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Iniciativas de combate ao câncer exigem abordagens abrangentes e parcerias
A União Internacional para Controle do Câncer (UICC) e o Instituto Nacional do Câncer (Inca) promoveram, dias 29 e 30 de novembro, o evento Diálogo Regional sobre câncer em mulheres, com a participação da pesquisadora Lídia Vasconcellos de Sá, chefe da Divisão de Física Médica IRD/CNEN, que coordena o projeto regional RLA 6090 voltado ao fortalecimento da gestão do tratamento radioterápico para o tratamento do câncer de colo uterino na América Latina e no Caribe. O encontro contou com 60 participantes representantes de programas de câncer e da sociedade civil de países latino-americanos, além de parceiros técnicos e financeiros em nível regional. Pretende que atores nacionais e regionais compartilhem suas experiências e construam plataformas regionais sobre questões-chave relacionadas ao câncer em mulheres, enfatizando abordagens abrangentes e de parceria.
Entre os objetivos da UICC está reduzir o impacto global do câncer e promover maior equidade ao integrar o controle do câncer na agenda mundial de saúde e desenvolvimento Para essa finalidade, reúne cerca de 1.200 organizações em mais de 170 países. Representa as principais sociedades de câncer do mundo, reúne entidades de saúde e grupos de pacientes, inclui formuladores de políticas, pesquisadores e especialistas em prevenção e controle do câncer. Também possui mais de 50 parceiros estratégicos.
Lídia participou da seção 1 sobre a realização dos objetivos para uma estratégia mundial para trabalhar pela eliminação do câncer. Na sessão foram apresentados progressos na região, com intervenções de participantes sobre vacina para HPV, prevenção secundária e tratamento. A pesquisadora do IRD abordou o fortalecimento de serviços para o tratamento de câncer cervico-uterino na Latina América e Caribe. O papel da sociedade civil para atingir os objetivos também esteve em pauta.
Segundo informe do Observatório Mundial de Câncer, a mortalidade por câncer está crescendo rapidamente no mundo devido ao envelhecimento da população e as mudanças na prevalência e distribuição dos principais fatores de risco, vários deles associados ao desenvolvimento socioeconómico. Na América Latina e Caribe, o câncer é a segunda causa de morte na região depois das enfermidades cardiovasculares. O câncer de colo uterino é a forma mais comum de câncer entre as mulheres em todo mundo e uma das principais causas de morte entre as mulheres na região. Isso implica que mais de 35 mil mulheres morrem a cada ano nas Américas e, desse total, 80 por cento dos casos pertence à América Latina.
A previsão é de que as mortes por câncer cervico-uterino no continente aumentem para mais de 51.500 em 2031. O câncer de colo tem maior impacto onde o acesso aos serviços de saúde pública é limitado e a detecção e tratamento não se implementam amplamente. A porcentagem de mulheres com câncer de colo que morre por causa dessa enfermidade é o dobro naqueles países com baixa renda em relação àqueles com altas rendas.
O objetivo geral do projeto RLA coordenado por Lídia é desenvolver um sistema de informação relacionado com a terapia do câncer de colo, os tipos de maior impacto na região, identificar tendências futuras, orientar políticas públicas. O levantamento pretende identificar quantidade e características das terapias oferecidas, espaços tecnológicos estabelecidos e verificar qualidade dos procedimentos. "É de suma importância o treinamento, qualificação dos profissionais, controle de qualidade dos equipamentos de radioterapia. Grande parte das pacientes irá precisar de radioterapia", destaca.
Participam do projeto Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Em 2019 havia 316 hospitais habilitados para tratamento do câncer dos quais 173 contavam com serviço de radioterapia equivalente a 61 por cento do total de estabelecimentos com radioterapia em operação no país. No mesmo ano foram identificados 363 equipamentos de teleterapia em operação no Brasil, dos quais 69,4 por cento atendiam o SUS.