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Radioproteção ocupacional
Simulador de tireoide utilizando impressão 3D beneficia trabalhadores da medicina nuclear
Imagens: Reprodução dissertação.
Desenvolvimento de um novo simulador de tireoide utilizando tecnologia de impressão 3D foi o título da pesquisa de mestrado de Tayrine Moratelli, sob orientação de Bernardo Dantas, no programa de Pós-Graduação em Radioproteção e Dosimetria do IRD. O trabalho, defendido no último dia 9 de setembro, tem grande importância para trabalhadores da medicina nuclear que lidam com iodo-131, e precisam ser monitorados, por obrigatoriedade de norma da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e parte do programa de proteção radiológica da instalação.
O iodo-131 é um dos mais utilizados elementos radioativos para medicina nuclear ,o primeiro a se tornar comercialmente disponível, em 1950, e tem aplicação na terapia e também no diagnóstico, como por exemplo no hipertireoidismo e câncer de tireoide, entre outras patologias. Trata-se de um elemento volátil e poucos laboratórios no país têm condições de realizar a monitoração interna dos trabalhadores, com equipes e profissionais qualificados para tal função. Tendo em vista as dimensões continentais do Brasil, custos, frequência da monitoração e necessidades específicas, ampliar o acesso às clínicas à monitoração interna resulta em maior proteção dos profissionais ocupacionalmente expostos.
Ao longo das últimas três décadas foram desenvolvidos e otimizno Laboratório de Monitoração In Vivo do IRD (Labmiv/IRD) diversos simuladores físicos antropomórficos, para calibrar e controlar a qualidade dos sistemas de detecção. Os simuladores permitem relacionar a taxa de contagem registrada com a atividade presente no órgão. O grupo de pesquisas do Labmiv promoveu intercomparações, na América Latina e Caribe, no âmbito de Projetos de Cooperação Técnica com apoio financeiro da Agência Internacional de Energia Atômica, tudo para promover maior qualidade nas medições.
A pesquisa desenvolvida no IRD comprovou ser uma alternativa viável a monitoração dos trabalhadores nos próprios serviços de medicina nuclear, utilizando equipamentos disponíveis no local: gama-câmara, sonda de captação e monitor de contaminação superficial. Foram testados materiais tecido-equivalentes com maior potencial para a produção do simulador de tireoide via impressão 3D, além de verificadas as curvas de atenuação da radiação dos materiais empregados. “As tecnologias de impressão 3D se mostraram suficientemente realistas e detalhadas, utilizando materiais tecido-equivalentes artificiais ou naturais com propriedades físico-químicas semelhantes aos tecidos vivos que se pretende simular”, explica Moratelli.
De acordo com os pesquisadores, a eficiência da técnica e a acessibilidade traz ganhos significativos para os serviços de medicina nuclear e para a proteção radiológica de trabalhadores em todo o país. Os procedimentos em medicina nuclear correspondem a dois milhões por ano. Um dos maiores produtores de radiofármacos no Brasil, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/CNEN), distribui seus produtos (o iodo-131 e diversos outros) para mais de 430 clínicas em todo o país.
Para o desenvolvimento da pesquisa foi assinado um Termo de Cooperação Técnica entre o IRD/CNEN e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RJ). Os protótipos obtidos mostraram a viabilidade de uma impressão final do simulador feminino em escala real que pode ser encaixado no simulador de pescoço de polietileno produzido na oficina mecânica do IRD, para compor o conjunto do simulador de tireoide-pescoço.