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Pesquisas do IRD contribuem para elevar segurança no uso da tomografia em pacientes com Covid-19
Pesquisas IRD contribuem para maior segurança e melhor indicação da tomografia computadorizada de tórax. Arte Ascom/IRD sobre foto Pexels
Pesquisas desenvolvidas pela Divisão de Física Médica (DIFME) do IRD têm como objetivo estimar doses de radiação recebidas, a qualidade da imagem obtida e melhor indicação da tomografia computadorizada de tórax, o que contribui para maior segurança do paciente. O exame é considerado padrão-ouro para auxiliar o diagnóstico, detecção de complicações, como embolismo pulmonar, prognóstico da doença, além de seguimento pós-Covid-19.
Um estudo coordenado realizado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) reunindo 54 centros de saúde em 28 países, com a participação da pesquisadora Simone Kodlulovich Renha da DIFME/IRD , evidenciou grande variação dos protocolos de varredura adotados nos centros participantes e, como consequência, variações das doses recebidas pelos pacientes, indicando um alto potencial de redução de dose sem que a qualidade da imagem seja comprometida. A otimização é fundamental, em especial considerando que um paciente pode ser submetido a uma ou mais tomografias durante seu tratamento.
Com o aumento de solicitações de tomografias de tórax, de repetição de exames para acompanhamento de pacientes, bem como o crescente número de infectados com Covid-19 em todo o mundo, é preciso otimizar os procedimentos, de forma a buscar a redução do risco decorrente da exposição à radiação. Deve-se adotar um protocolo otimizado, mesmo no cenário de eventos pandêmicos, apontam os pesquisadores. Protocolos de baixas doses de radiação, por exemplo, podem ser adotados para detectar lesões de Covid-19 em especial para pacientes pediátricos, jovens e grávidas. A repetição do exame deve ser bem justificada para evitar exames desnecessários. Como a justificativa de cada exame de imagem e os protocolos podem ser muito diferentes nos diversos serviços, a Organização Mundial de Saúde publicou uma guia de orientação detalhada com relação aos exames mais adequados em cada estágio da doença e as condutas a serem adotadas para diferentes cenários
As tomografias são realizadas, por exemplo, em pacientes com suspeita clínica de pneumonia por Covid-19, como um método padrão para tomar decisões sobre hospitalização ou alta. Em novos estudos do IRD serão avaliadas as doses efetivas e as doses absorvidas em órgãos de pacientes, com suspeita ou confirmação da doença, incluindo pacientes pediátricos submetidos a exames de tomografia. Também será avaliado o impacto das doses absorvidas no coração e no sistema circulatório na Angiografia Coronariana por Tomografia Computadorizada (CCTA, exame realizado em pacientes com Covid que implica em doses de radiação maiores).
O vírus SARS-CoV-2 não só causa pneumonia viral, mas tem implicações importantes para o sistema cardiovascular. Pacientes com fatores de risco cardiovascular, do sexo masculino, com idade avançada, diabetes, hipertensão e obesidade, bem como pacientes com doença cardiovascular e cerebrovascular estabelecida foram identificados como populações particularmente vulneráveis, com morbidade e mortalidade aumentadas quando acometidos por Covid-19.
O IRD contribuiu, ainda, com publicação que abordou o cenário da pandemia na América Latina e Caribe e o papel do físico médico. Juntamente com Carmen Sandra Guzman Calcina (Peru) e Patricia Mora Rodríguez (Costa Rica), Simone é autora de um dos capítulos do livro “Medical Physics during the Covid-19 pandemics”.
Além de destacar medidas adotadas na região latino-americana e o impacto na formação e na atuação dos físicos médicos no período, foi demonstrada a importância da adoção de diversos cuidados para atenuar o impacto da Covid-19 no combate ao câncer. O câncer representa a segunda causa de morte na população latino-americana, e o combate à doença tem sido um desafio para os sistemas de saúde locais. Como conclusão, os estudos demonstraram a necessidade urgente de se fortalecer os serviços de saúde, com medidas de infraestrutura, pessoal médico e de apoio, fornecimento de medicamentos e equipamentos especializados, estratégias de comunicação, compromisso social, entre outras.