjunto - o órgão regulador, o órgão de pesquisa, a indústria -, para deixar bem claro essa contribuição para a sociedade com relação à questão das emissões, um problema muito sério que precisa ser equacionado. “A CNEN precisa estar sempre presente, trazendo informações e esclarecimentos”, destacou.
Projetos futuros
O dirigente máximo da CNEN destacou o papel de usina nuclear Angra 3 e do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) como estratégicos para o país. O reator proporcionará autossuficiência na produção de molibdênio e de outros importantes radioisótopos, que processados, se transformam nos radiofármacos, produtos essenciais na saúde para tratar e diagnosticar doenças como câncer, problemas cardíacos, neurológicos, entre diversas outras. Outros projetos citados como estratégicos foram o Laboratório de Fusão Nuclear, junto ao RMB, em Iperó, São Paulo, e o projeto Centena, um centro tecnológico para armazenar rejeitos radioativos.
Durante a abertura do evento, foram assinados alguns acordos de cooperação, dentre os quais dois entre a CNEN e a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), na área de combustível nuclear e materiais. Assinou o termo Isolda Costa, diretora substituta do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Elita Urano, chefe do Centro do Combustível Nuclear do Ipen e Fábio Staude, diretor substituto de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN, estiveram presentes, acompanhando a assinatura.
Um dos projetos de inovação assinados trata do desenvolvimento de tecnologias para melhoria do processo de fabricação de pastilhas de dióxido de urânio, sob responsabilidade de Elita. O outro trata do estudo da corrosão e do efeito do processo de soldagem em ligas de zircônio usadas na produção do elemento combustível nuclear e tem como responsável Isolda.
Em outros painéis, profissionais da CNEN e de suas unidades técnico-científicas participaram de discussões sobre formação e capacitação no setor nuclear, pequenos reatores modulares, os SMR, armazenamento de combustível nuclear, os caminhos para a aplicação da tecnologia nuclear e os avanços da medicina nuclear.
Matéria: Lilian Bueno/Ascom IRD